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10 casos bizarros (e chocantes!) de crimes por dinheiro

A ganância leva muita gente a cometer crimes absurdos, como o cara que engoliu uma aliança na joalheria e o que "vendeu" até a Estátua da Liberdade

Por Leandro Quintanilha
Atualizado em 11 mar 2024, 11h08 - Publicado em 15 jul 2016, 12h29
Oneal Ron Morris Oneal Ron Morris

ILUSTRAS Icaro Yuji

IMAGENSReprodução

A ganância leva muita gente a cometer crimes absurdos. Há quem pense pequeno, como o cara que engoliu uma aliança na joalheria, e tipos mais ambiciosos, como o trambiqueiro que ‘vendeu’ até a Estátua da Liberdade

1) A falsa médica e os implantes de cimento

A jovem dançarina Nathalie Johnson, de Miami, estava insatisfeita com o tamanho de seu bumbum. Ela deci-diu então se submeter a uma cirurgia plástica para turbinar o visual. Para Nathalie, glúteos mais chamativos poderiam significar gorjetas mais generosas no trabalho. Ela foi uma das vítimas de Oneal Ron Morris, uma falsa médica que lhe ofereceu “silicone injetável” por um preço camarada.

O procedimento foi realizado na casa da paciente. Inicialmente, os resultados pareciam bons: o novo bumbum era firme e volumoso. A silhueta da paciente ficou como uma “garrafa de Coca-Cola”, nas palavras dela. Mas não demorou para que Nathalie começasse a adoecer. Sentia-se cansada e dolorida. Ela também percebeu que o implante estava se desintegrando em seu organismo, deixando a pele do bumbum flácida. Logo, ela descobriu que não era um problema com o silicone – porque não era silicone.

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Natlhalie foi parar no pronto-socorro com dificuldades para respirar. Foi quando descobriu que a falsa médica havia implantado uma variedade de substâncias tóxicas em seu corpo, como cimento, supercola e selante para pneus. Oneal foi presa por exercício ilegal da medicina, mas se declarou inocente. Outras pacientes em situação semelhante compareceram à polícia para depor contra a falsa médica. Uma delas, coitada, tinha cimento até nas bochechas.

Rattlesnake James Rattlesnake James

2) Em uma caixa com duas cobras

Matar um cônjuge por causa do seguro de vida é um golpe manjado e, em geral, o viúvo acaba sendo o primeiro suspeito. Ainda assim, o norte-americano Raymond “Rattlesnake James” Lisenba conseguiu praticá-lo duas vezes. Ele vivia como barbeiro em Los Angeles, nos anos 30, e era casado com a manicure Mary. Diante de uma gravidez indesejada, o casal decidiu fazer um aborto. Ro-bert trouxe um médico e os dois orientaram Mary a entrar em uma caixa com cobras.

Disseram que era um procedimento abortivo e que Mary não sentiria dor. É claro que Robert era beneficiário do seguro de vida da mulher. O falso médico era um comparsa e foi quem o ajudou a capturar as cobras na floresta. Grogue com as picadas, Mary foi deixada no quintal com o rosto apoiado em uma poça d¿água, o que a matou por afogamento.

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A dupla dividiu os US$ 14 mil do seguro e o caso só foi desvendado quando Robert foi preso por outro crime. Foi então que a polícia descobriu que ele já havia embolsado outras apólices, de uma ex-mulher e de um sobrinho, mortos em circunstâncias semelhantes às de Mary.

Robert foi apelidado de “Rattlesnake James”, algo como “João Cascavel” em português. Foi condenado à morte. Como seu enforcamento foi mal realizado, Robert demorou dez minutos para morrer. Agonizou como suas vítimas.

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3) Tirem o cavalinho da chuva, bandidos

Nos anos 80, o irlandês Shergar se tornou uma celebridade. Tudo bem que ele era um cavalo, literalmente um cavalo, mas venceu tantos prêmios que já tinha US$ 600 mil aos 5 anos. Mas, numa noite de 1983, um grupo de mascarados levou o cavalinho. Esse foi o primeiro sequestro de um equino de que se tem notícia. Os donos de Shergar receberam um telefonema da quadrilha, mas, como o campeão estava segurado, não houve negociação. Shergar nunca mais foi visto. Especula-se que a quadrilha fosse ligada ao grupo separatista IRA e que o objetivo do crime era levantar dinheiro para a luta armada.

