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As 10 melhores profissões para ter depois de morrer

Colisões em carros, crucificações e até checagem de eficiência de guilhotina são áreas em que é (ou já foi) possível seguir uma carreira depois de morrer

Por Yuri Vasconcelos
Atualizado em 22 fev 2024, 10h32 - Publicado em 1 dez 2015, 12h08

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ILUSTRAS Caio Gomez

A medicina quer você: depois de morto, seu corpo ainda pode ser muito útil na educação de jovens doutores. Mas não para por aí: colisões em carros, testes de armas de fogo, crucificações e até checagem de eficiência de guilhotina são áreas em que é (ou já foi) possível seguir uma carreira promissora depois de bater as botas. Conheça os cargos mais malucos do pós-vida.

  • PACIENTE FAKE DE CIRURGIA PLÁSTICA

Antes de fazer o estica e puxa no corpo dos vivos, cirurgiões treinam em cadáveres congelados. Trabalhar num corpo que mantém as mesmas características dos vivos, dizem os médicos, ajuda a aprimorar a técnica cirúrgica e reduzir erros. Os treinamentos geralmente são feitos nos seios, glúteos e face. Um dos grandes apoiadores da prática? A indústria de próteses de silicone

  • TESTADOR DE GUILHOTINA

Não contente com os testes em ovelhas, o médico francês Joseph-Ignace Guillotin, criador da guilhotina, decidiu aplicar seu invento nos falecidos. Na manhã de 15 de abril de 1792, o afiado aparelho foi colocado no pátio de um hospício parisiense e cortou com sucesso a cabeça de três defuntos. Dez dias depois, a guilhotina foi usada pela primeira vez para decepar um assassino em praça pública

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  • MODELO EM AULA DE ANATOMIA

É a mais tradicional profissão de cadáveres. Estudantes examinam os defuntos para conhecer o corpo humano em detalhes. A prática da dissecação dos mortos começou há 2.300 anos com o médico grego Herófilo, o pai da anatomia. Para servir aos estudos de anatomia, o corpo precisa ser embebido em formol em até, no máximo, 72 horas após a morte

CURIOSIDADE Reza a lenda que, além de abrir cadáveres, Herófilo também dissecou 600 pessoas vivas. Eca!

 

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+ Como as grandes religiões encaram o momento da morte?

  • FANTOCHE DE FREAK SHOW

No início do século 18, o físico italiano Giovanni Aldini conduziu experimentos bizarros introduzindo fios no corpo de mortos e aplicando uma corrente elétrica. Em um, a mandíbula se agitou, enquanto outro estrebuchou, como se dançasse. Aldini montou um espetáculo com os cadáveres animados e saiu em turnê por algumas cidades da Europa apresentando o show bizarro

CURIOSIDADEHá quem diga que tais experimentos inspiraram Mary Shelley a criar o famoso monstro da obra Frankenstein

  • PEÇA DE EXPOSIÇÃO EM MUSEUS
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Os defuntos da exposição Corpo Humano já viajaram por mais de 20 países e ainda não têm data para terminar o tour. Eles foram embalsamados e passaram por um tratamento com aplicação de silicone que lhes deu uma aparência de textura de plástico. A exposição gerou polêmica por causa de denúncias, nunca comprovadas, de que os corpos (de chineses) seriam de criminosos executados

  • DUBLÊ DE VÍTIMA PARA TREINAMENTO DE CSI

Várias universidades dos EUA mantêm “fazendas de corpos” com defuntos expostos a céu aberto, enterrados, escondidos em porta-malas de carro, mergulhados em riachos etc. Estudantes de antropologia forense (a profissão dos personagens de CSI) analisam os restos mortais para identificar o perfil da vítima (sexo, idade etc.) e tentar esclarecer quando e como rolou a morte

CURIOSIDADE Com 105 mil m², a fazenda da Universidade do estado do Texas é a maior do mundo. Já recebeu 40 cadáveres e outras 90pessoas vivas já doaram o corpo previamente

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  • BONECO DE TESTE DE COLISÃO

Para fazer carros mais seguros, corpos já foram usados em crash tests. Após a batida, passavam por raio X e autópsia para checagem dos danos sofridos. Essa profissão era mais comum no passado, quando ainda não existiam os dummies, bonecos que simulam pessoas. Mas especula-se que algumas montadoras continuam com a prática, embora nenhuma confirme a informação

CURIOSIDADE Por respeito, os mortos eram totalmente envolvidos por bandagens antes de serem submetidos à colisão

+ Como é feito uma autópsia?

