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E se o governo imprimisse mais dinheiro para dar aos pobres?

Não, essa não seria a solução.

Por Thais Sant'Ana
Atualizado em 14 fev 2020, 17h44 - Publicado em 22 jul 2015, 13h09

PERGUNTA André, Maceió, AL

Haveria uma falsa sensação de melhora na economia seguida por inflação desenfreada. É isso que acontece quando a impressão de dinheiro não acompanha um aumento na produção de bens e serviços: com mais grana no bolso, as pessoas compram demais e os produtos faltam, ficando mais caros. E, não, isso não é uma suposição – a história comprova.

Quando Juscelino Kubitschek presidiu o país, entre 1956 e 1961, notinhas extras foram impressas para pagar as dívidas criadas pelo seu projeto de expansão. O processo de inflação que veio em seguida foi tão grande que só começou a diminuir décadas depois, com a implantação do plano real em 1994. Para ter uma ideia, em 1993 a inflação anual chegou a 2.477%. É por isso que imprimir dinheiro não é solução para a miséria: no final, os pobres continuariam pobres, mas com um monte de notas desvalorizadas no bolso.

Dinheiro na sarjeta

Pior caso de hiperinflação da história rolou na Hungria após a 2a Guerra. Em julho de 1946, os preços dobravam a cada 15 horas. Tudo porque, para financiar a guerra, o governo imprimiu notas sem controle

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Nasce em árvore

Imprimir dinheiro e distribuir só traria alívio momentâneo – em seguida, viria o caos

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1. Quem tem o poder de mandar imprimir dinheiro é o Banco Central, que daria essa ordem à Casa da Moeda. Os órgãos responsáveis por fiscalizar o Banco são o Conselho Monetário Nacional e a Comissão de Valores Mobiliários, mas ambos possuem pessoas ligadas ao governo em suas equipes. Ou seja: a fiscalização seria facilmente driblada

2. A melhor forma de repassar o dinheiro aos pobres seria diminuir as taxas de juros (leia Como os bancos ganham dinheiro?, em bit.ly/bancosgrana). Só isso já faria com que as famílias preferissem manter seu dinheiro em circulação em vez de investido. Nos EUA, por exemplo, após a crise de 2008, o FED (banco central) cortou sua taxa básica de juros a zero

3. Imprimindo grana, inicialmente haveria otimismo. As pessoas gastariam mais em bens e serviços como alimentos, eletrodomésticos, restaurantes etc. Isso impulsionaria a economia em todos os setores, desde os profissionais liberais (advogados, jornalistas etc.) até o comércio e a indústria. Haveria um aumento geral de vendas e de lucros

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4. Mais dinheiro circulando significaria maior demanda pelos bens e serviços produzidos – que são o valor real da economia, e não o dinheiro, que é só um meio de troca. E não dá para aumentar a produção tão facilmente. Com o tempo, as empresas atingiriam seu limite e as pessoas, com dinheiro sobrando, continuariam querendo comprar. Os bens começariam a faltar

5. O resultado inevitável seria aumentar os preços como forma de tentar reequilibrar o poder de compra com o que a sociedade pode produzir no curto prazo. A inflação generalizada tornaria todo o ambiente da economia incerto e descontrolado, e os empresários passariam a não investir ou a investir muito pouco. O crescimento da economia cairia, gerando uma crise

6. O Banco Central conhece bem a tragédia que descrevemos e, por isso, não imprime dinheiro à toa. Se a inflação aumenta, a forma de tentar controlá-la é subir os juros e reduzir a quantidade de moeda em circulação. Há outras maneiras mais “criativas”, como tabelar ou congelar preços e confiscar a renda da população, mas costumam fracassar

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Fábrica de tutu

Saiba de onde vêm as verdinhas

Se o governo não fica imprimindo mais dinheiro, o que faz a Casa da Moeda? Ela queima as notas velhas e imprime novas para substituí-las! O custo de produção era de cerca de R$ 0,17 por nota, mas as cédulas novas, que vêm sendo instituídas gradualmente desde 2010, custam um pouco mais: R$ 0,24. A duração varia de 14 meses para as cédulas de 2 e 5 e até um ano e meio para as de 10, 20, 50 e 100. A Casa da Moeda fica no Rio de Janeiro e pode ser visitada.

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FONTES Banco Central consultoria Marcelo Moura, professor de macroeconomia e finanças do Insper, e Carlos Mello, economista da UFRGS

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