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22% da população mundial pode desenvolver quadros graves de Covid-19

É o que afirma um estudo que estimou o número de pessoas com doenças crônicas no mundo - e que, por tabela, tem maior risco de sofrer com o novo coronavírus

Por Carolina Fioratti
16 jun 2020, 17h01

Idosos, pessoas com diabetes ou que têm problemas de pulmão e coração estão no chamado “grupo de risco” para Covid-19 – e, portanto, têm mais chances de sofrer com os sintomas da doença. Apesar desse ser um termo muito usado desde o início da pandemia, nunca se soube estimar ao certo a quantidade de pessoas que de fato tem um risco aumentado. Pelo menos até agora.

Uma pesquisa feita pela Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres, no Reino Unido, definiu a parcela da população mundial que possui alguma doença pré-existente – que poderia aumentar as chances que alguém possui de ser vítima do novo coronavírus.

De acordo com os cientistas, cerca de 1,7 bilhão de pessoas tem pelo menos uma condição de saúde que pode desencadear quadros graves de Covid-19. Isso corresponde a 22% do total de habitantes do planeta – o mesmo que dizer que 1 em cada 5 terráqueos tem risco aumentado. O estudo foi publicado na última segunda-feira (15) na revista científica The Lancet.

Vale, porém, lembrar que essa não é a uma regra: um diabético pode passar pela infecção tendo apenas sintomas leves, enquanto uma pessoa saudável pode ter maiores complicações – e até morrer – graças à ação do vírus.

De toda forma, a pesquisa estima que 4% da população mundial precisaria de hospitalização caso infectada. Existe hoje no planeta cerca de 7,8 bilhões de pessoas; se cada uma delas tivesse Covid-19, seriam 349 milhões de cidadãos precisando de hospitais.

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Para chegar aos dados, os cientistas extraíram informações da última atualização do Global Burden of Disease Study (2017), pesquisa epidemiológica mundial que mapeia as pessoas com doenças pré-existentes. Ao todo, avaliaram dados de 188 países, considerados informações como faixa etária e sexo biológico.

Vale deixar claro que, para o estudo, foram mapeadas apenas pessoas com condições crônicas. Logo, idosos saudáveis que também fazem parte do grupo de risco não entram na porcentagem de 22% da população que pode desenvolver a doença para quadros graves.

Fatores étnicos e econômicos também não entraram na conta, mas sabe-se que eles também podem influenciar na piora ou melhora da doença – devido, principalmente, ao acesso a serviços de saúde.

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Algumas diferenças, como a idade das pessoas, também foram expostas. Apesar de idosos saudáveis não terem sido considerados no levantamento, os maiores de 70 anos seguem sendo maioria com doenças subjacentes, representando mais de 66% dos casos.

Como é de se imaginar, os menores de 20 anos somam menos de 5% dos doentes crônicos. Para a população em idade ativa, entre 15 e 64 anos, o número é de 23%. Não houve diferenças significativas entre homens e mulheres, mas os pesquisadores pressupõem que as chances de os homens precisarem de hospitalização são maiores.

Desde o início de 2020, o novo coronavírus fez 8 milhões de vítimas ao redor do planeta, causando a morte de 434 mil pacientes. Alguns países, como a Nova Zelândia, chegaram a se declarar livres da doença, é verdade. Mas sem vacina, o surgimento de novas “ondas” de contágio é praticamente inevitável. Isso faz com que a Covid-19 não seja erradicada num futuro próximo.

No momento em que governos ensaiam uma reabertura econômica e laboratórios de todo o mundo trabalham no desenvolvimento da vacina, o estudo serve como uma base para a formulação de políticas públicas pelos países. Quais serão os grupos prioritários para receber a vacina? Quem deve continuar em casa mesmo com a flexibilização da quarentena? Estas e outras questões estarão no centro do debate da saúde pública mundial nos próximos meses.

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