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Mulheres que mudaram a história: Princesa Isabel do Brasil

Filha do imperador dom Pedro 2º, a princesa regente lidou com as pressões do parlamento e assinou a lei que acabou com a escravidão no país

Por Tiago Cordeiro
Atualizado em 22 fev 2024, 10h06 - Publicado em 6 mar 2018, 15h45

 

O que foi: Princesa e rainha regente
Onde viveu: Brasil
Quando nasceu e morreu: 1846-1921

Ao longo do século 19, apenas nove mulheres comandaram países. Isabel foi uma delas. Em três ocasiões, na ausência de seu pai, dom Pedro 2º, ela assumiu o posto de rainha regente. Na terceira, assinou a lei que acabava com a escravidão no Brasil.

Curiosamente, a medida aumentou a popularidade da monarquia, mas a afastou em definitivo das classes mais ricas e poderosas – os donos de escravos não receberam indenizações. Isabel, que teria sucedido o pai e se tornado rainha do Brasil quando ele morreu, em 1891, acabou vivendo na França a partir da proclamação da República, em 1889, até o fim da vida, em 1921.

EDUCAÇÃO ESMERADA

Isabel foi educada como seu pai havia sido: aulas de latim, francês, inglês, alemão, história, literatura, astronomia, física e filosofia, seis dias por semana. Mas era visível sua preferência pela vida de dona de casa. Apaixonada pelo marido, o francês conde d¿Eu, ela acabou por conquistá-lo com mimos e carinhos.

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Na idade adulta, pouco participava da política do Império, coisa que seu pai tampouco estimulou. Temia que a princesa apenas deixasse o marido governar em seu nome. E o conde era muito malvisto no país.

Até a Abolição da Escravatura, assinada um ano antes do exílio, em boa parte da vida Isabel foi uma figura impopular. Passava boa parte do tempo em Petrópolis, longe dos bastidores da corte. Por outro lado, estimulou a música e a criação de flores ornamentais.

A princesa foi rainha regente em três momentos diferentes. Na primeira vez, tinha apenas 25 anos e aprovou a Lei do Ventre Livre, de 1871, que garantia liberdade aos filhos de escravas nascidos a partir daquela data. Na segunda ocasião, em 1876, ela se viu diante de um cenário político turbulento. Na terceira vez, já no fim do reinado (e da vida) do pai, foi quando ela decidiu encarar o processo gradativo que conduzia ao fim da escravidão.

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INSEGURANÇA VISÍVEL

Quando soube da assinatura da Lei Áurea, dom Pedro 2º estava na Itália, muito doente. Sua esposa, a imperatriz Teresa Cristina, contou a notícia. “Demos graças a Deus”, ele reagiu. “Grande povo! Grande povo!”

Isabel foi a segunda dos quatro filhos do rei. O mais velho, Afonso, morreu com 2 anos. A ausência de um filho homem mais velho e a insegurança da princesa deram margem aos boatos de que haveria um dom Pedro 3º – que seria Pedro Augusto, filho de Leopoldina, a finada irmã mais nova de Isabel. Anos depois, ele seria diagnosticado com transtorno bipolar.

Isabel é candidata à beatificação, mas a imagem da libertadora é exagerada: no momento em que ela assinou a lei, a escravidão estava ultrapassada e havia uma pressão internacional para acabar com essa instituição.

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Dica de livro – Princesa Isabel do Brasil, de Roderick J. Barman (Editora Unesp), analisa a trajetória da nobre.

SEUS MAIORES ACERTOS

  • Libertou os escravos – Isabel pediu a libertação de negros como presente de casamento. Manteve-se totalmente contrária à escravidão desde a juventude
  • Governou como pôde – Duas das vezes em que substituiu o pai aconteceram em momentos difíceis. Mesmo assim, ela tentou manter a rotina do governo
  • Estimulou as ciências – Apesar de não querer o poder, Isabel era mais culta do que o marido. Tinha o gosto do pai por ciências e estimulou pesquisas

FRACASSOS

  • Não quis o poder – Isabel foi preparada para governar, mas não tinha vontade de assumir os pesos do posto. Sempre que pôde, evitou a política
  • Não foi neutra – Quando agiu, a rainha regente deu mais atenção a um grupo mais liberal. Com isso, deixou os conservadores insatisfeitos com a monarquia
  • Era carola – Católica fervorosa numa época que pedia governantes independentes da Igreja, ela não era considerada boa candidata a rainha
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