Como é feita a cirurgia de redução de estômago?
Existem quatro técnicas para realizar a operação - e cada uma tem seus prós e contras
A redução do estômago realmente pode fazer uma pessoa emagrecer bastante. Quem passa por esse procedimento médico se sente satisfeito ingerindo uma quantidade de comida bem menor do que estava acostumado e os resultados na balança são imediatos. O problema é que a cirurgia não é indicada para qualquer pessoa. Se você tem só uns quilinhos a mais, esqueça, a redução do estômago não é para você. Afinal, qualquer intervenção médica implica certos riscos. Os médicos normalmente só a recomendam para quem sofre de obesidade mórbida e tem sérios problemas de saúde relacionados ao excesso de peso.
Essas pessoas, sim, têm muito a ganhar em termos de qualidade de vida. “A cirurgia é considerada bem-sucedida quando o paciente perde mais da metade do excesso de peso e consegue se manter assim por no mínimo cinco anos”, diz o gastroenterologista Carlos Eduardo Domene, da Universidade de São Paulo (USP). Há várias técnicas que podem ser usadas e nem todas elas são realizadas por meio de uma cirurgia traumática. Esse tipo de procedimento chegou ao Brasil no final dos anos 70, ganhou popularidade na década de 90 e, desde 2000, passou a ser realizado em hospitais públicos. As filas, porém, são grandes. “No Hospital das Clínicas (em São Paulo) fazemos duas ou três cirurgias por semana, mesmo assim a espera pode levar anos”, diz o gastrocirurgião Arthur Garrido Jr., também da USP.
Aqui estão quatro das principais técnicas, que têm o mesmo objetivo: fazer a pessoa comer menos
VANTAGENS – Não é necessária uma cirurgia e pode ser uma boa opção para pessoas muito gordas que já tentaram seguir várias dietas e até tomaram remédios sem ter sucesso na perda de peso. Se o balão estourar, o tal líquido azul sai pela urina e dá o alerta
DESVANTAGENS – Em relação às outras técnicas de redução do estômago, provoca uma perda de peso pequena (menos de 20% do excesso). Outro problema é que o balão também pode causar náuseas e precisa ser retirado ou trocado em no máximo seis meses
Gastroplastia com anel – Passagem restrita
COMO É – Uma pequena parte do estômago é literalmente grampeada, ficando isolada do resto do órgão. Essa chamada bolsa gástrica é bem pequena e faz a pesso a se sentir satisfeita comendo muito pouco. A implantação de um anel de silicone na sua parte final também restringe a passagem do alimento para o resto do estômago, onde terá prosseguimento o processo digestivo
VANTAGENS – Apesar de ser uma cirurgia invasiva, o tubo digestivo se mantém intacto e, se os alimentos forem bem mastigados, não haverá perda de ferro, cálcio, vitaminas e outros nutrientes que são absorvidos pelo estômago
DESVANTAGENS – Há a possibilidade de a linha grampeada que separa a bolsa gástrica do resto do estômago se romper no pós-operatório, o que pode resultar em infecções graves. Se a ruptura acontecer depois desse período crítico, o paciente pode voltar a ganhar peso
Desvio biliopancreático – Atalho digestivo
COMO É – Uma cirurgia extrai parte do estômago. Além disso, é criado um atalho no processo digestivo com uma alça alimentar feita a partir do intestino delgado. A comida ingerida passa a circular pela alça e só tem contato com substâncias como a bile e o suco pancreático – importantes para a absorção de gorduras – no final do intestino. Por isso a absorção da gordura também diminui
VANTAGENS – Não é só a absorção de gorduras que diminui, o mesmo acontece com outros nutrientes importantes, o que pode levar a problemas de desnutrição. Assim, o paciente precisa manter sempre um acompanhamento nutricional
DESVANTAGENS – Uma parte fundamental da perda de peso obtida com essa técnica está relacionada à queda na absorção de gorduras e não apenas através da restrição à quantidade de comida ingerida. Por isso, o paciente pode se alimentar quase normalmente
Transposição gástrica com banda – Método dois-em-um
COMO É – É a técnica mais usada no Brasil atualmente. Uma bolsa gástrica também é criada, como no método da gastroplastia com anel, só que, em vez de permanecer isolada do resto do estômago apenas pela linha de grampos, ela é separada totalmente do órgão. Além disso, um anel é colocado na saída da bolsa, o que aumenta ainda mais a sensação de saciedade. Por fim, essa saída é conectada ao intestino delgado, criando um atalho que diminui a absorção de gorduras
VANTAGENS – Como dá para perceber, ela une duas técnicas, a gastroplastia com anel e o desvio biliopancreático. Por isso, a perda de peso é bastante expressiva
DESVANTAGENS – O risco de os grampos estourarem diminui, pois a bolsa gástrica é totalmente separada do estômago, mas um efeito indesejado da técnica do desvio biliopancreático permanece: a perda da absorção de nutrientes importantes