Pergunta da leitora Lígia Correia, São Paulo, SP
Edição Felipe van Deursen
Por causa de um fenômeno psicológico conhecido como pareidolia. Na verdade, não são “algumas pessoas”. Todos nós podemos sentir esses efeitos. Ele acontece quando recebemos estímulos visuais imprecisos e aleatórios e damos a eles uma interpretação compreensível. Por isso, às vezes vemos rostos, animais ou objetos – e não só nas nuvens como também em montanhas e outras superfícies irregulares. Da mesma forma, também somos capazes de identificar frases ou palavras a partir de ruídos incoerentes. É uma tendência natural do cérebro para identificar padrões e classificar esses estímulos com base nos referenciais da nossa memória.
TUDO JUNTO
Quando percebemos um som ou objeto, nossos sentidos não analisam as informações captadas de forma isolada. Elas são integradas com conhecimentos e experiências anteriores. Além disso, motivações, emoções, expectativas e o contexto são importantes. Por isso, um fã de mapas pode ver o desenho do Canadá em uma nuvem, enquanto um fazendeiro vê uma ovelha deitada
SOBREVIVÊNCIA
A capacidade de reconhecer e dar sentido a ruídos e objetos é um sinal da evolução. Nossos antepassados dependiam tanto da habilidade de identificar semelhantes quanto predadores. Isso explica, por exemplo, por que podemos confundir uma corda com uma cobra. Essa percepção ilusória é uma tentativa do organismo de encontrar significado lógico para algo que não entende
MIL ROSTOS
Na maioria das vezes, a pareidolia está relacionada à percepção de faces humanas. Não é de espantar a nossa grande facilidade de reconhecer faces em qualquer lugar. Somos seres sociais, o que foi fundamental para nossa sobrevivência como espécie. Isso ajuda a explicar por que religiosos às vezes veem rosto de santos no fogo, em pedras ou em outras superfícies
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Consultoria Lívia da Silva Bachetti, doutoranda em psicobiologia pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCL-RP), da Universidade de São Paulo (USP) e membro da Associação Brasileira de Psicologia (ABP)