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25 anos de Aids

O vírus que mudou costumes e matou 25 milhões de pessoas faz um quarto de século. Conheça os detalhes dessa história e saiba como serão as próximas décadas.

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Atualizado em 31 out 2016, 18h31 - Publicado em 28 fev 2006, 22h00

Texto Bárbara Axt

Não é sempre que se vê uma pandemia nascer. Mas foi o que aconteceu em 1981 nos EUA. Os hospitais relataram 41 casos de pacientes jovens com sarcoma de Kaposi, um câncer raro que até então se manifestava quase somente em idosos. E apesar de esse mal normalmente demorar anos para se agravar, os novos pacientes morriam pouco tempo depois de entrar no hospital. Um detalhe intrigou os médicos: todos eram homossexuais masculinos. Outros casos surgiram e logo ficou claro que havia uma nova doença, um “câncer gay”, batizado de grid (sigla em inglês para “imunodeficiência relacionada aos gays”). Nos anos seguintes, a doença se espalhou para heterossexuais e mulheres – até então considerados a salvo da epidemia – que haviam passado por cirurgias ou recebido transfusões de sangue. Foi então que a doença ganhou o nome de aids (sigla em inglês para “síndrome da imunodeficiência adquirida”).

Ainda no início dos anos 80, o vírus já tinha contaminado 89% dos hemofílicos dos EUA. Como não havia um teste para detectar o vírus, quem precisasse de uma transfusão de sangue não tinha muito o que fazer além de rezar para não ser infectado. Em seguida, o mal passou a atingir homens, mulheres, crianças e qualquer grupo social que você puder imaginar. As notícias de novas contaminações, somadas à falta de informações concretas sobre os mecanismos de transmissão, levaram a um estado de pânico. Muita gente se recusava a apertar a mão de alguém contaminado ou ficar na mesma sala, com medo de que a doença se transmitisse pelo ar como uma gripe. Na dúvida, ninguém queria arriscar. Durante o resgate de um acidente nos EUA, os bombeiros se recusaram a atender uma vítima por ela estar contaminada.

Em 25 anos, o HIV matou 25 milhões de pessoas e está presente em outros 40 milhões. É a 2a doença infecciosa que mais faz vítimas no mundo, logo atrás da tuberculose. Só que, ao contrário desta, a aids não tem cura. A epidemia derrubou economias, destruiu populações inteiras e mudou costumes. Por se alastrar também pelo sexo, a revolução sexual dos anos 60 e 70 pisou no freio e deu lugar à era do “sexo seguro”, com a redução do número de parceiros e com o uso de preservativos (em 1986, apenas 8% dos jovens brasileiros afirmaram ter usado camisinha na primeira relação sexual, contra 47,8% em 1998 e 65,8% em 2005). Depois de duas décadas e meia de pesquisa, já sabemos que a aids é causada por um retrovírus, o HIV, e também temos boas pistas de como ela se espalhou pelo mundo e como age. Só não temos a menor idéia de como resolver o problema. Daí a importância de conhecer essa história: os próximos 25 anos não devem ser lá muito mais fáceis do que esses que acabamos de viver.

Do macaco ao homem

Como surgiu a aids? Existem várias teorias, e todas elas aceitam o fato de que o HIV era, originalmente, um vírus que infectava primatas como o chimpanzé, que vivem vários anos com a infecção sem apresentar problemas. Em algum momento, o HIV passou para os seres humanos e começou a fazer estragos. O vírus se aloja nas células do sistema imunológico, que passam a destruir a si mesmas, deixando o corpo sem proteção para qualquer ameaça. Com as defesas do organismo sucateadas, uma gripe, uma pneumonia ou qualquer infecção oportunista podem ser fatais.

