Agentes de viagem VIP
Quando um chefe de Estado vem ao Brasil, como ocorreu com o presidente americano Barack Obama, em março, quem cuida de tudo é a área do Cerimonial no Ministério das Relações Exteriores (também chamado de Itamaraty). Em média, três diplomatas e quatro funcionários planejam toda a estadia do visitante (em parceria com a equipe dele)
• O convite é feito pelo governo brasileiro, mas a data da viagem é combinada entre as duas embaixadas e os responsáveis pela agenda de cada presidente
Arigatô!
Antes da visita, toda a equipe aprende as boas maneiras de cada cultura. Isso vai desde o título de reverência certo para o governante (Excelentíssimo Presidente, Sua Majestade etc.) até a maneira de cumprimentá-lo. Alguns monarcas orientais, por exemplo, não aceitam ser tocados. O certo é fazer um gesto de cabeça ou se curvar
• Por motivos de segurança, os chefes de Estado chegam ao país em avião próprio, que pousa na Base Aérea de Brasília, não no aeroporto
Vai indo que eu vou atrás
A comitiva do visitante se desloca em uma frota oferecida pelo nosso governo (alugada via licitação). É composta sempre de sedãs de cor escura, com quatro portas. São cinco veículos: dois na dianteira (um deles de segurança), o carro com o chefe de Estado e dois na retaguarda (um deles também de segurança)
• Obama foi exceção: trouxe suas próprias limusines blindadas
Os homens de preto
O governante gringo tem sempre dois acompanhantes oficiais: o embaixador brasileiro em seu país e um representante do cerimonial. A segurança é responsabilidade da Polícia Federal, complementada ou não pela equipe do visitante. Membros do Exército, incluindo atiradores de elite, dão apoio em helicópteros e tanques
Boas-vindas musical
Geralmente, o primeiro compromisso é a revista às tropas das Forças Armadas, quando são tocados os hinos do Brasil e do país visitante. O Itamaraty tem as partituras de todos os hinos do mundo e as repassa à banda das Forças Armadas. Depois, o chefe de Estado sobe a rampa do Palácio do Planalto, onde nossa presidente o aguarda
Ráu du iu du?
Os convidados trazem seu próprio tradutor – e nossa presidente também tem um. Pelo protocolo, eles devem se posicionar sempre atrás de seus chefes, que devem dialogar se dirigindo diretamente um ao outro. Cada tradutor “cochicha” no ouvido de seu presidente a tradução
• Quem souber falar bem o idioma alheio pode dispensar o tradutor, como Dilma fez ao conversar com Obama
Hora do lanche
O cerimonial cuida até do cardápio dos almoços e jantares oficiais (o primeiro deles, tradicionalmente, no Itamaraty). Em geral, há opções da gastronomia de ambos os países. Mas também é preciso atender a dietas especiais. Michelle Obama, por exemplo, solicitou um menu vegano, sem nenhum alimento de origem animal
Estive no Brasil e lembrei de você
Na despedida, o cerimonial costuma dar um presente que remeta ao país, como abotoaduras com pedras brasileiras e azulejos assinados pelo artista brasiliense Athos Bulcão. Alguns estadistas também retribuem o gesto – a equipe de Obama, por exemplo, distribuiu lupas com o selo dos EUA
Gente como a gente
Por questões de segurança e de agenda, é raro um chefe de Estado lidar diretamente com o público. Quem faz isso, geralmente, são os que têm um estilo mais informal. Mas, se você por um acaso tiver de lidar com um deles, nada de pânico. Basta ser breve e seguir as regras da boa educação. Nessas horas, o que vale é o bom senso
• Entre 2003 e 2010, 108 chefes de Estado visitaram o Brasil