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Feras sob controle

Um projeto pioneiro da Embrapa busca remanejar os grandes vilões da biodiversidade da Reserva Biológica do Guaporé, em Rondônia: os búfalos selvagens

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 19h03 - Publicado em 30 jun 2003, 22h00

Luís Indriunas, da Reserva Biológica do Guaporé, RO

Andar por dentro da Floresta Amazônica não é fácil. Tanto os cipós quanto a vegetação baixa dificultam a passagem de qualquer aventureiro. Mas é impossível não se fascinar com a exuberância de árvores gigantes como a samaumeira, que precisa de pelo menos quatro adultos para ser abraçada. Essas características típicas da Amazônia, no entanto, não estão presentes em parte da Reserva Biológica (Rebio) do Guaporé, em Rondônia, na fronteira com a Bolívia, uma área encravada na floresta. Há trechos da Rebio onde não existe vegetação rasteira e as árvores de pequeno porte têm os troncos sempre quebrados.

Os grandes vilões da natureza, acredite se quiser, são os búfalos selvagens, que andam livremente durante o dia pelos campos de aguapés e passam a noite na mata. A superpopulação desses animais está prejudicando o ecossistema local. “É só andar por aí para ver o estrago”, afirma o vaqueiro Isauro Lopes Gomes, grande conhecedor da área. Descendente de negros escravos, Isauro nasceu às margens do Guaporé e nunca saiu de lá. “Há ainda outros impactos não mensurados, como a expulsão de pássaros que não têm mais onde pousar”, diz Ricardo Gomes de Araújo Pereira, pesquisador da Embrapa e idealizador do projeto que pretende dar uma solução para o problema.

Iniciada em 2002, a pesquisa conta com cerca de 15 profissionais e visa fazer um diagnóstico exato do que ocorre nos 600 mil hectares de reserva biológica. Mostras do solo, das fezes dos animais, de árvores e plantas foram coletadas para análise e confirmaram o estrago deixado pelos bichos. Ainda este ano, haverá um sobrevôo na área para saber exatamente quantos búfalos vivem ali. Ricardo estima que a população varie entre 5 mil e 15 mil animais. “Com a contagem e os resultados das análises poderemos preparar um plano, junto com a sociedade local, de retirada e aproveitamento desses animais”, diz ele. “Vamos começar pelos novilhos, que têm mais possibilidade de serem amansados.”

A tarefa não é fácil. Soltos na mata, os búfalos tornaram-se selvagens e arredios. Esses animais chegaram a Rondônia na década de 50, quando a área ainda era um território e não um estado. Os governantes decidiram buscar os bichos na Ilha do Marajó para distribuí-los aos produtores locais. Cerca de 60 búfalos foram levados à fazenda Pau D’Óleo, uma área de aproximadamente 10 mil hectares, vizinha da Rebio. Mas a tal distribuição não se deu. Os animais foram abandonados e acabaram se proliferando livremente e de maneira incontrolável. O remanejamento deles, previsto no projeto, também evitará a matança desenfreada. Em 2001, um clube de caça, Safari Clube International, esteve na região atrás dos bichos e deixou, como marca, inúmeras carcaças. Os búfalos pedem trégua – e as outras espécies da Rebio também.

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