A primeira vez que o vírus chegou ao ser humano e começou a se espalhar deve ter sido por volta de 1930, como mostrou um estudo das informações genéticas do HIV liderado pela pesquisadora Bette T. Korber, do Laboratório Nacional de Los Alamos, EUA. Existem várias teorias para explicar como isso pode ter acontecido. Uma delas, a “teoria do caçador”, diz que foi pelo contato direto com os animais. Em certas regiões da África, é costume comer carne de chimpanzé e de outros primatas. Não é muito difícil imaginar que um caçador se machuque e que esse corte ou ferida entre em contato com o sangue da própria caça. Depois dessa infecção inicial, o vírus segue se adaptando e passando de pessoa para pessoa.

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Acontece que o vírus deve ter pulado para o ser humano mais de uma vez (veja quadro na página 70), o que abre espaço para outras possíveis origens. A mais polêmica foi publicada em 1999, no livro The River (“O Rio”, sem tradução em português), de Edward Hooper. Ele defende que o vírus teria pulado para o homem por meio de vacinas contra a pólio, aplicadas em massa nos anos 50 na República Democrática do Congo, Burundi e Ruanda. Hooper afirma que as vacinas contra pólio eram feitas a partir de células de chimpanzés contaminados. Hillary Koprowski, responsável pela vacinação, se defende dizendo que utilizou outros macacos, não o chimpanzé. Mas a verdade é que é praticamente impossível provar que a teoria esteja certa ou errada, já que para isso seria necessário analisar todo o material usado na confecção das vacinas há mais de 50 anos.

Mas se o vírus já era presente nos macacos há muito tempo, por que ele só apareceu em humanos no século 20? “Talvez ele tenha feito a transição dos macacos para os humanos outras vezes antes de 1930. Mas é possível que as condições de propagação entre humanos não fossem tão favoráveis, e os focos de pessoas contaminadas tenham simplesmente sido extintos sem passar o HIV adiante”, diz Paolo Zanotto, virologista e professor do Instituto de Ciências Biomédicas da USP. As “condições de propagação favoráveis” a que ele se refere são a chave para entender como a aids se tornou uma epidemia mundial – na verdade, uma pandemia – em tão pouco tempo.

Em primeiro lugar, no século 20, as cidades cresceram e o contato entre as pessoas aumentou. Ao mesmo tempo, o sistema de transporte melhorou: vírus capazes de matar humanos ganharam o luxo de viajar de avião e atravessar o mundo em pouco tempo, algo impensável há 100 anos.

E, por irônico que pareça, a própria medicina ajudou as epidemias a se espalharem. Transfusões sanguíneas e o uso maciço de injeções só passaram a acontecer em larga escala no século 20 e funcionaram como meios mecânicos de transmissão do HIV. Algumas tentativas de resolver esse problema – como a introdução de seringas descartáveis – muitas vezes tiveram resultado inverso. Por serem de plástico, essas seringas não podem ser fervidas ou esterilizadas, e, por conta da falta de recursos, muitas vezes são usadas mais de uma vez. Tudo indica que as grandes vacinações do século passado foram feitas com apenas poucas seringas – e, ao que tudo indica, continuam a ser reutilizadas até hoje em grande parte dos centros de saúde de países africanos como Chade, Suazilândia, Uganda e Costa do Marfim. Para piorar, a África Central mantinha nessa época campos de trabalhos forçados que funcionaram como centros de disseminação da aids, em que milhares de pessoas viviam em péssimas condições de higiene, na presença de prostitutas e sendo atendidas por pouquíssimos médicos e seringas.

Se o HIV já estava em circulação havia décadas, como ele só foi dar as caras na década de 1980? É que depois de cruzar a barreira entre espécies para seres humanos, o vírus teria levado um certo tempo para se adaptar e se espalhar a ponto de criar uma epidemia. Bem antes de a aids chegar ao Ocidente, ela já estava crescendo lentamente na África, sem nunca ter sido adequadamente analisada. Só algumas décadas depois, nos anos 70, ela chegou aos EUA onde foi pela primeira vez diagnosticada. Ainda não sabemos como isso aconteceu: há teorias que apontam, como porta de entrada na América, caribenhos que teriam viajado à África e trazido o vírus. O fato é que, capaz de esconder-se no organismo durante anos sem se manifestar, não é muito difícil que o vírus tenha silenciosamente viajado pelos continentes antes de ser detectado.

