Boa notícia para os diabéticos e as pessoas que estão de dieta: é possível para esses grupos, sim, ingerir açúcar. “Desde que seja consumido de forma controlada, não deve haver problemas”, diz Dawn Jackson Blatner, doutora em nutrição e ciência dos alimentos do Instituto de Bem-Estar do Hospital Northwestern Memorial, em Chicago, EUA. Vale lembrar: o privilégio só vale para aqueles que estão seguindo à risca o tratamento (no caso da diabetes) e para os que não sofrem de obesidade. A Associação Americana de Diabetes e a Associação Europeia para o Estudo da Diabetes recomendam uma ingestão de açúcares e produtos açucarados não superior a 10% do valor energético total diário – para uma dieta de 2 mil calorias, o máximo seriam 50 gramas por dia ou pouco mais que 3 colheres (sopa).
“Não é só o açúcar que desencadeia o diabetes em pessoas com predisposição genética mas também a obesidade e o consumo exagerado de carboidratos simples (como pães, arroz e batatas), que são convertidos em glicose”, diz a endocrinologista Roberta Villas Boas, do Hospital 9 de Julho, em São Paulo. Vale lembrar que os carboidratos simples são absorvidos rapidamente pelo organismo, causando níveis altos de glicose no sangue, que se traduzem em um quadro de hiperglicemia. Portanto, o diabético não deve exceder a quantidade diária de carboidratos recomendada: 60 gramas em cada refeição principal (por exemplo, 2 colheres de arroz + 1 porção de batata frita) e 15 a 30 gramas nos lanches (um pão francês ou uma salada de frutas). Daí é uma questão de bom senso: se quiser saborear um doce, terá que abrir mão de alguma coisa – as batatas do almoço, por exemplo. Quem está de dieta não deve ultrapassar a medida de 30 gramas de açúcar por dia – no máximo duas colheres (sopa). “Quando consumido em grande quantidade, o açúcar deflagra uma série de reações bioquímicas no organismo, que podem levar à obesidade – e esta, à hipertensão, ao diabetes e outras doenças”, diz a endocrinologista.
O açúcar – a forma mais simples de carboidrato – ganhou ares de vilão no início nos anos 70, com o lançamento do best seller Sugar Blues. O autor, William Dufty, alarmou a sociedade ao chamar o alimento de “droga” e afirmar que ele teria um poder destrutivo tão grande quanto o álcool. A partir dos anos 90, uma série de estudos tratou de desmentir as teorias do autor, inocentando o açúcar. O único crime, dizem os especialistas, é o exagero. Nos EUA, estima-se que a ingestão média anual de açúcar seja de 67 quilos (ou 185 gramas diárias = 12 colheres de sopa) por pessoa. No Brasil, o índice chegaria a 35 quilos por pessoa por ano (96 gramas diárias = 6,5 colheres de sopa). Na hora de consumir, vale a pena levar em conta os diferentes tipos de açúcar (veja tabela abaixo).
Mascavo ou light?
As variações calóricas entre os diferentes tipos são pequenas. Mas há outras diferenças importantes
Refinado
É a sacarose pura, obtida do melado da cana-de-açúcar. No refinamento, as impurezas são eliminadas – e, com elas, as vitaminas e os sais minerais.
Mascavo
É o açúcar quase bruto, escuro e úmido, extraído depois do cozimento do caldo da cana. Como não passa pelas etapas seguintes de refinamento, conserva o cálcio, o ferro e outros sais minerais.
Invertido
Xarope feito do açúcar refinado. Usado no processo de produção de refrigerantes, biscoitos, sucos, sorvetes, molhos e doces em geral.
Light
Surge da mistura do açúcar refinado com adoçantes dietéticos, como o aspartame, o ciclamato, a sacarina e a sucralose, que quadruplicam o poder de adoçar da sacarose pura. Para você ter uma ideia, um cafezinho só precisa de 2 gramas de açúcar light para ficar doce, contra 6 gramas de açúcar comum.
Frutosa
Açúcar extraído das frutas e do milho. Sem precisar de nenhum aditivo, é cerca de 30% mais doce do que o açúcar refinado, mas também favorece o acúmulo de calorias, sem oferecer uma vitamina sequer.