Espécie extinta: A pequena fera
Miúdo, o tigre-de-báli era um ágil caçador. Mas não resistiu à aproximação do homem e foi o primeiro de sua subespécie a sumir do mapa
Leandro Steiw
Cem quilos era o peso máximo que atingia um macho de Panthera tigris balica, ou tigre-de-báli, considerado extinto desde 1937, quando o último exemplar foi abatido em Sumbar Kima, no oeste de Báli. Menor das oito subespécies do Panthera tigris, com tamanho parecido ao do leopardo, esse animal se diferenciava dos parentes mais próximos também pelos formatos do crânio, do osso do focinho e da arcada dentária. A pelagem, curta e densa, se assemelhava à do tigre-de-java, subespécie também extinta, com listras mais densas. Essa semelhança encontra explicação na Era Glacial, ocorrida entre 20 000 e 12 000 anos atrás, quando as ilhas de Báli e Java, na Indonésia, ainda não haviam sido separadas.
A aproximação do homem e o avanço da agricultura mudaram as características do habitat do felino. No início do século 20, era possível que o bicho vivesse apenas nas áreas mais montanhosas e no oeste da ilha, onde a população humana estava mais espalhada. Entre as duas grandes guerras mundiais, os europeus que moravam em Java desembarcavam em Báli para caçar o tigre, até o dizimarem por completo. Aliás, essa subespécie foi a primeira das oito a se extinguir. Depois dela, duas outras – os tigres-do-cáspio e os tigres-de-java – também desapareceram do planeta, e as demais estão todas ameaçadas.
Se um tigre-de-báli macho não passava de 100 quilos, as fêmeas eram ainda menores – pesavam entre 65 e 80 quilos. E eram carnívoros e se alimentavam de mamíferos robustos. Por serem capazes de comer até 18 quilos de carne em uma única refeição, perseguiam animais pequenos apenas quando estavam velhos ou machucados, já que os hábitos solitários dos tigres não permitiam que eles vivessem em bandos. Portanto, tinham de se virar para conseguir comida sozinhos.
Os cientistas não tiveram tempo suficiente para avaliar o Panthera tigris balica antes da extinção. Mas, por se tratar de uma subespécie, ele tinha muito em comum com outros tigres, como o gosto pela água. Atrair a presa para as margens de um riacho ou lago e persegui-la cada vez mais para o fundo era uma das formas mais eficientes de caçar. As unhas, retráteis e importantes para os ataques, jamais perdiam o fio, mesmo que o animal caminhasse por solos rochosos, úmidos, gramados ou lamacentos. Capazes de se camuflar e com um andar leve e silencioso, esses felinos só partiam para cima da vítima quando já estavam muito próximos. Geralmente, um tigre não invadia o território de outro do mesmo sexo, mas os domínios de um macho se estendiam sobre os de várias fêmeas. Assim, ele formava um harém, que contava com a sua proteção. Como as outras subespécies, o tigre-de-báli podia matar os recém-nascidos se o instinto indicasse que não eram seus filhotes. Dessa forma, logo a fêmea entraria num novo período de cio. Passado um ano e meio, o filhote que conseguisse sobreviver já era considerado maduro, mas só se afastava da mãe seis meses depois.
Tigre-de-bÁli
Nome científico: Panthera tigris balica
Ano da extinção: 1937
Habitat: Ilha de Báli