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Rã extinta: O estômago que chocava

A fêmea do gastric-brooding frog engolia seus ovos fertilizados e interrompia o processo digestivo enquanto os girinos se desenvolviam dentro do seu estômago

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 19h05 - Publicado em 31 out 2004, 22h00

Lilian Hirata

Clima tropical, rochas e águas rasas formavam o habitat perfeito para a Rheobatrachus silus, descoberta em 1973 e encontrada somente na Floresta Tropical Australiana, na Cordilheira de Blackall e no Parque Nacional de Conondale, no sudeste do Estado de Queensland. Conhecido pelo nome popular gastric-brooding frog (em português seria algo como “rã de incubação gástrica”), esse anfíbio tinha mais hábitos aquáticos do que terrestres. Como passava a maior parte do tempo dentro d’água e era um excelente nadador, suas patas traseiras eram palmadas, ou seja, possuíam membranas natatórias. Mas a rã gostava também de ficar nas fendas das rochas, escondendo-se da enguia, um de seus principais predadores.

A fêmea atingia a idade reprodutiva com cerca de dois anos. Ela botava em torno de 40 ovos e, depois de fertilizados pelo macho, engolia-os de volta. Os girinos se desenvolviam dentro do estômago da mãe por seis a sete semanas. Depois, eram expelidos, um a um, pela boca, completamente formados. Nasciam cerca de 25 rãzinhas. Os cientistas não sabem se a fêmea engolia todos os ovos e se alimentava de alguns deles ou se ela não engolia todos. De qualquer modo, era intrigante essa capacidade da fêmea de interromper a produção do suco digestivo enquanto os girinos estavam em seu organismo. Infelizmente, o segredo de como ela conseguia fazer isso desapareceu juntamente com a espécie, em 1981. Essa informação poderia ser útil, por exemplo, para pesquisas sobre tratamentos de gastrite e úlceras gástricas.

Há muitas teorias sobre as razões do desaparecimento das gastric-brooding frogs. O efeito estufa (elevação da temperatura na Terra em conseqüência do aumento da emissão de gases na atmosfera) é citado freqüentemente como uma das causas da extinção de vários anfíbios. Especula-se também que as rãs teriam sido dizimadas por um microrganismo, Phylum chytridiomycota. Outra hipótese plausível é a destruição do habitat pelo homem. Acredita-se que as três causas sejam interdependentes.

Gastric- Brooding Frog

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Nome científico: Rheobatrachus silus

Ano da extinção: 1981

Habitat: Queensland, Austrália

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