pergunta do leitor Arthur Lengler, Porto Alegre, RS
ilustra Jonatan Sarmento
edição Felipe van Deursen
Ainda é um mistério. O próprio fim da cultura do povo da ilha, os rapanuis, não foi inteiramente decifrado. A maioria dos especialistas diz que uma catástrofe ambiental os exterminou. Certo, os europeus contribuíram bastante e aceleraram o processo, já que escravizaram os ilhéus e trouxeram doenças mortais. Mas, quando isso aconteceu, os rapanuis já estavam em decadência. Os holandeses chegaram na Páscoa de 1722, e viram uma civilização com menos de 2 mil pessoas que passavam fome em uma ilha empobrecida e muito desmatada. A população local cairia para 100 em 1877.Nenhum moai foi feito desde então.
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“LONJURA”
A IIha de Páscoa é o ponto habitado mais isolado do mundo. Fica a 3,6 mil km da América do Sul e a 2 mil km da ilha mais próxima, Pitcairn. Ela tem apenas 163 km2, metade da área de Belo Horizonte. O nome dado pelos rapanuis, Te Pito o Te Henua, significa algo como “o umbigo do mundo”
FÁBRICA DE CABEÇAS
As estátuas eram esculpidas com ferramentas de basalto, mais duro que a rocha vulcânica, aos pés do vulcão Rano Raraku. O trabalho era conduzido por um mestre e um time de assistentes, e durava até um ano
PARA A ETERNIDADE
Ainda há 300 estátuas inacabadas próximas à cratera do vulcão. Em toda a ilha, existem cerca de 600 moais. Cada um deles representava um espírito de alguém importante que havia morrido
FRANGO E BATATA-DOCE
Polinésios chegaram à ilha, que era coberta de palmeiras, por volta do ano 1000. Os vilarejos mais ricos tinham galinheiros de pedra (as galinhas eram moeda). O solo vulcânico propiciava o plantio de batata-doce. Os pescadores iam atrás de golfinhos, mas eles também comiam focas e aves
OS INTOCÁVEIS
Uma teoria diz que as estátuas eram transportadas em trilhos de madeira. Enquanto uns puxavam, outros usavam hastes, como se remassem. O método teria contribuído para a devastação da ilha. Além disso, os moais não podiam tocar o solo. Se isso acontecesse, era preciso fazer um outro
ENFEITES
Ao chegar à vila, o moai era erguido com um tipo de guindaste. Os mais antigos, talvez, eram levantados com suportes de madeira e rampas de pedra. Eles ficavam sobre um altar de pedra, o ahu. Na aldeia, o moai ganhava olhos, feitos de coral. Os mais recentes também tinham pukao, um adorno na cabeça feito de rocha avermelhada, que representava o cabelo do falecido
GIGANTES DE PÉ
Outra teoria explica que as figuras eram transportadas em pé. Os rapanuis as levantavam com cordas e tábuas e as puxavam com movimentos giratórios, mais ou menos como se transportassem uma enorme geladeira. O método tinha um visual impactante, já que, visto de longe, parecia que o moai caminhava sozinho pela ilha
CRESCIMENTO
Em 1100, as primeiras estátuas tinham 2 ou 3 m de altura. Em 1400, chegaram a 10 m e 80 toneladas
CAOS ECOLÓGICO
O maior consumidor de madeira da ilha foi o aumento da população, que usava a matéria-prima também nas casas e canoas. Entre os séculos 16 e 17,Páscoa tinha de 15 a 20 mil habitantes. As áreas de cultivo ficaram cada vez maiores, devastando as árvores e o solo. A terra escassa abriu caminho para as guerras tribais. Nessa época, outro moai, kavakava, ficou popular. Era pequeno e de corpo esquelético. Os grandes foram abandonados
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Consultoria Colin Richards, professor de arqueologia e especialista em rapanuis na Universidade de Manchester (Reino Unido)
Fontes sites eisp.org e memoriachilena.cl; revista Aventuras na História, documentário Gigantes da Ilha de Páscoa, do History Channel