Espécie em extinção: O pequeno saltador
Ele vivia no deserto australiano quase sem água, era ligeiro, pulava com um inusitado movimento de patas e - dizem - tinha um inusitado jogo de pernas
Leandro Steiw
O canguru-rato-do-deserto tinha uma particularidade: depois de um salto, ele sempre parava com a pata direita à frente da esquerda. Os cientistas não sabem explicar por que o mamífero do sul da Austrália tinha esse inusitado jogo de pernas. E provavelmente jamais vão conseguir explicar, pois o Caloprymnus campestris foi visto pela última vez em 1935.
Grande parte da responsabilidade pelo desaparecimento do rato-do-deserto cabe ao homem. A caça, a destruição do habitat e a introdução de predadores condenaram o futuro desse canguru. Primeiro, foram os aborígines australianos, que matavam o animal para comer. Depois, os colonizadores ingleses levaram para a região o gato, a raposa (ambos se tornaram novos predadores) e o coelho (um competidor pelos mesmos alimentos). Para piorar, a vegetação nativa foi gradativamente substituída por pastagens para o gado. Empurrado para espaços cada vez menores, o rato-do-deserto não resistiu. E o bicho não era fraco. Como habitante do deserto, ele conseguia sobreviver sem água, alimentando-se somente de plantas verdes.
Esse canguru tinha uma altura média de 27 centímetros e um rabo que atingia quase 40 centímetros. Uma característica interessante era a diferença entre o tamanho das patas. As dianteiras eram delicadas, com ossos pesando apenas 1 grama, enquanto as traseiras eram grandes e fortes, com ossos de 12 gramas. Isso porque o rato-do-deserto saltava exclusivamente com as patas de trás. Esses membros possantes ficaram registrados no seu nome científico, Caloprymnus – que em latim significa “belo traseiro”.
Canguru-rato-do-deserto
Nome científico: Caloprymnus campestris
Ano da extinção: 1935
Habitat: Austrália