Qual o significado das estrelas nos uniformes dos times brasileiros?
No Brasil essas estrelas não têm um significado único. Os times as colocam nos uniformes pelos mais variados motivos. Quase sempre elas são usadas para lembrar grandes títulos conquistados, mas também existem aquelas que marcam a data de fundação do clube e até mesmo as que prestam homenagens a atletas de outros esportes. Para confundir […]
No Brasil essas estrelas não têm um significado único. Os times as colocam nos uniformes pelos mais variados motivos. Quase sempre elas são usadas para lembrar grandes títulos conquistados, mas também existem aquelas que marcam a data de fundação do clube e até mesmo as que prestam homenagens a atletas de outros esportes. Para confundir ainda mais as coisas, alguns times colocam estrelas em seus uniformes num ano e no outro as retiram, sem dar maiores explicações ao torcedor. Essa falta de critérios que existe aqui é bem diferente do que ocorre na Itália, por exemplo. Lá, os times só podem exibir uma stella doro (“estrela dourada”) acima dos escudos quando conquistam dez campeonatos nacionais – honra alcançada por apenas três clubes até hoje: Internazionale (que tem 13 títulos), Milan (16) e Juventus, o único a usar duas estrelas, pois possui 26 títulos.
A idéia de usar o símbolo a cada dez campeonatos italianos nasceu em 1958, após a Juventus ganhar seu décimo título nacional. A decisão foi tomada por Giuseppe Pasquale, então presidente da liga dos clubes italianos – entidade responsável pela organização do torneio. Apesar de ter virado tradição na Itália, essa padronização não pegou em outros lugares. Se no Brasil os times enchem os uniformes de estrelas sem seguir nenhum critério, em outras potências no mundo do futebol, como Espanha, Inglaterra, Alemanha e Argentina, ninguém dá muita bola para elas e os clubes preferem manter suas camisas com os escudos limpos, livres de qualquer constelação.
O símbolo comemora de títulos à data de fundação dos clubesAtlético Mineiro
A estrela dourada acima do escudo lembra o único título de campeão brasileiro do clube, conquistado em 1971. O Atlético já teve também duas estrelas vermelhas no uniforme, entre 1997 e 1999. Elas representavam os dois títulos do time na Copa Conmebol (em 1992 e 1997), um torneio sul-americano que não existe mais.
Botafogo
As quatro estrelas douradas homenageiam o tetracampeonato carioca obtido pelo Botafogo em 1932/33/34/35. No centro do escudo, há ainda a famosa “estrela solitária”, que virou apelido do clube e surgiu em 1942, quando o Botafogo Football Club se fundiu com o Club de Regatas Botafogo, que tinha uma estrela como um dos símbolos.
Corinthians
Começou a montar uma constelação no uniforme a partir dos anos 90. As três estrelas douradas menores comemoram os títulos de campeão brasileiro obtidos em 1990, 1998 e 1999. Acima delas, uma estrela também dourada, mas um pouco maior, simboliza a conquista do Mundial de Clubes da Fifa, em 2000.
Cruzeiro
Tem a camisa cheia de estrelas, mas curiosamente nenhuma delas representa os grandes títulos do time. As cinco estrelas brancas na verdade estão dispostas como a constelação Cruzeiro do Sul, que, além de ser um dos principais símbolos do Brasil, inspirou o nome do clube em 1942, quando ele deixou de se chamar Palestra Itália.
Flamengo
As quatro estrelas alinhadas podem ser vermelhas, na camisa branca, ou prateadas, na rubro-negra, e lembram os quatro tricampeonatos cariocas que o Flamengo ganhou: 1942/43/44, 1953/54/55, 1978/79/79 (campeonato especial) e 1999/2000/2001. Já a estrela dourada acima delas é pelo título do Mundial Interclubes de 1981.
Fluminense
As três estrelas douradas se referem aos três tricampeonatos cariocas do time, em 1917/18/19, 1936/37/38 e 1983/84/85. O curioso é que o Fluminense também tem no seu currículo de glórias um tetracampeonato carioca, obtido em 1906/07/08/09, que, no entanto, não recebeu o mesmo tipo de homenagem.
Grêmio
A estrela de bronze representa os campeonatos brasileiros de 1981 e 1996. A prateada lembra os títulos da Taça Libertadores, em 1983 e 1995. Por fim, a dourada é pelo Mundial Interclubes de 1983. O clube tem ainda uma estrela solitária na sua bandeira, em homenagem ao gremista Everaldo, campeão do mundo pela Seleção Brasileira em 1970 e que morreu num acidente de carro em 1974.
Internacional
O tradicional clube gaúcho já ganhou o Campeonato Brasileiro por três vezes: em 1975, 1976 e 1979. Também levou a taça da Copa do Brasil disputada em 1992. São essas quatro grandes glórias no futebol nacional que são saudadas pela constelação de estrelas douradas acima do escudo do Internacional.
Palmeiras
Já teve estrelas acima do escudo. Em 2002, por exemplo, eram quatro em homenagem às conquistas dos campeonatos brasileiros de 1972, 1973, 1993 e 1994. Este ano, porém, na camisa só há o escudo, que por sua vez também tem estrelas. São oito, lembrando o mês de agosto, o oitavo do ano e aquele no qual o Palmeiras foi fundado, em 1914.
Santos
As duas estrelas douradas são pelo bicampeonato Mundial Interclubes, em 1962/63. O Campeonato Brasileiro de 2002 não rendeu uma nova estrela por coerência. É que o Santos não encara essa conquista como algo inédito, considerando-se heptacampeão nacional por causa dos títulos que tem da Taça do Brasil (1961/62/63/64/65) e da Taça de Prata (1968).
São Paulo
O bicampeonato Mundial Interclubes em 1992/93 rendeu as duas estrelas vermelhas acima do escudo são-paulino. Mas e as duas douradas? Elas não têm nada a ver com o futebol. São uma homenagem a Adhemar Ferreira da Silva, bicampeão olímpico e atleta do clube, pelos dois recordes mundiais no salto triplo que ele obteve em 1952 e 1955.
Vasco
Quatro estrelas se referem aos campeonatos brasileiros de 1974, 1989, 1997 e 2000. A quinta é pelo Campeonato Sul-Americano de 1948; a sexta, pela Taça Libertadores de 1998; a sétima, pela Copa Mercosul de 2000. A oitava estrela lembra o chamado “Campeonato de Terra-e-Mar” em 1945, quando o Vasco ganhou os torneios estaduais de futebol e de remo.
Como ficariam os distintivos se houvesse uma padronizaçãoJá que os times não se entendem sobre o uso das estrelas, Mundo Estranho resolveu propor uma unificação de critérios. Cada campeonato brasileiro conquistado renderia uma estrela de bronze no uniforme; cada título da Taça Libertadores, uma de prata; e cada mundial de clubes valeria uma estrela dourada. Se essa padronização fosse aceita pelos clubes e pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF), os escudos ficariam assim: