Análise genética pode melhorar tratamento contra depressão
Mudança genética em enzima pode ser responsável por alta taxa de rejeição de medicamento
Um dos maiores calvários de pessoas diagnosticadas com depressão acontece durante o tratamento: muitas vezes é preciso trocar o remédio utilizado – seja por causa de efeitos colaterais agressivos ou pela pouca eficácia da medicação.
Um estudo conduzido pelo Instituto Karolinska, na Suécia, e publicado recentemente no The American Journal of Psychiatry, descobriu que a ineficácia de algumas medicações pode estar diretamente relacionada ao nosso código genético.
Uma das estratégias mais utilizadas para tratar a depressão envolve o uso de inibidores seletivos da recaptação de serotonina. Os remédios que utilizam este princípio ativo aumentam a concentração de serotonina ao inibir a recaptação dele nas células nervosas – e, com este efeito, melhoram o comportamento e humor das pessoas que sofrem de depressão.
Mas variações no gene que codificam a enzima CYP2C19 resultam em grandes diferenças nos níveis de escitalopram – um dos medicamentos antidepressivos da classe dos inibidores – em pacientes. A solução? Prescrever uma dose baseada na constituição genética de cada paciente.
A enzima CYP2C19 é a responsável por metabolizar esta medicação específica – e, em testes, 30% dos pacientes depressivos com alterações neste gene mudaram de remédios em um ano, enquanto apenas 12% de pacientes com um gene sem alterações fizeram esta alteração.
Esta descoberta pode ser mais uma aliada para tratar a doença que afeta 4,4% da população mundial, segundo dados da OMS de 2017; o Brasil é o país com o maior número de depressivos em toda a América Latina: são 11,5 milhões de pessoas sofrendo com este problema.