Como era a vida dos povos indígenas brasileiros?
Cada povo indígena tinha seus próprios costumes e modos de vida quando os portugueses chegaram ao Brasil. Nesta reportagem, vamos mostrar como viviam os tupinambás, que habitavam toda a costa na época do Descobrimento. Era um povo que tinha como língua predominante o tupi-guarani – ao contrário do que muita gente pensa, é uma língua, […]
Cada povo indígena tinha seus próprios costumes e modos de vida quando os portugueses chegaram ao Brasil. Nesta reportagem, vamos mostrar como viviam os tupinambás, que habitavam toda a costa na época do Descobrimento. Era um povo que tinha como língua predominante o tupi-guarani – ao contrário do que muita gente pensa, é uma língua, e não um povo. Suas guerras eram uma atividade mais defensiva, e não uma maneira de conquistar territórios, como hoje.
TUPI OR NOT TUPI
Como era o cotidiano dos tupinambás, da comida aos animais domésticos
MESTRES DOS MARES
Além de lagos e rios, os tupinambás ficavam concentrados na área litorânea, o que facilitava o contato com o mar. Usavam longas canoas, não só para atividades de pesca mas também para se aproximar das caravelas portuguesas na troca de mercadorias
LAVANDO A ALMA
Os tupis da costa se banhavam praticamente com a mesma frequência com que encaramos o chuveiro hoje – aliás, nossa higiene atual é herança indígena, não europeia. O contato com a água acontecia desde cedo – os rios eram locais de brincadeiras para as crianças. Até os prisioneiros que iam virar grelhado passavam por um banho cerimonial antes da execução
MODA INDÍGENA
As pinturas eram pretas (feitas com jenipapo) ou vermelhas (com urucum). Penas de aves eram usadas em cocares e em adornos que se pareciam com um rabo (característico dos tupinambás). As pinturas e os adornos tinham um significado especial na guerra e nos rituais de antropofagia – no dia-a-dia, os índios andavam pelados mesmo
COMES E BEBES
O “arroz com feijão” dos tupinambás era milho, carne de caça, pesca, frutas e tubérculos. As índias preparavam uma bebida especial fermentada à base de mandioca ou milho, chamada de cauim. A bebida era parte integrante das cerimônias (especialmente antropofágicas), em que os índios “enchiam a cara”! A embriaguez era considerada uma mostra de virilidade entre os homens
PET SHOP
Os tupinambás também tinham animais domésticos, chamados de xerimbabos (“minha coisa querida”, em tupi). Os animais serviam para embelezar, como as araras, os tucanos e até os periquitos, ou para mostrar respeito à natureza – filhotes de macacos, por exemplo, eram adotados pela aldeia caso sua família tivesse sido morta por caçadores
DOUTOR PAJÉ
A saúde dos tupinambás era apoiada em rituais de cura, manipulação de plantas medicinais e tratamento dos doentes. O pajé fazia as cerimônias auxiliado por índias idosas. O conhecimento de plantas medicinais era de domínio de ambos os sexos. Já o trato com os doentes (que geralmente ficavam isolados) era feito pelas mulheres
SAUDOSA MALOCA
A aldeia era rodeada por paliçadas, espécies de cercas de lanças, e cercas com crânios. Eles serviam como enfeites, para honrar os que viraram jantar. Uma aldeia tinha de quatro a oito malocas, que abrigavam pelo menos três núcleos familiares. Os pertences dos indivíduos eram mantidos na maloca dentro da área ocupada por sua família
CAÇA E GUERRA
As armas de guerra dos tupinambás incluíam a borduna, tacape que funcionava como um martelo. Os arcos e flechas eram “customizados”, trocando-se o desenho das pontas, a posição e o estilo das penas da flecha, além do tamanho e do formato dos arcos. Por exemplo, para caçar animais de pequeno porte (como aves terrestres), usava-se um arco de longa envergadura e uma flecha de material leve com penas longas na parte de trás (isso ajudava a sustentar mais tempo de voo)
TRABALHO DIVIDIDO
A divisão de tarefas dependia do sexo e da idade. As mulheres preparavam alimentos, faziam artefatos e outras atividades internas, enquanto os homens cuidavam da parte externa. Algumas das funções masculinas eram guerrear, caçar e fazer um social com outras aldeias. A sociedade era comandada pelos mais velhos, de quem partiam as decisões em relação ao grupo
CONSULTORIA – Dominique Tilkin Gallois e Renato Sztutman, professores do departamento de antropologia da FFLCH – USP.