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Caça aos Nazistas, parte 1: O exílio do Doutor Morte no Egito

Uma mala de couro revelou o passado de Tarek Farid - ele era, na verdade, Aribert Heim, terror dos campos de concentração

Por Luiz Romero
Atualizado em 8 mar 2024, 15h28 - Publicado em 18 dez 2015, 11h39
Nazismo

ILUSTRARenato Faccini

Uma mala de couro revelou o passado de Tarek Farid – ele era, na verdade, Aribert Heim, terror dos campos de concentração

1. O médico austríaco Aribert Heim (1914-1992) entrou para a SS, a organização paramilitar nazista, em 1938, virando capitão em 1944. Ele ficaria conhecido pelos apelidos “Doutor Morte” ou “Carniceiro de Mauthausen” – graças a cirurgias cruéis (que ele classificava como “experimentos científicos”) em vários campos de concentração na Áustria

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2. Segundo depoimentos de sobreviventes, ele removia órgãos de prisioneiros sem anestesia e injetava líquidos como água, veneno ou gasolina no coração deles. Também era obcecado por pessoas que tivessem dentes impecáveis: ele derretia toda a carne da cabeça delas em um crematório, até sobrar apenas crânios “perfeitos”, que ele usava como enfeites de mesa

3. Heim chegou a ser detido por três anos após o fim da guerra. Mas a papelada era uma bagunça naquela época – seus documentos não deixavam claro seu nível de periculosidade e ele acabou sendo libertado no Natal de 1947. Ele passou mais de dez anos atendendo como médico nas cidades de Bad Nauheim e Baden-Baden, sempre mentindo sobre seu passado

4. No início dos anos 60, porém, a opinião pública alemã voltou a pedir punições para criminosos da 2ª Guerra Mundial. Era a hora de fugir. Em 1963, passando-se por turista, Heim foi para o Cairo, no Egito, onde viveu por décadas. Converteu-se ao islamismo e mudou o nome para Tarek Hussein Farid – ou “tio Tarek”, como chamavam as crianças que ele presenteava com doces

5. Apesar de benquisto na vizinhança, ele mantinha hábitos suspeitos: nunca aparecia em fotos e, nas raras ocasiões em que cruzava com amigos da Alemanha, fingia que não os conhecia e saía de fininho. Ninguém ali jamais suspeitou de seu passado. Ele morreu de câncer de reto em 1992, mas sua real identidade só foi descoberta em 2009, por dois jornalistas do New York Times

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6. Após uma longa investigação, a dupla encontrou o quarto de hotel onde o ex-nazista havia vivido. Lá, acharam uma velha mala de couro marrom que revelava que Tarik e Heim eram a mesma pessoa. Ela continha fotos antigas, cartas amareladas e recortes de jornal (muitos sobre o nazismo, outros sobre o nascimento do Estado de Israel)

Rota de fuga

1. Áustria

2. Alemanha (Bad Nauheim )

3. Alemanha (Baden-baden)

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4. Egito

ESTA É A PRIMEIRA PARTE DA MATÉRIACAÇA AOS NAZISTAS.CONFIRA AS OUTRAS:

Parte 2: A vida boa de Herbert Cukurs no Rio de Janeiro

Parte 3: A pena do Corvo Negro

Parte 4: O carrasco que foi condenado pelo acaso

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Parte 5: A aposentadoria de Josef Mengele no Brasil

FONTES Sites BBC, Opera Mundi, Reuters, Enciclopédia Britannica, Buzzfeed, Memorial do Holocausto, Simon Wisenthal Archive, Simon Wiesenthal Center, blog herbertcukurs.blogspot.com; livros The Execution of the Hangman of Riga, de Anton Kuenzle, The Real Odessa, de Uki Goñi, The Eternal Nazi, de Nicholas Kulish e Souad Mekhennet, Hunting Eichmann, de Neal Bascomb, Eichmann in Jerusalem, de Hannah Arendt, Eichmann Before Jerusalem, de Bettina Stangneth, e Hunting Evil, de Guy Walters; jornais The New York Times, Haaretz, Times of Israel, The Jerusalem Post, O Globo, Corriere della Sera, The Guardian, The Telegraph, Chicago Tribune e The Jewish Chronicle, revistas Time, Spiegel, Foreign Affairs, Vice, The Atlantic, New Statesman e Salon

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