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Como é feito um retrato falado?

As polícias usam softwares de manipulação de imagens para fazer os retratos falados de suspeitos de crimes. Na Polícia Civil de São Paulo, por exemplo, o programa usado é o famoso Photoshop. “Uma empresa americana veio nos oferecer um software de retrato falado, mas não havia rostos indígenas ou pardos, comuns na população brasileira”, diz […]

Por Marina Motomura
Atualizado em 22 fev 2024, 11h33 - Publicado em 4 fev 2010, 16h28

As polícias usam softwares de manipulação de imagens para fazer os retratos falados de suspeitos de crimes. Na Polícia Civil de São Paulo, por exemplo, o programa usado é o famoso Photoshop. “Uma empresa americana veio nos oferecer um software de retrato falado, mas não havia rostos indígenas ou pardos, comuns na população brasileira”, diz Sidney Barbosa, retratista da Delegacia Geral de Polícia, em São Paulo. Entre esses softwares específicos para descrições policiais, está o britânico EFIT-V, desenvolvido pela Universidade de Kent. O programa oferece várias opções de rostos inicialmente, e, em vez de ir acrescentando características, a testemunha vai eliminando as faces menos prováveis, até chegar ao semblante final. “As pessoas têm dificuldade em descrever faces com riqueza de detalhes e em identificar elementos isolados”, diz Christopher Solomon, diretor da Visiometric, que desenvolveu o programa. Vale lembrar que os retratos falados não são provas definitivas em um inquérito. Como as vítimas estão sob trauma quando fazem as descrições, muitas vezes têm brancos ou exageram detalhes sob o impacto do crime, e o retrato nem sempre é fiel ao suspeito. (<_>)

As vítimas de crimes sexuais geralmente fornecem os retratos mais completos, já que esse tipo de crime dura mais que um assalto, por exemplo

QUEBRA-CABEÇA

Retratista junta partes do rosto até obter imagem do suspeito de crimes de autoria desconhecida

1- A vítima ou testemunha começa informando ao policial o sexo e a idade aproximada do suspeito. No banco de dados, geralmente há rostos de três faixas etárias: menores de 20 anos, adultos de 21 a 45 anos e maiores de 46 anos. Entre os mais jovens, o rosto ainda está em definição. Os adultos têm a face estável e, depois, começam a aparecer rugas e a expressão fica caída

2- No banco de dados, a vítima escolhe um dos rostos, divididos por etnia (brancos, pardos, negros, indígenas) e por formato (arrendondados, ovalados ou quadrados). Os rostos vêm vazios, com olhos, nariz e boca “apagados”. O cabelo também é adicionado. Para engordar ou emagrecer um rosto, os retratistas usam ferramentas do Photoshop, como o filtro Liquify (“Dissolver”)

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3- O passo seguinte é escolher entre as opções de olhos e sobrancelhas. “Geralmente, essa é a etapa em que as testemunhas mais demoram”, diz Sidney Barbosa. As mudanças nos olhos são sutis para quem descreve, mas a escolha do formato errado – pálpebras mais caídas, por exemplo – faz uma grande diferença no resultado final

4- A escolha do nariz entre as diversas opções do banco de dados é a etapa seguinte. Nessa fase, com o rosto já tomando forma, os retratistas já começam a uniformizar a cor da face – como cada parte veio de um arquivo diferente, uma ferramenta do Photoshop é usada para deixar a pele mais homogênea

5- Para completar o rosto, a boca é adicionada – se o suspeito for parente da Angelina Jolie, a boca também pode ser aumentada. O retratista também acrescenta eventuais barbas (desde as mais ralas às mais compridas) e formatos de bigode ao rosto do suspeito

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6- O último passo é a colocação de “adornos”. Os policiais têm bancos de dados com vários tipos de brincos, piercings, tatuagens, cicatrizes, covinhas, lábio leporino, falhas de dentição. E está pronto o retrato. “Ele serve mais para reduzir o universo de busca. Nunca vai ser 100% igual ao suspeito”, afirma Sidney

PROCURA-SE

Retratistas “envelhecem” digitalmente fotos de desaparecidos

Um trabalho menos conhecido dos artistas forenses é fazer retratos atualizados de crianças desaparecidas. Com base em fotografias antigas e na aparência de familiares (mães, pais e irmãos), o retratista usa também o Photoshop para “envelhecer” a foto. Mas não é só a genética que conta. Os policiais entrevistam a família também para saber os hábitos da criança – se ela era desnutrida, por exemplo. Em São Paulo, há muitas crianças usuárias de crack que desapareceram. Nesse caso, diz Sidney Barbosa, o retratista tem que fazer um rosto bastante magro, resultado do uso da droga

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Se você quer tentar fazer um retrato falado de um amigo, mas não manja de Photoshop, tente brincar neste site: https://flashface.ctapt.de

O software usado pela Polícia Federal brasileira é o Horus, que também fornece imagens coloridas e de alta resolução

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