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John Locke: “Onde não há lei, não há liberdade”

Ele propôs o conceito de "tabula rasa": o homem nasce como uma folha em branco, sem qualquer ideia inata, e seu caráter é definido apenas pelas experiências

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 4 set 2019, 14h06 - Publicado em 23 out 2015, 17h14

“Onde não há lei, não há liberdade”, John Locke

Graças a uma infecção de fígado, o Ocidente ganhou um dos seus maiores filósofos políticos. Não no fígado dele mesmo, que fique claro: Locke era médico por formação e boa parte do que escreveu surgiu em conversas com um dos seus pacientes mais ilustres. Em 1666, Anthony Cooper, sofrendo de dores constantes, buscou ajuda em Oxford, onde se impressionou com o tratamento de Locke e o convenceu a se tornar seu médico particular. Ocorre que Cooper também era o Conde de Shaftesbury, um dos fundadores do Partido Whig, de tendência liberal, que buscava reduzir o poder da nobreza na Inglaterra.

As ideias do paciente só aprofundaram um gosto que Locke trazia do passado: o de refletir sobre o homem e a sociedade. Desde a escola, tinha demonstrado interesse em estudar os filósofos do seu tempo, preferindo Descartes aos gregos clássicos, e decidiu cada vez mais se aproximar da filosofia. Apesar de apreciar o pensamento cartesiano, Locke se tornaria um dos maiores símbolos da corrente oposta ao racionalismo descrito pelo francês. O pensador britânico foi um notável advogado do empirismo, criando a teoria da “tábula rasa”: o homem nasce como uma folha em branco, sem qualquer ideia inata, e seu conhecimento é definido apenas pelas experiências obtidas por meio dos sentidos. Mas foram seus escritos políticos os que tiveram maior aplicação prática. Seguindo o pensamento de Hobbes, ele apoiou o conceito de que havia um “contrato social” na base de cada Estado. Assim, o poder de um homem não podia derivar de Deus, como apregoavam os reis da época. Locke, porém, discordava de Hobbes quanto à necessidade de um líder absolutista para manter esse pacto social, acreditando que os poderes deveriam ser separados e limitados. Para ele, o Estado tinha a missão de proteger direitos fundamentais do homem, como a vida, a propriedade e a liberdade. A autoridade do governo deveria ser conferida por seus governados, que teriam o direito de modificar seus representantes e até mesmo de derrubá-los caso seus direitos estivessem sendo violados.

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