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Pokémon Go derruba as fronteiras entre a realidade e a ficção

O jogo que ressuscitou a realidade aumentada promete uma revolução equivalente àquela que o Atari protagonizou há 40 anos.

Por Alexandre Versignassi
Atualizado em 31 out 2016, 19h02 - Publicado em 14 jul 2016, 22h00

Parece idiota. É idiota. Mas vicia – logo, é bom. O Pokémon Go, para quem ainda não conhece, é um fenômeno tão avassalador quanto foi o Atari nos anos 70.

O que esse game fez foi dar uma utilidade real ao conceito de “realidade aumentada”- que é quando você “aumenta”a realidade adicionando elementos virtuais nela. Tipo: você aponta a câmera do celular para a Torre Eiffel e aparece uma seta na sua tela dizendo que, caramba, aquelas 10 mil toneladas de ferro que apontam para cima no meio de Paris são mesmo a Torre Eiffel. Você precisa de um aplicativo que faz isso? Eu também não – até porque o Waze e o Google Maps fazem praticamente o mesmo trabalho, sem firula, e ainda são úteis para outras coisas. Por essas, a realidade aumentada acabou diminuída entre os desenvolvedores de software. E parecia fadada ao museu de novidades onde jazem os carros voadores e as impressoras 3D. Isso até o glorioso dia 6 de julho de 2016, a data em que o Pokemon Go apareceu nas lojas do iOS e do Android.

Enquanto o app era baixado vorazmente, as ações da Nintendo, a dona dos direitos sobre o universo Pokémon, subiam. Ferozmente: alta de 53% logo de cara, coisa que você não vê todo dia (nem todo ano, nem toda década) nas bolsas.

A coisa é realidade aumentada em estado puro. Você baixa o app e, dali em diante, sempre que ligar a câmera em algum lugar terá a chance de ver um Pokémon aparecer no mundo real. Assim: 

Então você pega usa a tela do celular para atirar bolinhas no Pokémon. Atingido, o monstrinho fica “aprisionado” dentro do cel., e vai para o seu bolso (fazendo jus ao nome: “pokemón” é uma versão diminuída de “pocket monster”).

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Bom, o jogo é um mais complexo que isso. O fabricante do jogo espalha Pokémons pelo mundo, e eles ficam visíveis para todos os que tenham o aplicativo baixado. Ou seja: o jogo não acontece só dentro do seu celular. Ele é público.

No celular, você vêm um mapa da sua cidade que avisa onde estão os Pokémons, como se fosse um Waze mostrando onde tem blitz da PM. Se você mora no Rio, por exemplo, o mapa pode dizer que tem um Pokémon na Pedra do Arpoador. Aí você vai até o Arpoador, liga a câmera do celular, e começa vasculhar por ali até o monstro aparecer na sua tela. Então é só atirar as “pokebolas” nele e pronto: mais um bicho aprisionado para a sua coleção.

Só tem um problema: se alguém chegar antes de você ao Arpoador e pegar o Pokémon de lá, esquece. O monstrinho é do cara, ou da moça. Pokémons, afinal, são recursos limitados (foram criados pela Nintendo como recursos limitados).

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 Tão limitados que o jogo não chegou ao Brasil ainda. Não é simples colocar Pokémons em milhões de coordenadas geográficas e manter o controle sobre quem pegou cada pocket monstro aonde. Isso exige uma capacidade monstruosa de processamento. O jogo, então, só estrou em cinco países até agora: EUA, Austrália, Nova Zelândia, Alemanha e Reuno Unido.

Mas é questão de tempo até que o jogo tome conta do planeta, colocando Pokémons no topo do Everest, no Arpoador, em Itaquera no coreto do bobódromo de Santa Rita do Passa Quatro. E será ótimo.

Claro que essa brincadeira não vai durar para sempre. Jogos têm vida curta – ainda bem, se não o mundo retornaria à barbárie, já que ninguém mais trabalharia.

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Por outro lado, o que o Pokémon Go começou provavelmente seguirá com a gente até o dia em que o Sol explodir. Se há 40 anos o Atari mudou o mundo ao criar o próprio conceito de videogame, o que o jogo dos monstrinhos está fazendo agora não fica atrás. Ao colocar a realidade aumentada na vida de milhões de pessoas, o Pokémon Go abre as portas para um mundo novo. Admirável. Um mundo sem fronteiras entre a realidade e a ficção. 

 

 

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