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A grande epidemia

Um problema desse tamanho pedia uma solução à altura. Bilhões de dólares começaram a ser investidos em pesquisas de vírus e foi só então que começamos a entender os truques deles para vencer as defesas do nosso organismo. Os resultados de tantos gastos não foram um sucesso, mas também não foram um fracasso. Temos hoje um coquetel de remédios capaz de atacar ao mesmo tempo vários pontos fracos do HIV, uma estratégia essencial para encarar um parasita capaz de mudar rapidamente e driblar as tentativas de exterminá-lo. Os remédios conseguem reduzir em 99% o número de vírus no organismo, mas o pouco que falta faz a diferença entre a cura e a enfermidade – e é mais difícil de ser eliminado que todo o resto. Alguns retrovírus conseguem se manter inativos por anos dentro de células do sistema imunológico, sem serem afetados pelos anti-retrovirais. Parece até que a pessoa está curada, mas ela continua sendo capaz de transmitir o HIV através de relações sexuais. E, se o tramento anti-retroviral for interrompido, o vírus pode simplesmente acordar e contaminar todo o resto do organismo novamente.

Mas, se no começo da epidemia as pessoas contaminadas morriam pouco após os primeiros sintomas, hoje uma pessoa com HIV tem vários meios de evitar que a doença se manifeste. Tornou-se importante diferenciar uma pessoa soropositiva – que tem o vírus HIV no sangue – de alguém com aids, ou seja, que apresenta alguma deficiência no sistema imunológico. O sucesso dos tratamentos fez até anunciarem que a doença havia deixado de ser fatal para virar um mal crônico, como o herpes ou a diabetes: algo com o qual se tem que conviver mas que, tomados os devidos cuidados, não atrapalha muito a vida.

Essa é mesmo a realidade de muitos brasileiros, mas, nesse caso, nós somos uma feliz exceção. Apenas uma fração mínima da população mundial tem acesso ao tratamento com anti-retrovirais, que ainda é bastante caro. Só para se ter uma idéia, em 2005, o governo brasileiro gastou 800 milhões de reais com medicamentos para 170 mil soropositivos. Devido à atuação eficiente do Ministério da Saúde, todas as pessoas soropositivas podem ser acompanhadas por médicos, e as que têm necessidade de tratamento recebem gratuitamente o coquetel de drogas anti-retrovirais. Também existem postos em que qualquer um pode fazer, anonimamente, o exame de sangue.

Na maior parte do planeta, entretanto, quem tem o HIV muitas vezes morre sem ter acesso a qualquer medicamento. Segundo relatório do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre o HIV/Aids (Unaids) apenas um em cada 10 africanos que precisam de tratamento recebe alguma assistência, enquanto na Ásia é um em cada 7. E de cada 10 pessoas portadoras do vírus no mundo, apenas uma fez o teste e sabe que está infectada. Sem prevenção, o HIV se espalha, e a África Subsaariana é o exemplo mais radical disso. A região, onde vive 10% da população mundial, concentra 60% de todos os portadores de HIV do mundo. Os números dão uma idéia da catástrofe: na Suazilândia, 43% da população está infectada pelo HIV, e em Botsuana, onde 37% da população está contaminada, a expectativa de vida caiu de 65 anos (entre 1990 e 1995) para 39 anos hoje, por causa da epidemia. “Nos países pobres, uma pessoa doente não tem condições de trabalhar e ainda precisa que seus parentes cuidem dela, o que desestabiliza a família. Alguns países em desenvolvimento viram a economia regredir 50 anos desde o começo da epidemia”, diz Renu Chahil-Graf, representante e coordenadora do Unaids no Brasil. Isso vira um círculo vicioso: com a família em frangalhos, crianças são obrigadas a sair da escola, deixam de aprender fatores de prevenção e se tornam mais suscetíveis a contrair o HIV. Em Botsuana, a previsão é que a diminuição da população economicamente ativa e o aumento no número de órfãos façam a renda per capita cair 13% nos próximos 10 anos. E as próprias crianças estão ameaçadas: a cada minuto, uma é infectada no mundo e outra morre em decorrência da aids.

