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E se não existisse esgoto?

Seríamos criaturas sujas e pestilentas, vivendo menos, trabalhando menos... E até com uma Internet menos rápida

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 19h06 - Publicado em 26 set 2013, 22h00

Nathan Fernandes

O mundo cheiraria a Londres do século 19, já que a principal cidade do planeta na época não tinha rede de coleta de esgoto. Os londrinos jogavam seus dejetos nas valas das ruas que serviam para escoar água da chuva. Tudo ia parar no rio Tâmisa, que, no verão de 1858, ganhou o apelido “Big Stink” (“grande fedor”, em inglês). A situação ficou impraticável, até que o engenheiro urbano Joseph Bazalgette entrou em cena. Ele desenvolveu uma rede pensando no futuro. Em vez de canos finos sob regiões pouco povoadas e grossos em áreas densas, Bazalgette pensou no crescimento da cidade e concebeu uma rede com canos largos em todo o subterrâneo londrino. Enquanto isso, no Brasil, escravos jogavam tonéis com dejetos pelas ruas sem a menor preocupação. E até hoje a situação é triste. Segundo o IBGE, só 54,9% dos domicílios brasileiros têm sistema de coleta de esgoto, o que pode ser fatal. De acordo com a OMS, 88% das mortes por diarreia no mundo são causadas por sistema impróprio. Ou seja, em um mundo sem esgoto, diarreia, hepatite A, febre amarela e malária reinariam. E quem fica doente não trabalha. Um estudo do Instituto Trata Brasil com a Fundação Getúlio Vargas revelou que, em 2009, 217 mil brasileiros se afastaram do trabalho devido a problemas gastrointestinais ligados à falta de saneamento. Isso significa toda uma Divinópolis (MG) de molho em casa com dor de barriga.

Na teoria, mesmo onde há saneamento não deveria existir o esgoto fedorento que polui. O que acontece é que ligações clandestinas se conectam ao sistema de coleta de água de chuva e, assim, canos que deveriam levar só o aguaceiro de temporal aos rios acabam carregando esgoto não tratado. Assim temos o Tietê de hoje, igual ao Tâmisa do século 19.

O sistema de esgoto londrino inspira até hoje. Em 2011, o então secretário de cultura da cidade inglesa, Jeremy Hunt, disse que o país só teria uma internet super-rápida se seguisse o exemplo de sua rede de esgoto. Bazalgette pensou no futuro e previu o aumento de fluxo de dejetos. O fluxo de dados online também só vai crescer, mas, para isso, a internet precisa de uma rede que dê conta do recado. É pensando nesse futuro que gigantes da internet estão investindo mais em data centers, e usando o sistema de esgoto a seu favor. Desde 2012, a meta do centro de dados do Google na Geórgia, Estados Unidos, é que 100% da água de resfriamento de suas máquinas seja de reuso. Ou seja, o sistema de esgoto resfria os data centers. Facebook e Microsoft também estão tomando medidas parecidas. E o esgoto, quem diria, está ajudando a fazer uma internet melhor. Na falta dele, poluiríamos mais ao ver online um filme das Tartarugas Ninjas – que, aliás, sem esgoto não teriam nem casa para pedir aquela pizza.

Realidômetro – 4

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Só uma avassaladora guerra destruiria todos os sistemas de esgoto, regredindo a humanidade em alguns séculos.

TRATAMENTO DE ESGOTO

Quem tem menos e mais acesso no Brasil

Rondônia – 2,9%

Piauí – 4%

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Amapá – 4,7%

Minas Gerais – 76%

Dist. Federal – 87,1%

São Paulo – 90%

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Fontes Édison Carlos, presidente do Instituto Terra Brasil; Eduardo Lucas Subtil, oceanógrafo e doutor pelo Departamento de Engenharia Ambiental da Escola Politécnica da USP; Gisela de Aragão Umbuzeiro, professora da Faculdade de Tecnologia da Unicamp; livro História da Vida Privada no Brasil I, vários autores; Leandro Giatti, professor do Departamento de Saúde Ambiental da USP; Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) 2011.

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