Assine SUPER por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Como funciona o AK-47?

Conheça a arma mais importante do século 20

Por Fellipe Abreu
Atualizado em 22 fev 2024, 10h36 - Publicado em 26 ago 2015, 17h05
  • Seguir materia Seguindo materia
  • Ak47

    Publicidade

    Edição Tiago Jokura e Felipe van Deursen

    Publicidade

    De um jeito simples e engenhoso, desenvolvido durante anos pelo russo Mikhail Kalashnikov na década de 40. Muito barato e resistente a frio, calor, água e areia, o fuzil se tornou a arma mais difundida do mundo, com 80 a 100 milhões de unidades espalhadas em conflitos em todos os continentes. Acabou virando um ícone sinistro do século 20. Samuel L. Jackson o idolatra em Jackie Brown, de Quentin Tarantino. O ex-ditador do Iraque Saddam Hussein estava com dois deles quando foi preso, em 2003. Anos antes, ordenou a construção de uma mesquita com quatro minaretes em forma de Tabuk, a versão iraquiana do AK. Fotos e vídeos de Osama bin Laden o mostravam empunhando o fuzil, reconhecível pelo formato do pente.

    Direto e reto

    Publicidade

    O Avtomat Kalashnikova foi lançado em 1947 – daí o nome AK-47

    1. São três modos de disparo: travado, semiautomático (um tiro por vez) e automático (600 tiros por minuto). É só usar esta alavanca acima do gatilho

    Publicidade

    2. Quando a arma é carregada, o ferrolho rotativo avança, empurrando o cartucho ao mesmo tempo que gira em seu próprio eixo. Isso facilita o movimento de entrada do cartucho, que se posiciona na culatra

    Continua após a publicidade

    3. Ao apertar o gatilho, o cão da arma bate no percursor, que estoura o explosivo do cartucho. Os gases gerados expulsam a bala pelo cano a mais de 2,5 mil km/h

    Publicidade

    4. Enquanto a bala percorre o cano, os gases da explosão da pólvora não têm por onde escapar (já que o cartucho tapa uma ponta e o projétil a outra). Quando a bala está prestes a sair, uma abertura direciona parte dos gases a um tubo paralelo

    5. Os gases pressionam um êmbolo, que empurra uma haste e desloca o suporte do ferrolho para trás. O ferrolho recua, arma o cão para o próximo disparo e abre a culatra, que cospe o cartucho usado. Isso libera espaço para um novo cartucho entrar na câmara, graças à mola do carregador, que empurra a munição para cima

    Publicidade

    6. O movimento do ferrolho é freado por uma mola que o devolve à posição inicial e empurra o novo cartucho para a culatra

    Peso – 4,3 kg (carregada)

    Continua após a publicidade

    Tamanho – 87 cm de comprimento

    Velocidade da bala – 700 m/s aproximadamente

    Alcance – 300 m (efetivo)

    Pente – 30 cartuchos

    Cartucho – calibre 7,62 x 39 mm

    Continua após a publicidade

    O segredo do sucesso

    Quatro inovações que consagraram o fuzil

    Mais espaço

    Armas desse tipo tendem a emperrar quando há neve, lama ou água envolvida. O AK-47 sofre menos com o problema, porque tem mais espaço entre as peças. Além disso, a sujeira não se acumula. É expelida no processo de disparo

    Giro parafuso

    O ferrolho comum empurra o cartucho à culatra. O AK usa ferrolho rotativo, que, além do movimento normal, gira em seu eixo. Isso ajuda a entrada do cartucho e diminui as chances de emperrar

    Munição mais leve

    Enquanto os fuzis de sua época usavam munições pesadas, o AK apostou em uma intermediária, com coice mais tranquilo. Isso democratizou seu uso, já que os menos experientes aguentavam o tranco sem perder a precisão

    Formato de banana

    O famoso pente curvo tem uma razão de ser. As balas são mais finas na ponta, então, ao colocar os cartuchos uns sobre os outros, eles se agrupam naturalmente na forma icônica de banana

    Continua após a publicidade

    LEIA TAMBÉM:

    + Quais são os treinamentos de tropa de elite mais difíceis do mundo?

    + Como eram os túneis que derrotaram os EUA no Vietnã?

