As algas venenosas, por si só, não são boas nem más. Elas moram em águas doces ou salgadas, em toda parte e normalmente não prejudicam a qualidade dos mananciais. O perigo vem com o desleixo – quando se despeja em lagoas ou represas, sem nenhum cuidado, qualquer tipo de lixo, especialmente esgotos e resíduos agrícolas. A água, então, se enche de nitrogênio e fósforo, os pratos prediletos das algas tóxicas e elas se reproduzem até tomar conta do hábitat. É o que está acontecendo nas represas de São Paulo “Das 80 espécies que registramos, 20 são potencialmente tóxicas,e três, muito comuns, são mortais”, disse à Super a pesquisadora Célia Leite Sant’Anna, do Instituto de Botânica, na capital paulista. As algas produzem neurotoxinas que atacam os músculos do pulmão, causando asfixia, e epatotoxinas, que necrosam o fígado. Não há, ainda, registro de mortes, mas o risco não pode ser desprezado. Compare, agora, com a Itália, onde as algas tóxicas já foram um problema na bela laguna que separa Veneza do Mar Adriático.
Os italianos não só controlaram a praga como tiram proveito dela. Nas sacolas de compras da grife francesa Occitane, por exemplo, o papel é feito de massa de algas, em lugar da polpa de madeira tradicional. Isso, sim, é um atestado de competência ecológica.
Intoxicação das águas
Primeiro levantamento feito nas represas paulistas mostra que estão infestadas de algas
Há, no Estado, 80 espécies de algas. Nas represas assinaladas com círculos moram as mais venenosas