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Negócio arriscado

Por Denis Russo Burgierman
Atualizado em 31 out 2016, 19h03 - Publicado em 30 nov 2015, 17h15

Esse nosso negócio de publicar ideias – sejam elas impressas em papel ou traduzidas em bytes – é muito arriscado. Afinal, não tem jeito de eu saber, enquanto escrevo por aqui, como é que nossas ideias vão soar para você aí. Pode ser que você se ofenda. Pode ser que algo que dissemos com a melhor das intenções bata em seus ouvidos como uma provocação. Pode ser que alguma ideia nossa se perca num labirinto de mal-entendidos e acabe resultando em tragédia.

Para dar um exemplo mais concreto: alguns muçulmanos acreditam que representar a imagem do profeta Maomé é não apenas um sacrilégio para um fiel da religião mas também uma ofensa grave mesmo quando cometida pelo seguidor de qualquer outra religião. Embora o Alcorão não diga palavra sobre o tema, nos últimos anos, com a radicalização do choque de civilizações entre o Islã e o ”Ocidente”, muita gente foi condenada à morte pelo simples ”crime” de desenhar Maomé. Isso posto, talvez seja imprudente da nossa parte imprimir na capa desta edição uma representação visual de Maomé – ainda que ele apareça sem rosto.

E aí? Como faz? Como a gente contorna esse risco?

Aqui, na SUPER, a gente acredita que não tem jeito de garantir que ninguém vá se ofender com algo que publicamos. Assumimos plena responsabilidade pelo que escrevemos, mas não tem como se responsabilizar pelo que os outros entendem daquilo que escrevemos. Seria impossível tomar decisões se ficássemos tendo que responder a mil perguntas antes: ”Será que alguém vai se magoar?”, ”Será que vão entender?”, ”Será que estamos contrariando algum interesse?”, ”Será que vão nos atacar/nos processar/nos prender/cancelar a assinatura?”. Diante dessa impossibilidade prática, a gente procura seguir apenas uma única regra, bem simples. Buscamos responder a uma só pergunta: ”Será que esse tema é do interesse do público?” Se a resposta for sim, vale a pena correr certos riscos – afinal, é essa a nossa missão.

Esta edição foi concluída sob o luto do massacre em Paris dos colegas de profissão do Charlie Hebdo. Achamos que, em meio à histeria diante desse ataque covarde à expressão, algumas coisas deixaram de ser ditas. Supomos que nosso público gostaria de saber que homem foi esse em nome do qual uma barbaridade dessas foi cometida – por mais que talvez alguns se chateassem por tratarmos Maomé como um homem. Pensamos também que era um bom momento para mostrar que a intolerância não está limitada a nenhum grupo político ou religioso – por mais que possa soar irritante para alguns lembrar que atrocidades contra a liberdade de expressão não são uma exclusividade islâmica. Lamentamos se alguém se ofender com alguma dessas decisões editoriais. Mas não tínhamos como não fazer nosso trabalho. 

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