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Como era um ritual de sacrifício humano cartaginense?

Este povo, que viveu no norte da África entre 6 a.C. e 2 a.C., adorava um deus que "derrubava" bebês na fogueira

Por Tiago Cordeiro
Atualizado em 22 fev 2024, 10h26 - Publicado em 9 Maio 2016, 15h12
cartaginenses

ILUSTRA Ícaro Yuji

Este povo, que viveu no norte da África entre 6 a.C. e 2 a.C., adorava um deus que “derrubava” bebês na fogueira

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Cartago mantinha uma estátua de Malcã, deus do Sol de origem amonita (e citado até na Bíblia como alvo de oferendas). Pouco maior do que uma pessoa, a escultura de bronze era usada em sacrifícios de crianças. Chamadas “mulk”, essas oferendas eram realizadas 25 vezes por ano. Em tempos de crise, morriam até 500 crianças num único mês.

O sacerdote local orientava a seleção das vítimas, sempre bebês menores de 2 anos, de preferência os que nasceram defeituosos, fracos ou pequenos – aqueles que, acreditava-se, seriam menos úteis no futuro. Mas, via de regra, eram selecionados os filhos dos nobres, que assim pagavam promessas anteriores ou pediam prosperidade.

Os pais se apresentavam e entregavam a criança ao sacerdote. Ele fazia louvações a Malcã e posicionava a vítima nas mãos da estátua, levemente inclinadas rumo ao chão. Com a ajuda de um bastão, ela era rolada até cair em um buraco aos pés da imagem, onde morria queimada numa fogueira. A chama era mantida sempre acesa para lembrar aos fiéis o poder daquele deus.

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Havia a suspeita de que relatos desse ritual eram invenções dos adversários dos cartagineses, os romanos. (Eles até confundiram a imagem de Malcã com a do deus Cronos, que comia os filhos na mitologia grega). Mas, na década de 1910, arqueólogos encontraram o Topheth, local da antiga cidade-sede de Cartago com mais de 20 mil urnas contendo ossos de crianças queimadas.

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CONSULTORIA Walter Burkert, professor de antiguidade clássica da Universidade de Zurique, Patricia Smith, antropóloga da Hebrew University, Miranda Aldhouse-Green, arqueóloga e professora da Universidade Cardiff, Jonathan Tubb, arqueólogo do British Museum, Jan Bremmer, professor de ciência da religião da Universidade de Groningen

FONTES Livros City of Sacrifice, de David Carrasco, Dying for the Gods, de Miranda Green Sutton, The Highest Altar, de Patrick Tierney, e Japanese Death Poems, de Yoel Hoffmann, e filme O Homem de Palha, de Robin Hardy

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