Acidentes acontecem, mas a paciência tem limite. O balanço que se faz do óleo derramado no dia 22 de julho pela Refinaria Presidente Vargas, da Petrobras, na cidade de Araucária, no Paraná, somado ao desastre ecológico causado pela empresa na Baía de Guanabara, em janeiro último, mostra que algo vai mal. Esqueça explicações complicadas – a equipe de segurança ambiental da estatal demonstrou, simplesmente, não ter consciência dos riscos nem ter sido treinada para enfrentá-los. Os dutos da refinaria eram vigiados por câmeras de TV que, segundo Délcio Rodrigues, diretor Greenpeace, eram monitorados apenas de 2 em 2 horas. “Tanto que a quantidade de óleo que escapou, 4 milhões de litros, é exatamente o volume que corre pelos tubos em 2 horas, tempo entre uma checagem e outra do encarregado.
“A Petrobras nega, dizendo que o monitoramento é permanente, contando, além da TV, com um sistema de alarme automático que dispara quando há vazamento. “Se houve erro, coube ao encarregado de vigiar as telas de TV. Quanto ao alarme, ou não tocou, por falha técnica, ou não foi ouvido”, diz Luís Carlos Cabral, assessor de imprensa da Presidência da Petrobras. A empresa reconhece, porém, que o óleo vazou durante 2 horas sem que fosse tomada uma providência capaz de impedir o desastre, ou pelo menos de reduzir o seu impacto. Além disso, as bóias atravessadas sobre o rio para conter a mancha não tinham como funcionar, porque a corrente no local – de 30 a 40 quilômetros por hora – empurra o óleo por cima do bloqueio, mais cedo ou mais tarde.
Os especialistas afirmam que essas bóias, em vez de barrar, deveriam ser usadas para desviar a sujeira para a margem. Aliás, essa foi a solução adotada pela empresa quando já era tarde demais. A Petrobras alega que conteve o óleo onde foi possível, a 44 quilômetros da refinaria. O que muitos consideram uma mancha grande demais. A empresa afirma que a limpeza da poluição e a recuperação do ambiente levarão pelo menos um ano – prazo que os ambientalistas acham que será de 48 meses.