Gastando muito dinheiro. Para levar uma tripulação humana ao planeta vermelho, a conta ficaria na casa das centenas de bilhões de dólares. E o problema é que a Nasa, a agência espacial americana, anda com o cinto apertado. No auge do programa Apollo, que levou o homem à Lua, 4,4% do total de gastos do governo dos Estados Unidos ia para a agência. Atualmente, essa fatia é de apenas 0,7%, ou US$ 15 bilhões. Por isso, ainda não dá para prever quando o ser humano pisará em Marte. Mesmo assim, as pesquisas continuam.
Os cientistas já sabem como fazer para pousar lá uma nave – difícil mesmo será manter gente trabalhando no planeta por meses a fio. Para isso, é fundamental que haja energia elétrica em abundância. A energia solar não serve, pois Marte recebe apenas 44% da radiação do Sol que chega à Terra. A solução seria usar minirreatores nucleares. Outro problema é o combustível para a volta, que precisaria ser produzido em Marte, a partir do dióxido de carbono de sua atmosfera. Por enquanto, o plano é testar essas e outras possíveis soluções usando naves-robôs, que também perfurarão o solo em busca de água. Se acharem, ficará mais viável mandar uma missão tripulada. Dados sobre o planeta não faltam.
A primeira espaçonave a fotografá-lo de perto foi a Mariner, em 1964. Depois dela, outras missões famosas – as naves Viking 1 e 2 (entre 1975 e 1982), o veículo de exploração Mars Pathfinder (1996) e o satélite Mars Odissey (2001) – também captaram muitas imagens para estudar a composição química e o clima do planeta. Mas para que ir até Marte? Segundo a Nasa, o principal motivo é checar se o planeta tem condições para, um dia, abrigar seres humanos permanentemente.
VEÍCULOS DE VANGUARDA
Jipes com cabines pressurizadas permitiriam aos astronautas dispensar capacetes e roupas especiais. Assim, a tripulação poderia se deslocar num raio de 500 quilômetros, protegida das terríveis tempestades de areia de Marte. Enquanto isso, a nave para a volta à Terra (à esquerda) permaneceria produzindo o combustível necessário para a viagem
LABORATÓRIO SOBRE RODAS
Em janeiro de 2004, devem chegar a Marte dois carros-robôs iguais a este, carregando equipamento científico e câmeras. Chamados Mars Exploration Rovers, eles se parecem com o velho Mars Pathfinder, de 1996, mas são muito mais eficientes. Enquanto o modelo antigo demorava um mês para rodar 100 metros, os novos percorrerão essa distância em um só dia
A Nasa planeja enviar naves capazes de retornar de Marte com pedras e amostras de solo, para poder estudar com precisão a composição do planeta. O material seria selecionado e recolhido nos arredores da nave, por robôs controlados daqui da Terra. Esse projeto está previsto para 2014
A tripulação que um dia pousará em Marte partirá de lá em uma cápsula minúscula. Com isso, não será preciso muito combustível para vencer a gravidade do planeta. Essa cápsula se uniria, então, ao veículo equipado para os seis meses de viagem de volta à Terra, que permaneceria à espera dos astronautas na órbita marciana, como um satélite
1 – Para ganhar velocidade, a nave ficará 30 dias girando em espiral ao redor da Terra. Enquanto a própria gravidade do nosso planeta impulsiona o veículo, seus motores farão com que ele se afaste gradualmente. Depois disso, a velocidade se manterá constante, pois não há atrito no espaço
2 – A nave terá de apontar para o ponto onde Marte passará cinco meses depois. A viagem tem de ocorrer na época em que o planeta está mais próximo de nós, a 56 milhões de quilômetros – para comparação, a Lua está a apenas 380 mil quilômetros de distância da Terra
3 – Depois de seis meses viajando a uma velocidade média de 13000 km/h, a nave chegará a seu destino.Para acelerar a jornada, a Nasa pensa em naves movidas por jatos de átomos ou luz solar. Após meses pegando impulso, elas atingiriam 240000 km/h
2003-2004
A nave Mars Express, da Agência Espacial Européia, deve pousar em Marte já em dezembro do ano que vem, com câmeras e radares para buscar vestígios de água. Em 2004, os Mars Exploration Rovers (na página ao lado) analisarão a química do solo e observarão rochas em escala microscópica
2007-2009
Nesse período, a Nasa pretende levar até lá um miniavião com câmeras embutidas para colher imagens voando rente ao solo. Para 2009, está agendada a ida de robôs com enormes rodas infláveis de mais de 1 metro de diâmetro, feitas especialmente para rodar em terrenos mais acidentados
2014
Além de enviar brocas robotizadas para perfurar o solo em busca de água, o projeto da Nasa prevê fixar uma rede de satélites ao redor de Marte (hoje há apenas dois). Eles monitorariam todo o planeta, facilitariam a comunicação com os robôs e dariam acesso à internet para futuras missões tripuladas