Antílope extinto: Nem tudo era azul
Apesar do seu nome, não há evidências de que o antílope-azul tivesse pêlos dessa cor. É uma dúvida que jamais deverá ser esclarecida
Leandro Steiw
Desaparecido em 1799, o antílope-azul foi o primeiro grande mamífero africano extinto nos últimos 2 000 anos. Há cerca de 10 000 anos, era um bicho comum em todo o sul da África, principalmente na região próxima à atual Cidade do Cabo, conforme mostram os numerosos ossos e fósseis desenterrados pelos pesquisadores. É difícil afirmar por que a espécie foi sumindo do planeta. Duas hipóteses se complementam: a vegetação rasteira, principal comida do antílope-azul, mudou quando o clima aqueceu e, quase na mesma época, o homem levou outros animais, como a ovelha, para o mesmo habitat. A única coisa certa é que a morte dos últimos antílopes-azuis foi acelerada pela caça indiscriminada.
A cara do antílope-azul é conhecida apenas pelo estudo das peles guardadas em museus de história natural na Europa. A descrição mais apurada foi realizada pela zoóloga alemã Erna Mohr, em 1967. Pelo que sobrou desse mamífero, conclui-se que ele tinha de 102 a 116 centímetros de envergadura e pesava cerca de 160 quilos quando adulto. O mais engraçado é que Erna não encontrou vestígios de pêlos azuis em nenhuma das peles catalogadas, segundo a descrição dos primeiros colonizadores europeus que viram o bicho na Cidade do Cabo, nos séculos 17 e 18. A cor azul pode ter sido um golpe de vista, causado pela aparência da pele escura através do pêlo ralo de animais mais velhos. Mas, como o nome já havia se popularizado, seguiu a mística do antílope-azul.
Consta que vivia em grupos com mais de 20 indivíduos e era herbívoro. Vivia em regiões com bastante água, o que sugere que precisava beber regularmente. Para se defender, usava os dois grandes chifres curvados para trás, cujo golpe poderia ser fatal. Porém, não tão mortal quanto as armas de fogo dos colecionadores de peles, que condenaram o antílope-azul exclusivamente ao desenho que você vê ao lado.
Antílope-azul
Nome científico: Hippotragus leucophaeus
Ano da extinção: 1799
Habitat: África do Sul