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Quanto vale a floresta?

O cientista americano que diz que a Amazôniapresta um serviço ao mundo - e que deveria ser remunerada por isso (inclusive pelos EUA)

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 19h03 - Publicado em 30 jun 2004, 22h00

Marcos Santos, de Manaus (AM)

O mundo está esquentando, por causa do efeito estufa. E a razão do efeito estufa é o acúmulo na atmosfera de gases que não deixam o calor da Terra escapar para o espaço, especialmente gases de carbono. Cada árvore contém carbono que, se não estivesse lá, subiria à atmosfera e aqueceria o globo. Portanto, a própria existência de florestas ajuda a diminuir o problema. Se queimarmos a Amazônia, o mundo esquenta. O Brasil presta um serviço ao mundo quando mantém a floresta (o chamado seqüestro do carbono) – nada mais justo que fosse remunerado. E quem deveria pagar a nós são os países desenvolvidos, especialmente os Estados Unidos, maiores emissores de carbono, portanto os maiores culpados pelo aquecimento global.

Uma das principais vozes defendendo essa tese é de um americano. Philip Fearnside aportou em Manaus em 1978. Quando chegou, já tinha feito pesquisas na Índia, China, Indonésia, América Central, África. Mas foi pela nossa floresta que se apaixonou. Depois de passar 26 dos seus 57 anos estudando as interações entre a Amazônia e a atmosfera, Philip conhece o assunto como ninguém mais. É com essa autoridade que ele afirma: “Vender carbono seqüestrado dará mais dinheiro que exportar soja” (hoje, a troca da floresta pelas plantações de soja é a maior razão do desmatamento).

Boa parte do trabalho de Philip consiste em contabilizar os serviços prestados pela Amazônia. “Metade do peso seco de uma árvore é carbono”, diz ele. “Além disso, a floresta em pé retém dez vezes mais água que o pasto”, afirma. Essa água, lançada ao ar pelas folhas, forma nuvens que os ventos levam aos Andes – e os Andes as desviam para o sul. Assim, a floresta regula o clima de vários países. Quando esse sistema é afetado pelo desmatamento, a agricultura do Brasil sofre, o São Francisco perde vazão e a falta de chuvas seca os reservatórios de água do Sudeste. “Até 70% das chuvas no Sul e Sudeste dependem da Amazônia”, diz Philip. Que o mundo o ouça e jamais o deixe pregar no deserto.

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Como ajudar

Um jeito de ajudar a evitar o desmatamento amazônico é preocupar-se com a origem da madeira que você usa – o selo FSC é uma garantia de que florestas não foram destruídas. Acompanhe o trabalho de Philip no site agroeco.inpa.gov.br ou escreva para pmfearn@inpa.gov.br.

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