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Como surgiu a maçonaria?

Tijolinho por tijolinho: o grupo surgiu na Idade Média, mas suas crenças pregam uma história bem mais antiga

Por Bruno Lazaretti
Atualizado em 4 out 2022, 11h37 - Publicado em 24 jun 2016, 15h03
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1) Filhos de Noé

Diferentes autores maçons traçam o início da mitologia em torno da irmandade a vários pontos da história religiosa. Alguns dizem até que Adão era maçom! A tese mais “aceita” entre eles determina que os descendentes de Noé (o da arca) foram um tipo de “maçons ancestrais”, porque, como hebreus, acreditavam em um único Deus criador e na imortalidade da alma – dois preceitos fundamentais do grupo

2) Divididos, cairemos

Ainda segundo a crença maçom, os herdeiros de Noé misturaram-se com diversos outros povos na Torre de Babel. Mas, quando ela desabou, os preceitos da irmandade (chamados de “mistérios”) se espalharam para diversas outras religiões, que passaram a praticar, portanto, a “maçonaria espúria”. Os hebreus continuaram com a “maçonaria pura”

3) Obra divina

O grande momento lendário maçônico é a construção do Templo de Salomão. Ele simboliza o início da maçonaria como a conhecemos hoje porque uniu brevemente as duas divisões. Os espúrios, que encaravam a maçonaria mais como prática de engenharia, foram os construtores; os puros, que a viam mais como uma religião, foram os sacerdotes do rei Salomão

4) Segredos que matam

O arquiteto Hiram Abif tinha um pouco dos dois grupos: ele organizou a edificação do templo e a criação dos rituais. Ou seja, conhecia todos os segredos. Três operários gananciosos tentaram arrancar esse conhecimento, não conseguiram e o mataram. Essa traição e o sacrifício de Abif para proteger a irmandade são considerados, até hoje, o “big bang” da maçonaria

maçonaria 2
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5) Origem operária

Historiadores acreditam que pedreiros itinerantes da Idade Média foram os verdadeiros precursores da ordem. Seus conhecimentos exclusivos de como construir grandes edificações, como castelos e igrejas, os deixavam em posição privilegiada: eles tinham autonomia dentro dos reinos, mas também ficavam próximos do poder, “apadrinhados” por reis e pelo clero.É daí que vem o nome do grupo: “masonry”, em inglês, é a técnica de construção com tijolo e argamassa

6) Abre a lojinha!

No século 18, a maçonaria começou a se organizar em Grandes Lojas, que passaram a aceitar cada vez mais gente de diversas profissões e posições sociais. A sabedoria operativa (de erguer templos e castelos) deu espaço à sabedoria especulativa, filosófica. No século 19, duas Grandes Lojas europeias viraram referência: a Grande Oriente da França e a Grande Loja Unida da Inglaterra

7) Made in America

Se a Europa foi o berço da maçonaria moderna, os EUA foram o salão de festas. Desde a era colonial já havia duas grandes Lojas que não se bicavam. Após a independência do país, a maçonaria foi constituída do zero, com Lojas independentes das europeias, e até com seu próprio sistema de gradação (o Rito de York), que hoje é seguido por 80% dos maçons do mundo

8) A briga final

A maçonaria passou por muitas outras divergências e subdivisões. A última relevante foi em 1877. A Grande Oriente da França, mais liberal, determinou que a crença em uma religião monoteísta não seriamais critério para admitir novos membros. A Loja Unida da Inglaterra achou uma afronta. Surgiam a maçonaria continental (mais liberal) e a regular (mais conservadora).

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FONTES Livros Encyclopedia of Freemasoney and Its Kindred Sciences e The Symbolism of Freemasonry, de Albert G. Mackey; O Livro Secreto daMaçonaria, de Otavio Cohen; Born in Blood – The Lost Secrets of Freemasonry, de John Robinson; Three Distinct Knocks, autor anônimo; Masonry Dissected, de Samuel Prichard; The Brotherhood, de Stephen Knight; Morgan’s Exposure of Free Masonry, de William Morgan; Manual of Freemasonry, de Richard Carlile; Duncan’s Masoic Ritual and Monitor, de Malcom C. Duncan; Low Twelve: By Their Deeds Ye Shall Know Them, de Edward S. Ellis; Pamphlets on Freemasons’Rituals and Practice in Brazil, da Universidade de Princeton; e General Ahiman Rezon, de Daniel Sickels. Artigos Maçonaria: História e Historiografia, de Celia M. Marinho de Azevedo; e The Third Degree Tracing Board, de Terry Spalding-Martin. E sites The New York Times, Former Masons, Hermetic, freemasonry.bcy.ca e freemasons-freemasonry.com

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