Como seria a escola ideal para estimular a inteligência múltipla?
Experts descrevem o ambiente ideal para que os oito tipos previstos na Teoria da Inteligência Múltipla fossem respeitados
Entenda a Teoria da Inteligência Múltipla
Conheça os 8 tipos de inteligência e descubra qual é a sua
1) RELAÇÃO MAIS PRÓXIMA
Uma das primeiras coisas que deveriam mudar: aquela noção de professor que entra na sala, expõe o conteúdo e vai embora depois de uma hora. Howard Gardner, criador da Teoria da Inteligência Múltipla, acredita na personalização: deve ser levado em conta que cada pessoa tem uma configuração de inteligências. Conhecendo melhor os alunos, o educador saberá a melhor forma de passar o conteúdo.
2) ALÉM DO QUADRO NEGRO
Para Gardner, o ideal é ensinar de várias maneiras: histórias, debates, jogos, filmes, diagramas e exercícios. “Quanto mais conseguirmos tirar o ensino da sala de aula e colocá-lo no ‘mundo real’, melhor”, diz o neurocientista Rogerio Panizzutti, da UFRJ. “As novas experiências ‘abrem’ o cérebro para aprender e mudar”.
3) AS MATÉRIAS CERTAS
Especificamente no ensino médio, Gardner propõe uma grade curricular focada em artes, matemática, história e ciência. Detalhe: não importa a ciência, mas sim o “pensar cientificamente”; e não importa o tipo de história, mas como os estudos históricos são feitos (as evidências usadas, por exemplo). Já as artes servem para turbinar criatividade e raciocínio, especialmente nos mais novos.
4) MÃO NA MASSA
Na Finlândia, considerada modelo de educação, as escolas apostam cada vez mais em projetos. Em busca de soluções para problemas fictícios ou reais, os alunos aprendem de forma interdisciplinar, desenvolvendo raciocínio crítico e espírito de equipe. Por exemplo, dentro do assunto “União Europeia”, é possível tratar de temas como geografia, política e sociedade.
5) CAIU? LEVANTA!
Para aprender, não pode haver o medo de errar. Os fracassos estimulam a reavaliação, a comunicação e a busca por novas informações. Todos esses aspectos são essenciais a um dos temas mais benquistos na sociedade hoje: o empreendedorismo (a motivação pessoal na concretização de projetos práticos que beneficiam o indivíduo ou a comunidade).
6) MENOS DO MESMO
Um estudo da Universidade do Texas (EUA) separou alunos em grupos e pediu que calculassem o preço de ações na bolsa de valores. Equipes com diversidade étnica e cultural entre seus membros tiveram índices de acerto em 58%. Equipes mais homogêneas, ao contrário, erraram mais. É uma das várias evidências recentes de que o convívio com opiniões, históricos e culturas diferentes favorece o aprendizado.
7) (RE)DECORAR
Os alunos devem assumir a missão de reconfigurar a sala de aula de acordo com a necessidade. Na escola Eanes ISD, no Texas (EUA), carteiras e mesas são movidas para facilitar o trabalho colaborativo. Na Escola e Complexo Esportivo Dr. Posch (Áustria), não há lousas e cadeiras, mas espaços que podem ser adaptados a diferentes formas de ensino.
8) HORA DO SINAL
“Aulas expositivas com duração de 50 minutos ultrapassam nossa capacidade de manter a atenção, atualmente em torno de 20 minutos”, diz Panizzutti. Dinamismo também é importante na fixação. Na New City School, em Saint Louis (EUA), os alunos encenam eventos históricos, cuidam de uma horta e usam instrumentos musicais nas aulas de biologia.
9) TODO MUNDO SE AVALIA
Esqueçam as provas, aquelas com data fixa, para as quais o aluno passa a noite anterior estudando feito um louco. A avaliação deve ser em 360º, a partir de exames práticos e teóricos, apresentações e desempenho diário. Na Finlândia, além de aferidas pelos professores, as crianças avaliam umas às outras – isso ajuda a criar cidadãos mais educados.
FONTES Sites American Psychological Association, BBC, Britannica, Edutopia, Howard Gardner, Independent, Multiple Intelligences Research and Consulting Inc., New City School, Planeta Sustentável, Project Zero – Graduate School of Education e Universidade Harvard; livro A Psicologia da Inteligência, de Jean Piaget; e revistas Wellcome, NOVA ESCOLA e SUPERINTERESSANTE
CONSULTORIA Ana Paula Porto Noronha, professora do programa de pós-graduação stricto sensu em psicologia da Universidade São Francisco (SP), José Aparecido da Silva, professor de psicobiologia da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto da USP, e Rogerio Panizzutti, psiquiatra, neurocientista e professor da UFRJ