    + Qual é a origem das armas de fogo?

    + Existem armas proibidas em guerra?

    A arma que democratizou a guerra

    Da Venezuela ao Vietnã, do Afeganistão ao Zimbábue, o AK-47 influenciou todos os conflitos pós-2ª Guerra

    1947

    LANÇAMENTO

    O russo Mikhail Kalashnikov, veterano da 2ª Guerra, consegue a aprovação da fabricação em larga escala de seu fuzil, que levou anos de trabalho de desenvolvimento. Inspirado no pioneiro MP40, o AK-47 passa por cerca de 100 modificações até 1949

    1956-1964

    ÍCONE SOCIALISTA

    No contexto da Guerra Fria, a União Soviética autoriza que outros países socialistas fabriquem o fuzil. Assim, Bulgária, Alemanha Oriental, Hungria, China e Polônia passam a produzir o AK

    1955-1975

    GUERRA DO VIETNÃ

    Com a entrada dos Estados Unidos na Guerra do Vietnã, pela primeira vez o AK, usado pelo Vietnã do Norte, estava frente a frente com o norte-americano M-16, seu principal adversário. A arma dos EUA levou um pau, pois emperrava com umidade e sujeira. Por outro lado, AKs que ficaram enterrados por anos depois da guerra funcionaram (e bem) quando foram desencavadas

    1974

    INOVAÇÃO

    Surge uma nova versão, o AK-74, com um terço a menos do coice do AK-47. O cabo e a coronha, antes de madeira, passam a ser de polímero, o que o deixou mais leve (3,4 kg). As balas diminuem (5,45 x 39 mm), mas ficam mais letais, fragmentando-se dentro do corpo

    Continua após a publicidade

    1979-1989

    GUERRA DO AFEGANISTÃO

    Pela primeira vez o AK é usado contra os soviéticos. Em plena Guerra Fria, os mujahedins (“guerreiros sagrados”) do Afeganistão procuraram a assistência dos EUA. Assustados com o alto poder de destruição do AK-74, eles reivindicam armas iguais ao governo norte-americano, que passa a comprá-las, principalmente na China

    1989

    MERCADO DE ARMAS

    Milhares de AKs alimentam a guerra civil que se alastra no Afeganistão. Nos anos seguintes, o fuzil se espalha por países vizinhos, criando rotas de armas que duram até hoje. Nesse momento, era possível comprar versões fabricadas artesanalmente em países do Oriente Médio. O modelo soviético custava em média US$ 1.400, o chinês US$ 1.150 e o artesanal, bem mais barato, US$ 400

    Fim dos anos 90

    ÁFRICA EM FÚRIA

    Devido ao baixo custo e à alta confiabilidade, o AK se espalha pela África. Estima-se que de 1990 até os anos 2000, o continente tenha enfrentado mais de 100 conflitos armados. Nessa época, um AK poderia ser comprado por míseros US$ 10

    1993

    PAZ EM MOÇAMBIQUE

    Após o fim da guerra civil, há entre 5 e 10 milhões de armas no país, a maioria AKs. Seu impacto cultural é tão grande que vai para a bandeira moçambicana (além disso, está no brasão de armas do Zimbábue)

    Começo dos anos 90

    GUERRA ÀS DROGAS

    O tráfico internacional cresce vertiginosamente. O arsenal que sobra com o fim das guerras civis de independência da América Central e o colapso da URSS se desloca para grupos guerrilheiros e cartéis de drogas na América Latina.. Devido à resistência em qualquer tipo de situação e ambiente, o AK é perfeito para grupos localizados na úmida Floresta Amazônica

    2005

    PACOTE VENEZUELANO

    Hugo Chávez, presidente da Venezuela, encomenda 100 mil AKs. Anos antes, as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) haviam comprado modelos com problema de reabastecimento na América Latina. Por causa disso, Chávez é acusado de querer municiar as Farc

    Fonte: Livro AK-47 – A Arma Que Transformou a Guerra, de Larry Kahaner

    Publicidade
    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Domine o fato. Confie na fonte.

    10 grandes marcas em uma única assinatura digital

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo
    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de R$ 2,00/semana*

    ou
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba Super impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de R$ 12,90/mês

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.