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22 provérbios curiosos de outros países

Você já sabe que, no Brasil, não se deve olhar os dentes de um cavalo dado. Mas como são os outros ditados por aí?

Por Bruno Machado
Atualizado em 22 fev 2024, 10h30 - Publicado em 11 jan 2016, 16h42

o móvel preferido do diabo é o banco comprido

ILUSTRAS Leandro Lassmar

1. “O móvel preferido do diabo é o banco comprido”

Original Des Teufels liebstes Möbelstück ist die lange Bank
País Alemanha
É uma crítica ao ócio ou à preguiça — no idioma original, o tal banco é aquele em praças e jardins, bom para se deitar. A frase provavelmente é derivada da expressão alemã “colocar (algo ou alguém) no banco comprido”, que significa cancelar, adiar, perder o interesse

2. “Muitos pequenos riachos fazem um grande rio”

Original Mange bække små gør en stor å
País Dinamarca
Dependendo da circunstância, pode equivaler a três frases folclóricas brasileiras: “A união faz a força”, “Devagar se vai ao longe” ou “É a gota d’água” (aquele momento em que várias pequenas atitudes se acumulam e a última gera um grande conflito)

3. “Aquele que nunca se queimou ao sol não sabe o valor da sombra”

Original Güneste yanmayan gölgenin kiymetini bilmez
País Turquia
Num país cuja temperatura média máxima em certas regiões pode chegar a 39 °C, essa metáfora particularmente “ensolarada” lembra que a gente só costuma dar valor a alguma coisa quando a perde (ou quando passa necessidade)

4. “Quem não sabe de onde veio nunca vai encontrar o seu destino”

Original Ang hindi lumingon sa pinanggalingan, hindi makakarating sa paroroonan
País Filipinas
Poderia estar numa letra de Chitãozinho e Xororó, mas é apenas um salawikain, tradicional tipo de ditado filipino com forte carga moral e filosófica. Aprenda: sem conhecer suas raízes, você não saberá determinar sua missão de vida

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5. “O professor abre a porta; você entra sozinho”

País China
Está indo mal na escola? Para os chineses, não adianta culpar os outros: é responsabilidade do aluno se aprofundar nos ensinamentos. No idioma original, a frase alude ao budismo: o mestre pode até introduzir os preceitos da religião, mas cabe ao discípulo a prática diária

muito trabalho e pouca diversão tornam jack um menino aborrecido

6. “Muito trabalho e pouca diversão tornam Jack um menino aborrecido”

Original All work and no play makes Jack a dull boy
Países EUA e Reino Unido
Não, a frase datilografada por Jack Nicholson em O Iluminado não foi uma invenção do roteiro do filme. Ela remonta à obra do sábio Ptah-Hotep, no Egito antigo, e foi catalogada na Inglaterra no século 17. O recado é direto: quem só trabalha sem relaxar aborrece a si mesmo e aos outros

tanto vai a gata ao toucinhi que deixa a patinha

7. “Tanto vai a gata ao toucinho que deixa a patinha”

Original Tanto va la gatta al lardo, che ci lascia lo zampino
País Itália
Em outras palavras: quem faz algo errado, cedo ou tarde será descoberto. O verbo lasciare também pode significar “deixar para trás” ou “perder”. Portanto, a felina pode ter ficado perneta — aproximando o provérbio de “A curiosidade matou o gato”

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quem se torna uma ovelha acaba devorado pelo lobo

8. “Na boca do lobo!”

Original In bocca al lupo!
País Itália
É um desejo de boa sorte. A origem é nebulosa: pode estar ligado a Rômulo e Remo, os “fundadores mitológicos” da Itália, que teriam sido amamentados por uma loba; ou ao costume de exibir a pele de lobos como sinal de bom agouro, em aldeias rurais. Outra expressão italiana de sorte é “No ânus da baleia!” (mas usando um certo palavrão…). Ela remete ao conto bíblico de Jonas e a baleia

9. “Quem se torna uma ovelha acaba devorado pelo lobo”

País Grécia
É uma trágica mistura das nossas expressões “Maria vai com as outras” e “Lobo em pele de cordeiro”. Para os gregos, quem se deixa guiar cegamente por um líder errado (ou de intenções ruins) inevitavelmente é manipulado e se dá mal

10. “Enquanto falamos do lobo, o lobo aparece na porta”

Original Mi o vuku, a vuk na vrata
País Croácia
Cuidado ao fofocar sobre alguém, pois a vítima pode surgir de repente. (No Brasil, usamos uma metáfora mais católica: “Falando no diabo, ele aparece”.) O provérbio também pode ser usado quando uma situação imaginada acaba se realizando

11. “Mesmo que o babuíno use um anel de ouro, ele ainda é uma coisa feia”

Original Al dra `n bobbejaan `n goue ring, bly hy nog `n lelike ding
País África do Sul
É um alerta sobre como as aparências enganam — uma versão muito mais curiosa e rústica do nosso “Nem tudo que reluz é ouro”. O africâner é a principal língua sul-africana, uma mistura de holandês com dialetos locais

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12. “Na falta de tordos, come-se melros”

Original Faute de grives on mange des merles
País França
Grives e merles são espécies de aves de caça da mesma família, sem tradução imediata para o português (“tordo” e “melro” são aproximações). Mas o próprio ditado tem algo similar na nossa língua: “Quem não tem cão caça como gato”. Ou seja: contente-se com o que está disponível

