E toda a natureza foi para o brejo
As inundações periódicas do rio Guaporé criam pântanos e baías de água doce repletas de animais, plantas e flores.
Boa parte do território da Biológica é uma planície, que se estende ao logo da bacia do Rio Guaporé, em tudo semelhante ao pantanal mato-grossense. É lá que se desenvolve a única pesquisa dentro da reserva. Desde 1976, o Projeto de Proteção e Manejo de Quelônios, dirigido pela Secretaria Estadual de Agricultura de Rondônia e pelo IBAMA (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente), recolhe os filhotes da tartaruga da Amazônia, conhecia como tracajá. Na estação da seca (de agosto a outubro), acontece a desova nas praias. Os filhotinhos demoram 45 dias para nascer. Todo ano, milhares de tartaruguinhas recém-nascidas são transportadas para berçários, na cidade de Costa Marques, 80 quilômetros a oeste da reserva. Depois de alimentadas, são devolvidas ao rio. Na época das chuvas (de dezembro a julho), as partes mais baixas do Guaporé ficam quase permanentemente alagadas e apresentam grande variedade de vegetais hidrófitos (que vivem na água). Nos meses de estiagem surgem trechos secos, de vegetação rasteira e palmeirais de miriti, buriti, Envira e imbaúba. Na cheia, a água sobe até 15 metros e entra 40 quilômetros terra adentro, estendendo o habitat dos jacarés, antas, capivaras, ariranhas e do raro cervo do pantanal (Blastocerus Dichotomus). Então, centenas de lagos e baías de água doce se instalam á beira do Rio Guaporé. As flores dos aguapés cobrem a superfície da água, escondendo as piranhas entre suas raízes. Nas praias, bando de ariranhas e capivaras fogem dos predadores. É possível ver os botos cor-de-rosa nadando quando vêm respirar à superfície.
Peixes como o pacu, que se alimenta de frutos, o tucunaré, o dourado, o tambaqui e a Piratininga habitam as águas da reserva, E nadam tranquilos: as praias recém-formadas são bandos barulhentos de aves pernaltas, como colhereiros, garças e maguaris.