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Desertos Norte-Americanos

Altos e baixos num cenário contrastante

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 19h04 - Publicado em 30 set 2004, 22h00

Vales escaldantes e secos com temperaturas que podem chegar aos 50° C no verão ao lado de montanhas que têm seus picos cobertos de neve no inverno. Campos de flores selvagens que colorem desertos costeiros de paisagens desoladas cheios de imponentes cactos em suas mais variadas formas. Os desertos norte-americanos escondem um universo de contrastes e cenários improváveis.

São quatro os grandes desertos situados no largo corredor de ecossistemas áridos que vai (norte e sul) do sudeste de Washington, nos Estados Unidos, até o estado de Hidalgo, no platô do México Central, e (leste e oeste) do centro do Texas até a costa do Pacífico, na península da Baja Califórnia: o da Grande Bacia, o Mojave, o Sonoran e o Chihuahuan.

Três desses são considerados “quentes”: o Chihuahuan, o Sonoran e o Mojave, com altas temperaturas por todo o verão. O da Grande Bacia é o único “deserto frio” entre eles. O deserto de Chihuahuan é o maior de todos e também uma boa amostra das disparidades da região. Ainda que quase 90% do Chihuahuan tenham uma altitude relativamente baixa, uma das mais interessantes paisagens da região são as cadeias de montanhas, usualmente com mais de 1 800 metros de altura, separadas por grandes vales.

A topografia bacia-cadeia de montanhas é uma das razões para a alta diversidade de espécies, nem sempre comum numa região tão árida: os locais mais altos viram ilhas que abrigam organismos de temperaturas mais frias, e os mais baixos contêm organismos que se adaptam melhor no calor. Nos topos das montanhas prevalece a floresta conífera, muito diferente da vegetação seca que as cerca. A variação de temperatura, como não poderia deixar de ser, é impressionante: vai de recordes positivos de 50° C e negativos de -15° C.

Na vegetação seca, os cactos sobressaem-se, não apenas pela beleza, mas por seu endemismo e sua raridade também. Chiahuahuan é considerado o epicentro da diversidade de cactos e a mais rica região da Terra nesse grupo de plantas: são 318 espécies (21,2% das espécies do mundo, 70% das quais endêmicas). Ao longo do solo árido, duas das 318 espécies de cacto do deserto de Chihuahuan destacam-se por estarem bem representadas em diversas áreas.

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O tipo de cacto conhecido pelos mexicanos como bisnaga gigante tem os espinhos amarelos e é usado como alimento para gados. E outro, bastante comum, é popularmente chamado de “tubo de fogo” devido aos brilhantes espinhos vermelhos de forma tubular. Pode alcançar até 3 metros de altura e 50 centímetros de diâmetro – é um verdadeiro sobrevivente do deserto, pois necessita de pouca água e suporta de calores intensos a geadas.

O deserto de Sonoran é considerado o mais quente dos quatro, e o que mais recebe chuvas, principalmente nas épocas de ação do El Niño, fenômeno natural de correntes que aquecem o mar. Durante esses períodos, a área desértica renova-se e prepara-se mais uma vez para enfrentar décadas de chuvas fracas e esparsas. Por isso, os animais dessa região são tão fortes: lobos, pumas, cachorros da pradaria, águias e cascavéis.

Perto da fronteira entre os desertos de Mojave e da Grande Bacia está o ponto mais baixo do Hemisfério Norte, a 282 pés abaixo do nível do mar: o vale da Morte (no Mojave). É o lugar mais seco dos Estados Unidos, onde foi registrada a mais alta temperatura (57° C!) da história do país. Não é nada raro o calor ultrapassar a marca dos 40° C.

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A causa do nome soturno é pela inacessibilidade do local porque a paisagem não é nada soturna: os arredores do vale abrigam dunas douradas e cânions avermelhados que dão o contraste ideal para um pôr-do-sol entre os mais belos do mundo – principalmente na primavera, quando a paisagem fica repleta de flores selvagens.

Um dos principais parques nacionais da Grande Bacia é o Platô do Colorado. Lá também concentram-se relevos complexos, de altos e baixos separando locais frios e quentes. O território é côncavo, repleto de precipícios e a sensação é de estar sempre escondido.

O deserto do Sonoran é o local onde as culturas nativas sobreviveram em maior escala. Ao menos sete grupos mantêm suas identidades e três deles – os pápago, os sand pápago e os seri – sobreviveram totalmente dentro das fronteiras do deserto de Sonoran e suas dificuldades. Traços selvagens que, se depender da geografia de isolamentos, continuarão protegidos, embora não necessariamente vivendo em boas condições.

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Área total – 1 416 134 km²

Área intacta – 75%

Área protegida – 23%

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Conservação e ameaça

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Os desertos norte-americanos enfrentam atualmente uma série de crescentes ameaças ambientais como a industrialização, a extração de minérios, a expansão dos limites das terras agrícolas, a introdução de espécies forasteiras por visitantes e pesquisadores, o crescimento populacional e o incremento do turismo (especialmente na costa do México). Todas essas ações levam à degradação da área e à perda de hábitat para a vida selvagem dos desertos e suas delicadas conexões. Apesar da região estar bastante intacta, as mudanças para pior têm sido rápidas. Mas felizmente também tem aumentado o interesse das pessoas em conservar esses biomas. Um exemplo de grande área entre as mais protegidas é o Platô do Colorado. Lá, 53% das terras estão sob proteção. No deserto do Mojave, 34% do território está protegido. Em Mojave, contudo, há uma contradição que merece ser analisada: a presença de seis grandes bases militares que lá estão instaladas. Ao mesmo tempo em que afetam a vida selvagem local com suas atividades, têm importante papel na conservação, limitando o acesso ao local e ajudando em pesquisas e descobertas.

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