Que espécies invasoras causaram grandes desastres ecológicos?
Conheça seis casos desastrosos de plantas e animais levados para novos habitats e que tiveram um impacto destruidor na ecologia ou economia local
O número de espécies invasoras no mundo está na casa dos milhares – e crescendo. Segundo o Global Invasive Species Database (Base de Dados Global de Espécies Invasoras), só o Brasil tem 174 espécies invasoras que causam algum impacto ambiental negativo.
Fora de lugar, animais, plantas, fungos e micro-organismos têm potencial devastador de desequilibrar ecossistemas, geralmente devorando uma espécie local ou reproduzindo-se descontroladamente. A coisa é grave: espécies invasoras são a segunda maior ameaça à biodiversidade do planeta, atrás apenas do aquecimento global.
Confira alguns dos casos mais chocantes deste fenômeno.
KUDZU
Origem Japão e sudeste da China
Invasão Em 1876, estas plantas foram levadas aos EUA para conter a erosão de beiras de rio e servir de forragem para o gado
Impacto Escapou da área de plantação e espalhou-se pelo sudeste e norte do país. Cresce três vezes mais rápido do que qualquer outra planta e ameaça culturas importantes, como a soja
Combate Plantar essa espécie é proibido por lei. Os focos são erradicados com pesticidas.
CARAMUJO-AFRICANO
Origem Leste e nordeste da África
Invasão Chegou ao Brasil em 1988, apresentado como substituto ao escargot europeu. Ninguém curtiu e os criadores soltaram no mato
Impacto Uma das piores pestes das regiões tropicais e subtropicais, rasteja por 23 estados brasileiros. Ataca plantações e conseguem prosperar em lixões
Combate Nos anos 60, os norte-americanos conseguiram libertar a Flórida (que também era invadida), com veneno, coleta manual e campanhas. Aqui tenta-se o mesmo.
SAPO-CURURU
Origem Américas Central e do Sul
Invasão Em 1935, foram levados à Austrália para controlar pragas nas plantações de cana-de-açúcar, seguindo um plano bem-sucedido no Havaí
Impacto Superpopulação e veneno. Predadores como cobras e lagartos tentam comer e caem vítimas das glândulas de toxina dos sapos
Combate O incentivo à caça se provou ineficaz diante da capacidade de reprodução (são 30 mil ovos por desova). Agora o plano é destruir os ovos
CARANGUEJO-CHINÊS
Origem Costa leste da Ásia
Invasão Puseram as garras primeiro na Alemanha, em 1912, aonde chegaram de carona em navios europeus. Alcançaram o Reino Unido em 1935
Impacto Os caranguejos cavam buracos na beira dos rios e provocam erosão e entupimentos. Podem se infiltrar rapidamente em outros rios do país
Combate A estratégia é simples: comer! Frito é uma delícia, como bem sabem os chineses. No Reino Unido, a pesca poderá ser incentivada
PÍTON-BIRMANESA
Origem Sudeste da Ásia
Invasão Nos anos 90, esses animais de “estimação” fugiram ou foram soltos por criadores na Flórida e em Porto Rico (EUA)
Impacto Transmitem doenças a cobras locais e competem com elas por alimento – são tão grandes que comem até jacarés
Combate O deslocamento das pítons é controlado por rádios, que rastreiam dispositivos inseridos em algumas das cobras. Também são usados cães farejadores e armadilhas com feromônios
ILHA DOS ROEDORES
Ratos-marrons estão detonando o santuário ecológico da Geórgia do Sul, ilha britânica no Atlântico
1) Carga maldita
Muito comuns na Europa, os ratos-marrons entraram de gaiato em porões de baleeiros e navios caçadores de focas que aportaram na ilha com frequência entre os séculos 18 e 20. Uma vez que os ratos colocaram as patinhas na ilha, começaram a se multiplicar.
2) Terra prometida
Na ausência de predadores, os ratos se reproduziram pela ilha sem ameaças. Altamente adaptáveis, os membros dessa espécie sobrevivem a climas frios cavando tocas e empilhando-se para conservar calor. Os cientistas do Projeto de Restauração do Habitat da ilha falam em milhares de roedores, embora não exista um censo com o número exato dessa população.
A ilha acolhe cerca de 30 milhões de aves e as ninhadas de 29 espécies de pássaros. Espécies nativas, como o caminheiro-antártico (Anthus antarcticus) e a marreca-parda (Anas georgica georgica) também são ameaçadas pelos ataques dos roedores. Os ninhos ficam no solo, o que tornam filhotes e ovos presas fáceis para para os ratos.
4) Apocalypse Now
Uma nova fase do combate aos ratos foi executada em fevereiro de 2013, quando três helicópteros espalharam 270 toneladas de iscas envenenadas pela ilha. A operação procurou aumentar o sucesso da primeira tentativa, de 2011, que espalhou 50 toneladas de iscas em só 13% do território infestado. Até o fim de 2013, 60% da área infestada estava limpa.
FONTES Sites issg.org, sght.org, virginia.edu, environment.yale.edu e portal.fiocruz.br e Departamento de Zoologia do Natural History Museum de Londres
CONSULTORIA Tony Martin, chefe da equipe do Projeto de Restauração do Habitat, da ilha de Geórgia do Sul