  • SUBSTITUTO DE JESUS
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Em 1930, para compreender em minúcias o flagelo de Cristo no calvário, o cirurgião francês Pierre Barbet não teve dúvidas: crucificou um cadáver. Ele queria saber, entre outras coisas, se Cristo havia sido pregado na cruz pela palma das mãos ou pelos pulsos – dado relevante para provar a autenticidade do Santo Sudário, o manto que supostamente cobriu Jesus após a morte

CURIOSIDADE Uma foto do defunto crucificado pode ser vista no livro Um Doutor no Calvário

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  • MANEQUIM DE CURSO DE EMBALSAMAMENTO

Tanatopraxista é quem prepara o morto para o velório e tem a missão de retardar o processo de putrefação do corpo. Os cursos de formação têm aulas teóricas e práticas, essas últimas com cadáveres. Eles aprendem as técnicas de higienização e conservação dos mortos – o que inclui a retirada das vísceras e a lavagem com produtos químicos para manter os defuntos com boa aparência e sem odores

  • RECEPTOR DE TIRO AO ALVO

1. Primeiro, os presuntos têm a cabeça e o corpo cobertos. As partes a serem atingidas ficam expostas, servindo como alvos. Com tudo pronto, os mortos são suspensos no ar

2. Os defuntos são alvejados com uma saraivada de tiros com munições de diferentes calibres. A oscilação dos corpos pendentes é observada, pois mostra o poder do impacto

3. Por fim, os mortos são submetidos a radiografias e dissecados para checagem dos danos causados em ossos, tecidos e órgãos

CURIOSIDADE A maioria dos testes tem como objetivo criar armas que incapacitem o oponente sem matá-lo. Os defuntos também já contribuíram para criação de coletes à prova de balas

COMO DOAR SEU CORPO À CIÊNCIA

1. Em vida, escolha a instituição para a qual fazer a doação. Entre em contato para manifestar seu desejo e checar os procedimentos

2. Sente e aguarde o chamado divino. Quando você morrer, sua família precisa avisar a instituição. A coleta do corpo geralmente é feita depois do velório ou da cerimônia (religiosa ou não) de despedida

3. No Brasil, em geral, os corpos vão para estudos de anatomia. O cadáver é usado por um período de cinco a sete anos. Depois, é sepultado – mas sem a presença dos familiares, que não têm mais direito ao corpo

PURO OSSO

Um cadáver sepultado leva até dois anos para se decompor. Conheça os estágios da putrefação

3 horas – O corpo começa a ficar duro por causa do acúmulo de cálcio nos ossos

12 horas – O cadáver iguala sua temperatura à do ambiente

1 dia – A pele perde água e resseca, tornando-se amarela e enrugada.

2 dias – Intensifica-se a ação das bactérias. As que vivem no intestino e na mucosa respiratória invadem os tecidos e os devoram, gerando subprodutos que fazem o corpo cheirar mal

3 dias – Com a destruição dos tecidos musculares, o corpo, que estava rígido, volta a relaxar

1 semana – Os órgãos internos se soltam da estrutura do corpo e começam a sumir

1 a 2 anos – A decomposição está completa. Restam apenas dentes e ossos, que só somem depois de quatro anos

FONTES Livros Stiff: The Curious Lives of Human Cadavers, de Mary Roach, e Um Doutor no Calvário, de Pierre Barbet, Sociedade Brasileira de Anatomia, Texas State University e sites BBC, How Stuff Works e The Guardian

CONSULTORIA André Menezes, técnico em necrópsia da Associação Nacional de Necrópsia

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