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Peixe está extinto desde 1965: O Elvis das águas

Há quem acredite que, como o Rei do Rock, o blue pike não morreu. Mas esse peixe provavelmente está sendo confundido com um sósia

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 19h04 - Publicado em 31 out 2004, 22h00

Maurício Oliveira

O blue pike é considerado o Elvis Presley dos peixes. Muita gente insiste que ele está vivo, embora as evidências digam o contrário. Assim como o intérprete de Love me tender é vez ou outra “visto” em cidadezinhas interioranas, o blue pike é eventualmente “reencontrado” pelos pescadores. Basta uma análise mais apurada, contudo, para perceber que se trata de uma espécie próxima (ou de um sósia, no caso do Rei do Rock). O blue pike legítimo não é visto desde 1965, quando o último espécime reconhecido por especialistas foi capturado. De lá para cá, virou obsessão entre pescadores amadores dos Estados Unidos e do Canadá reencontrar a espécie, que já foi abundante nos Grandes Lagos – especialmente no lago Erie, no território americano, e no Ontário, do lado canadense.

De carne saborosa, o peixe, que atingia 50 centímetros de comprimento e 1 quilo de peso, foi capturado sem piedade desde 1850. Com base em relatórios esporádicos sobre a pesca nos dois lagos, estima-se que entre 1882 e 1962 tenham sido retirados 450 milhões de quilos do peixe, que ao longo de todo esse período foi um dos pratos principais dos restaurantes das regiões próximas aos Grandes Lagos. Além do interesse comercial, havia a captura esportiva. Em 1955, um torneio reuniu em Erie, na Pensilvânia, 25 barcos, cada um com tripulação entre 20 e 60 homens, com a missão de capturar o maior número possível de blue pikes.

O desaparecimento da espécie foi tão rápido e inesperado que a ciência não teve tempo de se preparar. Em 1959, foram pescadas 36 toneladas do peixe. Em 1964, apenas cinco anos depois, a produção não passou de 90 quilos. Os pescadores e mesmo os biólogos acreditavam tratar-se apenas de uma entressafra, algo que ocorrera em outras ocasiões. Quando perceberam a gravidade da situação, era tarde demais.

Para a posteridade restaram apenas registros descritivos, além de desenhos e fotos amadoras. A existência de espécies muito semelhantes, sobretudo o blue walleye (Stizostedion vitreum vitreum), dá margem a confusões. Em 1999, a notícia de que um pescador amador chamado Jim Anthony havia guardado um blue pike em um freezer durante mais de três décadas animou os pesquisadores, que imaginavam a possibilidade de identificar o DNA da espécie e, assim, ter referências para procurar exemplares vivos. Tratava-se, no entanto, de um cruzamento de blue pike fêmea com macho de blue walleye, o que invalidou o uso do peixe congelado para o objetivo imaginado.

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Já se sabia que o blue pike havia se miscigenado com o walleye. Há inclusive cientistas que afirmam ser o blue pike apenas uma subespécie do walleye, com coloração diferente. Pode estar aí, em uma obra da própria natureza, a chave do desaparecimento da espécie. Mas os ambientalistas insistem na tese de que o blue pike sucumbiu à pesca desenfreada e à poluição das águas dos lagos em que vivia – já que foi justamente na década de 1960 que a população às margens do Erie e do Ontario multiplicou-se rapidamente.

Blue Pike

Nome científico: Stizostedion vitreum glaucum

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Ano da extinção: 1965

Habitat: Estados Unidos e Canadá

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