13. “Tocar violino para o búfalo ouvir”

País Tailândia
Em vez de evitar “Dar pérolas aos porcos” (ou atenção para quem não merece), os tailandeses escolhem bem qual bicho merece ouvir música. “Violino” é uma adaptação: o texto original cita o saw u, instrumento local feito de coco, também tocado com arco

14. “Alimente um cão por três dias e ele será grato por três anos. Alimente um gato por três anos e ele se esquecerá disso em três dias”

País Japão
O provérbio discute um dos valores mais importantes na cultura japonesa: a gratidão (nesse idioma, um único ideograma representa o conceito de favor e de obrigação). Ele ensina que devemos ser sempre gratos e retribuir cortesias

15. “Defenda-me das galinhas, dos cães não tenho medo”

País Romênia
Sabe aquele papo de “mantenha os amigos por perto e os inimigos mais perto ainda”? Seria algo nessa linha. Os cachorros representam os desafetos declarados e as galinhas são aquelas amizades falsas, cuja traição nem imaginamos

de espanha, nem bom vento, nem bom casamento

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16. “De Espanha, nem bom vento, nem bom casamento”

País Portugal
A frase tem explicação cultural (a eterna rixa entre as nações ibéricas) e também geográfica e histórica. Realmente, as correntes que chegam a Portugal vindas da Espanha são mais secas e rigorosas que as que vêm do Atlântico. E os casamentos entre nobres desses países raramente foram suaves — vide Carlota Joaquina e dom João VI

17. “A porta do carpinteiro está solta”

País Egito
No Brasil, a casa do ferreiro tem um espeto de pau. Mas, quando os egípcios querem se referir a pessoas que não aplicam seus conhecimentos profissionais na vida pessoal, apelam a esse provérbio, oriundo de uma fábula regional

a fome não é sua tia, ela não vai trazer-lhe uma torta

18. “A fome não é sua tia, ela não vai trazer-lhe uma torta”

País Rússia
Pô, esses russos têm tias muito desnaturadas! Na verdade, eles querem alertar que, em momentos de dificuldade, você tem que ajudar a si mesmo. Eles também usam a versão encurtada “A fome não é sua tia” quando querem introduzir algum assunto sério na conversa

19. “Não existe tempo ruim, mas, sim, roupas ruins”

Original Det finns inget dåligt väder, bara dåliga kläder
País Suécia
Qualquer clima ou temperatura é aceitável, desde que se esteja com as roupas certas. Portanto, tudo na vida é questão de se adaptar. O ditado também existe em inglês e foi utilizado por Charles Dickens no romance Dombey e Filho

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20. “Quando o diabo não tem o que fazer, mata moscas com o rabo”

Original Cuando el diablo no tiene qué hacer, con el rabo mata moscas
País Espanha
O refrane, como os espanhóis chamam os provérbios, é uma crítica ao ócio e às eventuais atividades inúteis que ele provoca. Na versão brasileira, o capeta também aparece: “Cabeça (ou mente) vazia, oficina do diabo”

21. “Não vá para Tula com seu samovar”

País Rússia
Seria algo como nosso “Não levar bolo para a festa”, ou seja, não fazer algo despropositado ou inútil. A cidade de Tula, a 193 km de Moscou, é famosa por fazer os melhores samovares (uma espécie de chaleira tradicional) de toda a Rússia. Na Inglaterra, se diz “Não leve carvão para Newcastle”, grande polo carbonífero no norte do país

22. “Frequentemente, belas nozes têm um núcleo feio”

Original Oft hafa fagrar hnetur fúinn kjarna
País Islândia
Tadinho dos islandeses: aquele trabalhão para abrir uma noz… e descobrir um recheio podre. No Brasil, o alerta para a beleza externa aborda outra comida, mais ligada à tradição lusitana: “Por fora, bela viola. Por dentro, pão bolorento”

DITADOS PARECIDOS NO MUNDO TODO

Provérbios já existiam na Antiguidade. Os primeiros registros estão em Apophthegmata Laconica, coleção espartana atribuída a Plutarco. Segundo o doutor em línguas pela USP Deonísio da Silva, é comum que alguns apareçam em vários idiomas: “Foi uma consequência das expansões do Império Romano na Antiguidade; e dos portugueses, espanhóis e britânicos, durante as Grandes Navegações”. Isso só reforça que, independentemente da cultura local, algumas das experiências e dos sentimentos humanos são mesmo universais. Confira três exemplos:

“Falar é prata, silêncio é ouro”
Em japonês “Não falar é uma flor”
Também existe em Alemão, espanhol e inglês

“Um pássaro na mão é melhor do que dois voando”
Em croata Bolje vrabac u ruci, nego golub na grani (“Melhor um pardal na mão do que um pombo nos ramos”)
Também existe emInglês, alemão e italiano

“Cavalo dado não se olha os dentes”
Em italiano A caval donato non si guarda in boca (idem)
Também existe em Inglês, francês e alemão

FONTES Livros European Proverbs in 55 Languages, de Gyula Paczolay, e Proverbs in Ten Languages, de E.B. Mawr, e sites Instituto Cervantes, Chinese to Learn, Rawlangs e Babel

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