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Os próximos 25 anos

As perspectivas não são boas para quem sofre, além do HIV, de pobreza. Algumas previsões, principalmente para a África, são assustadoras: segundo o Unicef, nos próximos 5 anos o continente vai ter 18 milhões de crianças que perderam seus pais devido à aids. O Unaids afirma que, se não houver investimentos de longo prazo, o número de vítimas da doença pode chegar a 83 milhões em 20 anos, mais de 3 vezes o número total de vítimas do HIV até hoje no planeta.

“A grande esperança na luta contra a aids está nas pesquisas científicas, que podem trazer uma cura ou uma vacina”, afirma Renu Chahil-Graf. Existem boas notícias nesse campo. No final de 2005, uma equipe liderada por David Margolis, da Universidade da Carolina do Norte, EUA, afirmou que o ácido valpróico, uma droga usada no tratamento de epilepsia, parece ser capaz de obrigar os vírus latentes, aqueles que ficam inativos dentro do sistema imunológico, a se desentocar, o que os torna vulneráveis ao tratamento. Pode ser um atalho para a cura, mas, como em toda pesquisa nesse campo, é preciso ter cuidado. O próprio Margolis diz que esse é um resultado importante, mas que ainda são necessárias muitas outras pesquisas para avaliar o efeito desse ácido e transformá-lo em um remédio.

Em um futuro próximo, não há previsão de alcançarmos uma cura ou vacina. Nessa situação, o melhor a fazer é impedir que o vírus se espalhe. “Cada dólar que deixa de ser gasto em prevenção significa despesas muito maiores no futuro, em tratamento ou mesmo em perdas na força de trabalho do país”, diz Chahil-Graf. Os programas de maior sucesso são aqueles que atacam o problema em duas frentes: educam a população em métodos de prevenção e, ao mesmo tempo, investem em tratamento de quem já está doente. Não é muito óbvio, mas faz sentido: segundo a Organização Mundial da Saúde, a prevenção e o tratamento funcionam muito melhor em dupla. Nas muitas regiões onde não existem remédios ou há preconceito contra soropositivos, para que uma pessoa vai querer saber se tem ou não o vírus? A disponibilidade de tratamento funciona como um estímulo para que as pessoas façam o teste de HIV. Em uma região de Uganda, por exemplo, a chegada de remédios fez o número de testes aumentar 27 vezes. E, quanto mais cedo o HIV é detectado, menos se gasta em tratamento e mais dinheiro sobra para campanhas de prevenção, criando um círculo virtuoso.

Mas a lentidão com que essas medidas são adotadas faz com que, depois de 25 anos de batalhas, ainda estejamos perdendo a guerra contra a aids. Em algumas regiões, o preconceito contra soropositivos aliado a tabus sexuais que eliminam a possibilidade de sexo seguro tornam inviável introduzir medidas de prevenção. “Em sociedades em que há discriminação, as pessoas se recusam até mesmo a falar sobre aids e HIV”, diz Chahil-Graf. Pode ser que um remédio ou vacina mude a situação, mas, por enquanto, as melhores armas a nosso dispor são também as mais simples: testes de HIV, uso de preservativos e seringas descartáveis e mente aberta para aceitar os métodos de prevenção. Se não aplicarmos essas pequenas medidas, não teremos melhorado nada desde a época em que alguns homossexuais apareceram com um câncer raro nos EUA. E os próximos 25 anos serão ainda mais terríveis.

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A era do sexo seguro

1930

Nessa década, um vírus que costumava atingir primatas africanos, o SIV (vírus da imunodeficiência símia) infecta com sucesso o primeiro ser humano, dando origem ao HIV.

