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Como é uma morte por overdose?

Não há uma causa única, já que cada droga provoca uma reação diferente. Entenda quais são os principais tipos e como o corpo reage a cada uma delas.

Por Carolina Canossa
Atualizado em 22 fev 2024, 10h04 - Publicado em 20 set 2018, 18h13

Tecnicamente, a overdose não mata. O que pode tirar a vida de alguém é o que ela causa – e isso varia bastante. Por seu impacto no corpo, podemos dividir as drogas, ilegais ou não, em dois grupos: depressoras (ou sedativas) e estimulantes.

Elas possuem efeitos opostos – mas igualmente perigosos – que variam de intensidade de acordo com a quantidade ingerida, o organismo do usuário, o grau de mistura com outras drogas, entre outros fatores. Ao entrar no corpo, a substância se dirige ao cérebro, onde se liga a receptores nos neurônios que provocam sensações como prazer e tranquilidade. Cada tipo de tóxico ativa receptores específicos. “É como se a droga fosse a chave e o receptor, a fechadura dela”, diz o neurologista Fabio Porto, do Hospital das Clínicas, em São Paulo.

Mesmo quem sobrevive à overdose pode levar sequelas para sempre, uma vez que o cérebro foi lesionado. Entre elas estão alterações cognitivas (distúrbio de atenção e de memória), motoras (fraqueza de um lado do corpo ou falta de coordenação para movimentos de precisão), além de epilepsia. Quadros depressivos também tendem a aumentar, o que pode levar a tentativas de suicídio.

(Zé Otávio/Mundo Estranho)

Overdose de sedativos

(Zé Otávio/Mundo Estranho)

O corpo do usuário de sedativos e opioides praticamente desliga, o que muitas vezes faz com que ele pare de respirar e morra. A pessoa também fica suscetível a traumas fatais causados por quedas, uma vez que o corpo possui um mecanismo de defesa que busca a posição horizontal quando não tem oxigenação suficiente.

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Outro risco característico desses tipos de drogas é a asfixia, que ocorre quando o estômago, irritado pela substância estranha, provoca o vômito. O problema é que o corpo não tem força para expelir o líquido, que pode descer pela laringe e inundar os pulmões, afogando a vítima.

Overdose de opioides

Usuários de opioides aumentam o nível de tolerância conforme tomam as drogas. Isso causa maior dependência, e o indivíduo precisa de doses cada vez maiores. Há relatos de pessoas que sofreram dezenas de overdoses dessas substâncias antes de chegarem a um estado irreversível. Mas há quem morra já na primeira overdose.

Em 2016, 53.332 pessoas morreram de overdose de opioides nos EUA. É muito mais do que as mortes causadas por cocaína (10.119) ou metanfetaminas (7.663). A epidemia começou no fim dos anos 1990 graças a uma jogada de marketing da indústria farmacêutica, que passou a comercializar opioides potentes para pessoas que sofriam de dores crônicas. Laboratórios como o Purdue alegavam, erroneamente, que só 1% das pessoas ficavam viciadas nesses remédios, até então usados, por exemplo, para minimizar o sofrimento de pacientes terminais de câncer. Apesar de não haver dados oficiais no Brasil, médicos têm observado um número maior de atendimentos por overdose de opioides por aqui.

Overdose de estimulantes

(Zé Otávio/Mundo Estranho)

Overdose misturada

A mistura de drogas de grupos diferentes potencializa os efeitos da overdose. A cantora Elis Regina morreu em 1982 ao misturar tranquilizantes (sedativos), álcool e cocaína (estimulante). Outra cantora, Whitney Houston, em 2012, se afogou na banheira após uma overdose de remédios sedativos, cocaína e maconha – droga que tem propriedades sedativas, estimulantes e alucinógenas. Mesmo pessoas jovens e saudáveis podem sofrer infartos ou AVCs em uma overdose de estimulantes.

Drogas alucinógenas

Substâncias alucinógenas, como LSD, cogumelos e ecstasy (e sua forma mais pura, o MD), em geral não provocam overdose, mas têm risco de levar à morte por causa da alteração na percepção da realidade. Crises paranoicas que fazem a pessoa saltar de grandes alturas ou atravessar ruas movimentadas, por exemplo.

PERGUNTA DA LEITORA Sharon Castanheira, Aracaju, SE
ILUSTRAÇÃO Zé Otávio
EDIÇÃO Felipe van Deursen
CONSULTORIA Carolina Hanna e Eduardo Gouvea, médicos do Núcleo de Álcool e Drogas (NAD) do Hospital Sírio-Libanês (São Paulo, SP), e Luiz Scocca,  psiquiatra, membro da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) e da Associação Americana de Psiquiatria (APA)

FONTES El País, DrugAbuse.gov, Folha de São Paulo, G1 e Vice.

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