A dublagem nasceu no rastro do cinema sonoro. Os filmes eram mudos até 1927, quando chegou às telas O Cantor de Jazz. A começar dessa produção, o público pôde finalmente ouvir os atores. Com a euforia produzida pelo cinema sonoro, surgiu um problema: como as platéias que não falavam inglês iam assistir aos lançamentos de Hollywood? Para contornar essa situação, grandes estúdios como a MGM e a Paramount chegaram a filmar em Paris versões francesas de longas-metragens americanos. Claro que esses filmes em duas versões eram muito caros – e ainda assim não atingiam o público dos tempos do cinema mudo. A solução apareceu em 1930, quando os diretores Edwin Hopkins e Jacob Karol lançaram The Flyer, o primeiro filme a utilizar um sistema de sonorização que permitia substituir as vozes originais por outras gravadas em estúdio. Países europeus pegaram carona nessa invenção e soltaram os primeiros filmes dublados ainda no começo dos anos 30. No Brasil, onde os longas estrangeiros passavam com legendas, a novidade da dublagem chegou no fim da década – o grande marco foi a estréia do desenho animado Branca de Neve e os Sete Anões, de Walt Disney, lançado em 1937 e dublado no ano seguinte. Naqueles primórdios, os atores tinham de gravar todos juntos no estúdio, olhando para a tela sem a ajuda do som. “Os filmes levavam de três a quatro vezes mais tempo para serem dublados do que atualmente”, afirma o lendário produtor e diretor Herbert Richers, fundador de um dos estúdios pioneiros no país. Hoje, os dubladores gravam suas falas sozinhos, com a ajuda de um fone de ouvido onde rola o texto original. E, no fim das contas, um filme demora em média de 25 a 30 horas para ganhar sua famosa “versão brasileira”.
Versão brasileira… Invenção da década de 30 permitiu que os filmes tivessem falas em outros idiomas, inclusive o português
1930
Usando um sistema de gravação que permitia substituir as vozes dos atores por outras gravadas em estúdio, os diretores Jacob Karol e Edwin Hopkins lançam o filme The Flyer. A nova técnica abriu as portas para a dublagem, desenvolvida nos anos seguintes em países como Alemanha, Espanha, França e Itália
1938
Estréia no Brasil o longa-metragem Branca de Neve e os Sete Anões, um dos primeiros a ganhar versão brasileira. A dublagem teve as canções adaptadas para o português pelo compositor João de Barro, o Braguinha. A voz de Branca de Neve ficou a cargo de Dalva de Oliveira, a “rainha do rádio”
1946
Herbert Richers cria um dos primeiros estúdios de dublagem 100% nacional. Em 1958, nasce a Grava-Son, empresa criada para fazer as versões nacionais das séries da Columbia Pictures. Na telinha, o primeiro programa exibido em português foi a série americana Ford na TV, ainda em 1958
1962
Um decreto do presidente Jânio Quadros determina que todos os filmes transmitidos pela TV deveriam ser dublados. A medida impulsionou o surgimento de estúdios como o AIC (atual BKS), que dublou séries clássicas como Os Flintstones, Perdidos no Espaço e Viagem ao Fundo do Mar
1992
O ator Robin Williams faz a voz do gênio da lâmpada no desenho Aladdin. Desde então, os astros de Hollywood invadiram a dublagem das superproduções animadas. O exemplo mais impressionante é Formiguinhaz, de 1994, que contou com as vozes de Woody Allen, Sharon Stone, Sylvester Stallone, Danny Glover, Dan Aykroyd e Anne Bancroft