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Espécie extinta: Não sobrou um pombo

O passenger pigeon foi vítima de uma das maiores matanças de animais da história. Sua extinção estimulou as primeiras leis de proteção à fauna

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 19h05 - Publicado em 31 out 2004, 22h00

Carla Aranha

O passenger pigeon (“pombo-viajante”), nativo dos Estados Unidos, já foi considerado a ave mais abundante na Terra. Algumas estimativas dão conta de que, quando os colonizadores europeus chegaram ao Novo Mundo, havia em torno de 5 bilhões desses pombos na América do Norte – quase o mesmo número de todos os pássaros que se calcula existir hoje nos Estados Unidos.

Com apenas 20 centímetros de comprimento, o pombo vivia em enormes colônias, formadas por até 2 milhões de indivíduos. Na época da migração, antes do início do inverno, eles saíam da região de Ontário e dos Grandes Lagos, no Canadá e norte dos Estados Unidos, e voavam em direção ao sul, para os Estados americanos do Texas, Louisiana, Alabama, Geórgia e Flórida, onde passavam os meses mais frios do ano. Migrando sempre em numerosos bandos, os pombos chegavam a obstruir a passagem da luz do sol, formando uma barreira natural, no céu, de quase 300 quilômetros de extensão. Ao chegar aos locais onde passariam o inverno, empoleiravam-se em árvores, ocupando áreas de até 850 quilômetros quadrados.

A estratégia de vida em grupo garantiu a sobrevivência do passenger pigeon por séculos. Mesmo que as aves fossem atacadas por raposas e lobos, seus predadores naturais, isso não chegava a ser significativo para o grupo. Os pombos dispunham de farta alimentação. Seu habitat eram as florestas, ricas em sementes, castanhas e frutas. Quando as matas começaram a ser derrubadas, no início do século 19, a vida ficou mais difícil para o pombo. Mas o que decretou o seu fim foi mesmo a caça indiscriminada. Como os pombos viviam em colônias enormes, era fácil matar centenas deles de uma só vez. Os caçadores vendiam os pássaros nas grandes cidades, como Nova York, por um preço acessível – 50 centavos de dólar a dúzia –, e muita gente passou a servir o pombo no almoço e no jantar. Com tanta matança, a situação logo ficou dramática. Por volta de 1880, já não se viam mais as imensas colônias. Como a fêmea só colocava um ovo por vez, era quase impossível repor o número de pombos necessário para que a ave não desaparecesse. Acostumados a conviver com milhares de companheiros, alguns dos últimos remanescentes do passenger pigeon acabaram morrendo de solidão.

Consta que, em um único dia de 1887, caçadores mataram 50 000 pombos de uma colônia que descansava no Michigan. A chacina comoveu as autoridades americanas, que resolveram criar a primeira lei limitando a caça de uma espécie animal. A restrição seria estendida depois a outras espécies de aves e mamíferos. Foi a primeira vez na história que um país decidiu preservar efetivamente seus animais. Mas a medida chegou tarde demais para o passenger pigeon. Em poucos anos, a ave foi extinta. O último exemplar conhecido, chamado Martha, morreu no Zoológico de Cincinnati, em Ohio, no dia 10 de setembro de 1914. Empalhado, o pombo pode ser observado no Instituto Smithsonian, em Washington. Suas penas coloridas chamam a atenção de quem observa a redoma que guarda o pássaro que já foi a espécie mais popular do mundo.

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Passenger Pigeon

Nome científico: Ectopistes migratorius

Ano da extinção: 1914

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Habitat: Estados Unidos e Canadá

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