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1959

Primeiro caso documentado de morte por HIV. A identificação foi feita décadas depois, em uma amostra de plasma sanguíneo de um homem que morreu onde hoje é a República Democrática do Congo.

1981

Diversos casos de sarcoma de Kaposi e pneumonia atacando jovens gays americanos levam à conclusão de que se trata de uma nova síndrome. No final do ano, já eram 121 casos de pessoas mortas pelo novo mal.

1982

O Centro de Controle de Doenças dos EUA afirma que a doença deve ser causada por uma infecção e passa a chamá-la de aids. Define o grupo de risco como gays, hemofílicos, haitianos e usuários de drogas.

1983

Identificado o retrovírus HIV como o causador da aids. A descoberta foi, depois de muita polêmica, dividida entre Luc Montagnier, de Paris, e o americano Robert Gallo. Os primeiros casos são diagnosticados no Brasil.

1984

Nos EUA um garoto hemofílico de 13 anos, portador do vírus da aids, é expulso da escola, causando uma polêmica nacional. Identificados os primeiros casos de transmissão por relações heterossexuais.

1985

Criado o primeiro teste de sangue para detectar a presença de HIV. Ele funciona identificando os anticorpos para o vírus. Só então os bancos de sangue começam a testar as amostras doadas.

1986

Surge o primeiro remédio para o tratamento da aids, o AZT, que apresenta resultados bem limitados. Ele funciona bloqueando uma enzima essencial para a replicação do vírus, a transcriptase reversa.

1988

A Organização Mundial da Saúde (OMS) institui o 1º de dezembro como Dia Internacional de Luta Contra a Aids. A fita vermelha, símbolo da luta contra a doença, surgiria 3 anos depois.

1991

Uma década depois de ser descoberto, o HIV já infecta mais de 10 milhões de pessoas, segundo a Organização Mundial da Saúde. No Brasil, o governo registra 11 805 casos da doença.

1996

Um tratamento conhecido como coquetel de drogas anti-retrovirais aumenta em vários anos a sobrevida das pessoas infectadas. O governo brasileiro passa a dar tratamento gratuito para quem tem aids.

2005

Em todo o planeta, 40 milhões de pessoas vivem com o HIV. Ao longo do ano, 5 milhões de pessoas foram infectadas com o vírus e 3 milhões morreram devido à aids. Dessas vítimas, 570 mil são crianças.

Quantas aids existem?

Várias, e nesse momento, dentro do organismo de alguém, pode estar sendo criada uma nova. É que a aids não é uma epidemia única: existem vários tipos e subtipos de HIV. Parte disso acontece porque o vírus passou dos macacos para homens mais de uma vez. “Foram pelo menos 3 focos. Uma dessas entradas deu origem ao HIV-2, que não veio do chimpanzé, como o HIV-1, mas do macaco-verde africano”, diz o virologista Paolo Zanotto. Temos de 8 a 10 subtipos do HIV-1, e o único lugar em que todos são encontrados é a África, o que reforça a teoria de que foi lá que começou a pandemia. Para piorar, essas variações se misturam. “Quando uma pessoa é infectada ao mesmo tempo por subtipos diferentes, os vírus trocam informações genéticas e criam recombinantes, que podem ser mais bem adaptados à transmissão heterossexual ou mais resistentes às drogas”, diz Zanotto. Acrescente a isso as mutações que o vírus sofre ao se replicar e verá por que é tão difícil dar um tiro certeiro contra a aids: o alvo é móvel.

Para saber mais

And the Band Played On: Politics, People, and the Aids Epidemic – Randy Shilts, Penguin, 1987

E a Vida Continua – Filme de 1993 baseado no livro And the Band Played On

The River: A Journey to the Source of HIV and Aids – Edward Hooper, Little Brown & Co., 1999

https://www.unaids.org – Unaids (Programa Conjunto das Nações Unidas sobre o HIV/Aids)

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