ILUSTRA Tom Ventre
EDIÇÃO Felipe van Deursen
A QUEDA DE JERUSALÉM
Liderados por Nabucodonosor 2º, soldados babilônios cercaram a cidade, destruíram o Templo de Salomão e expulsaram os judeus
LEIA A REPORTAGEM “AS HISTÓRIAS QUE A BÍBLIA NÃO CONTOU”
– Arca de Noé
– Êxodo
– Sansão
– Davi
– Queda de Jerusalém
– Crucificação
Teve golpe
Em 597 a.C., o rei babilônio, Nabucodonosor 2º, invadiu Jerusalém, deportou parte da população e colocou no trono Sedecias (ou Zedequias). Oito anos depois, o rei virou a casaca e se rebelou. Em 588 a.C., os babilônios marcharam de novo para Jerusalém e garantiram o controle da capital, ao custo de destruição, mortes e incêndios
Ponto estratégico
A queda de Jerusalém foi consequência de disputas políticas e territoriais. A pequena Judá ficava em uma região costeira, importante para o comércio, o que sempre a colocou no alvo de potências. Antes dos babilônios, os assírios controlavam a área
Defesas
Em 701 a.C., outro rei, Ezequias, preocupado com os assírios, reforçou as muralhas e as equipou com catapultas. O rei ordenou a construção de um túnel subterrâneo, que ligava um reservatório de água à cidade. Mesmo se fosse sitiada, a população não morreria de sede
Muro abaixo
Os babilônios eram experts em cercos. Para derrubar uma fortificação, usavam o aríete: a madeira pesada fazia buracos nas muralhas. Flechas davam proteção para os soldados se aproximarem com as torres de assédio (estrutura de madeira com escadas internas). Eles ainda cavavam galerias sob as muralhas de proteção das cidades
O cerco
Segundo a Bíblia, os babilônios ficaram 18 meses acampados atrás das muralhas, onde construíram rampas de ataque. Isso impediu a população de sair e os mantimentos de entrarem. Quando o povo já passava fome, o exército invadiu a cidade. O profeta Jeremias, um dos autores que descrevem o cerco no livro sagrado, foi capturado
Destruição
A devastação em Jerusalém teria sido total. O exército de Nabucodonosor, para evitar insurreição, incendiou a cidade inteira, saqueou o que pôde e mandou milhares de judeus, especialmente membros da elite e intelectuais, para o exílio na Babilônia. Gedalias foi nomeado novo governante, mas acabou assassinado dois meses depois por um membro da família real de Judá
Jeremias sabe tudo
O profeta vinha prevendo a queda de Jerusalém, que seria castigada por Deus, pois o povo persistia no pecado da idolatria. Jeremias afirmava que a fome imposta pelos babilônios seria tanta que mães comeriam seus próprios filhos. Ele foi acusado de traidor, porque disse aos hebreus que nem adiantaria resistir: era melhor se entregar logo ao inimigo
A casa caiu
Construído pelo rei Salomão em 957 a.C., o Templo de Jerusalém foi saqueado e incendiado. Segundo a Bíblia, lá estava a Arca da Aliança, que guardava as tábuas dos Dez Mandamentos. Após a invasão, a arca nunca mais foi vista
Baú perdido
Os babilônios tinham uma lista dos itens roubados, e em nenhum momento a Arca foi mencionada. A Bíblia diz que Jeremias a escondeu em um monte chamado Nebo. Porém, o arqueólogo israelense Dan Barat explica que dizer que algo foi ao monte Nebo significa que ele foi para o beleléu. A Bíblia teria sido interpretada ao pé da letra
O que a ciência diz
O episódio da queda de Jerusalém tem embasamento. O historiador romano Flávio Josefo o registrou no século 1. Além disso, um tablete babilônio menciona um oficial que também está no livro de Jeremias na Bíblia. A coleção de tabletes relata ainda o primeiro cerco feito por Nabucodonosor, mas não o segundo. Para os babilônios, outros conflitos da mesma época foram mais relevantes, como a tomada de Karkemish, na Síria
- Jeremias provavelmente existiu. O escriba Baruque ben Neriah, a quem ele ditava seus textos no exílio, apareceu em documentos judaicos encontrados em escavações em 1975 e 1996
FONTES Bible Archaeology, Biblical Archaeology, British Museum, Jewish Virtual Library, Journal of Archaeological Science, Slinging; livros A Bíblia: Uma Biografia, de Karen Armstrong, Bíblia, Deus, Uma Biografia, de Jack Miles, Excavating Jesus, de John Dominic Crossan e Jonathan L. Reed, The Mystic Past, de Thomas L. Thompson, e Jesus, Coleção Para Saber Mais, de Rodrigo Cavalcante e André Chevitarese