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Qual a aparência do Diabo, segundo o cristianismo?

A Bíblia fala pouco sobre a aparência do diabo. A imagem que temos dele foi criada durante a expansão do cristianismo, assimilando traços de outros mitos

Por Cláudia de Castro Lima
Atualizado em 22 fev 2024, 10h24 - Publicado em 7 jul 2016, 17h43

ILUSTRA André Toma

 

ESTA MATÉRIA FAZ PARTE DA REPORTAGEM DE CAPA O UNIVERSO DOS ANJOS E DEMÔNIOS. CONFIRA AS OUTRAS PARTES:

+ Como é a hierarquia dos anjos católicos?

+ Como Lúcifer foi expulso do paraíso e transformado em Satanás?

+ 6 histórias de pessoas que tiveram contato com o capeta

+ De acordo com a demonologia, quem são os sete líderes do inferno?

 

 

O Diabo só é citado com mais ênfase na Bíblia cinco vezes: nas tentações de Eva, Jó e Cristo, no apocalipse final e em sua “queda”. Por isso, a Bíblia fala pouco sobre a aparência do diabo. A imagem que temos dele foi criada durante a expansão do cristianismo, assimilando traços de outros mitos.

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1) ROSTO

Há poucas descrições do capeta na Bíblia. Tudo o que os cristãos consideravam “do mal” foi sendo associado a ele ao longo dos séculos. Por exemplo: a barbicha e a pele morena foram herdadas dos árabes muçulmanos. Eles foram os “inimigos” durante as Cruzadas – movimentos militares cristãos que se estenderam do século 11 ao 13 para a conquista da Terra Santa. Já a cara feia veio do deus egípcio Bes, que tinha uma carranca assustadora para afugentar espíritos do mal.

2) CABELO

Às vezes, ele é representado com um cabelo “rebelde”. Alguns acadêmicos sugerem que esse visu foi “copiado” da cabeleira desgrenhada e suja dos bárbaros que invadiram Roma a partir do século 4. Ou ainda do deus grego Apolo (considerado um ídolo pagão após a consolidação do cristianismo). O cabelo representaria a natureza selvagem e bestial do demo.

3) PENTAGRAMA INVERTIDO

O pentagrama aparece em várias culturas ao longo da história e já foi até venerado pelos primeiros cristãos como símbolo das cinco chagas de Jesus. Nos anos 40, passou a ser associado com a nova religião Wicca. Mas depois que o ocultista Anton LaVey fundou a Igreja de Satã, em 1966, e inverteu o pentagrama, ele se tornou um sinônimo indissociável do chifrudo.

4) ASAS

Uma possível explicação para as asas está no Novo Testamento: o livro Apocalipse associa o “mal” a um dragão (mas não confirma que o bichão é Satanás). Outra origem provável está na mitologia chinesa, cujas gravuras de dragões foram vistas por missionários cristãos pela primeira vez no século 16. A terceira vem do livro A Divina Comédia, de Dante Alighieri, que descreve Satã com seis asas dotadas de olhos.

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5) TRIDENTE

O tridente apareceu bastante em pinturas da Renascença. É possível que tenha sido “emprestado” de Poseidon, deus grego dos mares, que, por sua vez, teria sido influenciado pelos raios triplos do deus babilônio Adad, de cerca de 2000 a.C. Outra teoria é que não se trata de um tridente, mas sim de um gancho bifurcado, instrumento de tortura da época da Inquisição.

6) PÉS DE BODE

Os pés de bode e os chifres que conhecemos hoje vieram do deus grego Pã. Isso porque essa divindade praticava orgias, e Satã foi associado ao uso do sexo como forma de fazer os homens caírem em tentação. E também porque Pã habitava ambientes selvagens – e, para a Igreja, esses locais eram os favoritos dos espíritos malignos.

7) REPRESENTAÇÃO

Estudos do historiador Henry Ansgar Kelly, da Universidade da Califórnia, mostram que, no texto original da Bíblia, o diabo era um tipo de advogado de Deus. Seu papel era perseguir e acusar os pecadores. Ele só virou um “vilão” porque a Igreja precisava de uma representação do mal supremo, em oposição à bondade de Deus.

 

CONSULTORIA Volney Berkenbrock, doutor em teologia pela Universidade de Bonn, na Alemanha, e professor de pós-graduação em ciência da religião da Universidade Federal de Juiz de Fora, e Gary E. Gilley, doutor em teologia pela Universidade de Cambridge

FONTES Livro Satã – Uma Biografia, de Henry Ansgar Kelly, documentáriosSatanás, Príncipe das Trevas e Portões para o Inferno e tese acadêmicaSpeak of the Devil: A Brief Look at the History and Origins of Iconography of the Devil from Antiquity to the Renaissance, de Eric Williams

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