4) Posso trazer a família para uma visita?

Também irlandês, Thomas Blood já tinha sido coronel quando resolveu aderir ao crime. Ele cobiçava as joias oficiais do rei Jorge II, guardadas na Torre de Londres sob a tutela de um senhor de 77 anos. Em 1671, Thomas se disfarçou de abade e frequentou a construção por semanas para ganhar a confiança do guardião. Certo dia, convenceu o idoso a recebê-lo com a família, para que pudessem dar uma olhadinha nas joias. É claro que os “familiares” eram comparsas. Thomas deu uma marretada no guardião e os ladrões levaram tudo o que conseguiram carregar, mas foram logo capturados. Thomas acabou anistiado pelo rei Jorge II e exilado na Irlanda com usufruto de terras. Sortudo, não?

Hildebrando Pascoal Hildebrando Pascoal
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5) O massacre da serra elétrica (no Acre)

Ex-coronel da Polícia Militar e ex-deputado federal pelo Acre, Hildebrando Pascoal foi condenado, a partir de 2006, por tráfico, tentativa de homicídio e corrupção eleitoral. Outros processos contra ele continuam pendentes na Justiça, mas suas penas, somadas, já ultrapassam os 100 anos de detenção. Ele também é acusado de liderar um grupo de extermínio que atuou no Acre ao longo da década de 1990, além de integrar um esquema de roubo de cargas. Hildebrando também é conhecido como o Deputado da Motosserra.

Eis a razão do apelido: em 2009, Hildebrando foi condenado pelo homicídio triplamente qualificado de seu adversário Agilson dos Santos Firmino, um mecânico, mais conhecido como Baiano, supostamente envolvido no assassinato de seu irmão, Itamar Pascoal. A vítima teve os olhos perfurados e os braços, as pernas e o pênis, amputados com uma motosserra, além de um prego martelado na testa. E tudo isso aconteceu com Agilson ainda vivo. Não bastasse, o corpo da vítima ainda foi cravado de balas, antes de ser encontrado pela polícia.

Em 2014, a defesa de Hildebrando entrou com vários processos na Justiça para pedir a progressão de sua pena para o regime semiaberto, o que foi recusado. No mesmo ano, Pedro Pascoal, irmão de Hildebrando, foi condenado a 20 anos de reclusão por torturar e matar o adolescente Wilde Firmino, filho de Agilson.

George Parker George Parker
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6) Vende-se a Estátua da Liberdade

O norte-americano George C. Parker era um excelente vendedor. Tão bom que vendeu o que não tinha. Mais do que isso: “vendeu” famosos pontos turísticos de seu país a investidores desavisados nos anos 20. Um de seus “produtos” era a Ponte do Brooklyn, que conseguiu comercializar diversas vezes.

Até a Estátua da Liberdade George vendeu. Também constavam em seu catálogo o Madison Square Garden e o Metropolitan Museum of Art (com as obras inclusas), entre muitos outros marcos dos Estados Unidos. Ele chegou a montar um escritório de fachada, em que recebia ricaços ingênuos, imigrantes em maioria, asiosos para obter algum tipo de reconhecimento entre as classes mais favorecidas na América.

Para demonstrar credibilidade, George mostrava aos clientes milionários escrituras falsas dos imóveis, por vezes muito volumosas (e, portanto, convincentes). Por diversas vezes, a polícia teve de deter compradores que tentavam isolar pontos turísticos que achavam ser de sua propriedade. É claro que um trambiqueiro dessa monta ia acabar preso. Não era lá um negócio muito discreto. George foi condenado por fraude três vezes e pegou prisão perpétua.

O golpista passou seus últimos oito anos de vida na cadeia, contando histórias extraordinárias aos colegas sobre seu passado como vendedor. Estas, sim, eram verdadeiras.

