É verdade que os Beatles acabaram por causa da Yoko Ono?
A presença dela não ajudou. Mas o fato é que John e Paul já não se aguentavam há um certo tempo
A melhor resposta talvez seja a de George Harrison, em depoimento ao documentário Anthology, de 1996: “Seria injusto colocar em Yoko Ono toda a culpa por nossa separação, porque àquela altura já estávamos todos cheios. Mas talvez ela tenha sido a catalisadora”. Ou seja: já havia bastante tensão e conflito entre os quatro Beatles quando Yoko entrou publicamente em cena, durante as gravações de The Beatles -mais conhecido como The White Album (“Álbum Branco”)- em 1968.
A presença constante de Yoko ao lado de John Lennon e o fato de ele valorizar muito mais a opinião dela, como artista de vanguarda, que a de seus parceiros musicais, teria apenas acelerado o processo de dissolução, que, mesmo assim, ainda se estenderia por dois anos. Independentemente da presença de Yoko, os Beatles haviam chegado àquela fase terminal, pela qual passam quase todas as bandas de rock, em que os talentos individuais começam a se sentir limitados e surgem as famosas “diferenças criativas”.
Quando entraram em estúdio para gravar o “Álbum Branco”, Lennon e Paul McCartney não mais compunham juntos e Harrison pressionava para incluir mais composições suas além da cota tradicional de duas por álbum. Resultado: os três passaram a gravar suas participações em separado, ou acompanhados apenas por Ringo Starr. Logo surgiram mais dois motivos de brigas sérias: Paul queria colocar seu sogro, Lee Eastman (um dos donos da Kodak), como empresário da banda e também queria que voltassem a se apresentar ao vivo. Mesmo assim, não resta dúvida de que Yoko e o modo como John deixava claro que era ela, e não mais a banda, o que havia de mais importante na sua vida, criaram uma divisão irreparável entre ele e os outros três Beatles.