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7) Idoso rouba banco e foge em cadeira de rodas

Um senhor de aparência frágil tinha dois motivos para pegar a fila preferencial ao entrar em uma agência bancária de Palo Alto, na Califórnia, em 2008: tinha mais de 65 anos e usava cadeira de rodas. Em vez disso, preferiu assaltar o banco. Em seguida, fugiu em sua cadeira de rodas motorizada, levando apenas US$ 2 mil. Na época, a polícia chegou a afirmar que as imagens do circuito de segurança não seriam suficientes para identificar o assaltante, apesar de suas características tão peculiares, porque ele se cobriu com uma camisa durante a ação. Mas o velhinho acabou sendo localizado e preso. Em 2010, foi condenado a 21 anos de prisão.

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8) Ciclista é rendido por loiras seminuas

O adolescente Olmer Morales, então com 17 anos, teve um dia de sorte em 2008. Ou de azar, de acordo com a perspectiva. É que ele foi assaltado por um grupo de loiras seminuas na Flórida. De acordo com a “vítima”, o quarteto de loiras vestia apenas macacões, sem camisetas nem sutiãs por baixo. Olmer disse que estava andando de bicicleta quando as quatro mulheres apareceram. A maior delas pulou sobre ele, para derrubá-lo. Em seguida, as comparsas dela limparam sua carteira e seus bolsos. Ao todo, elas teriam levado cerca de US$ 100 de sua mesada (nem saiu tão caro, vai). Ninguém foi preso, porque, segundo a polícia, não foram encontradas suspeitas compatíveis com a descrição.

Marshall Ratliff Marshall Ratliff

9) Papai Noel chegou com o saco vazio

Em 1927, no Texas, durante o expediente bancário, clientes e funcionários receberam uma visita surpresa na agência: o Papai Noel. Era 23 de dezembro, antevéspera de Natal. O bom velhinho trazia três acompanhantes, que não eram duendes (nem renas), mas homens bem formados, mais para grandalhões. Dois deles eram ex-detentos, inclusive. E o saco do Papai Noel estava estranhamente vazio. OK, era um assalto.

Debaixo da fantasia, estava Marshall Ratliff, que por ser muito conhecido em Cisco, a cidade em questão, decidiu cometer o crime fantasiado. O problema é que, como estava vestido de Papai Noel, Marshall acabou atraindo um pequeno grupo de crianças, que seguiu ele e seus comparsas da rua até a agência bancária.

No banco, esse Papai Noel grosseirão não respondeu às gentis saudações natalinas do caixa. Foi logo mostrando a arma escondida sob o uniforme vermelho e pediu que abrissem o cofre. A polícia acabou sendo alertada e houve troca de tiros, mas o bando conseguiu fugir.

Os bandidos acabaram sendo capturados. Em 1928, Marshall foi condenado a 99 anos de prisão pelo roubo, mas acabou sendo linchado por populares. Ele foi reconhecido por uma testemunha mirim: Emma May Robinson, de 10 anos. Ao menos para ele, Emma não foi uma boa menina. Nada de presente para ela.

Simon Hooper Simon Hooper

10) Uma aliança que passou por muita coisa

O inglês Simon Hooper era um cara muito romântico. Em 2006, antes de propor casamento à namorada, ele foi a uma joalheria sofisticada em Dorchester e pediu para ver uma aliança com uma pedra de diamante. Mas, infelizmente, percebeu ali que a joia era cara demais para seu orçamento. Desolado, o rapaz resolveu improvisar.

Quando o vendedor Fred Burgess se virou para buscar outra peça no estoque, Simon pensou rápido (ou não pensou coisa nenhuma) e engoliu a joia. É claro que o gesto romântico não passou despercebido. A polícia foi chamada imediatamente e os oficiais passaram um detector de metais pela barriga do rapaz.

Como o aparelho apitou logo no primeiro contato, Simon foi preso para uma averiguação mais detalhada. Um exame de raio X comprovou o paradeiro da aliança no aparelho digestivo do ladrão. Aí veio a pior parte (para ele e para a polícia): o bom partido precisou ser monitorado por três dias, até que a joia fosse finalmente expelida pelo seu corpo, naturalmente.

Simon, que passou ao todo 12 semanas detido, afirmou de início que tinha engolido o anel por acidente, mas acabou confessando a culpa na Justiça. Não se sabe se ele conseguiu se casar depois do ocorrido. A aliança de diamante recuperada, contudo, pode estar hoje no anular de uma noiva feliz e desavisada.

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