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Cérebro das mulheres é, em média, 4 anos mais jovem que o dos homens

Diferença na idade metabólica cerebral explicaria por que mulheres idosas sofrem menos com males como Alzheimer.

Por André Oliveira
8 fev 2019, 17h35

Você sabia que nem sempre a idade cronológica condiz com a maneira como nosso cérebro funciona? É possível que a massa cinzenta de uma pessoa de 70 anos seja equivalente à de alguém com 65, por exemplo – principalmente se for uma mulher.

Pelo menos é o que aponta um estudo publicado no periódico Proceedings of the National Academy of Sciencesna última segunda-feira (4). Segundo a pesquisa, o cérebro feminino chega a ser quatro anos mais jovem que o masculino.

 

Essa discrepância surge no início da vida adulta e permanece inalterada com o passar dos anos, até a velhice. Para fazer essa análise, os cientistas usaram a técnica da tomografia por emissão de pósitrons a fim de avaliar o fluxo de oxigênio e glicose nos cérebros de 121 mulheres e 84 homens, com idades entre 20 e 82 anos.

“O metabolismo cerebral muda de acordo a idade, mas o que nós notamos foi que boa parte da variação deve-se a diferenças de sexo”, disse ao jornal The Guardian o neurobiólogo Marcus Raichle, da Escola de Medicina da Universidade de Washington em St. Louis. Os pesquisadores ainda não sabem, no entanto, quais são as consequências desse fato.

Exames como o utilizado no estudo permitem mensurar o nível de um processo chamado glicólise aeróbica, muito intenso no desenvolvimento cerebral de bebês e crianças. Ele vai diminuindo com o tempo até se estabilizar em níveis bem baixos, após os 60 anos. Para definir as diferenças entre os sexos, os pesquisadores elaboraram um algoritmo que classifica a idade das pessoas com base nos resultados nas análises cerebrais.

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No caso dos homens, o programa indicou a mesma idade cerebral e cronológica, enquanto o cérebro das mulheres mostrou-se 3,8 anos mais jovem que suas idades reais. “O grande mistério é o porquê”, disse Raichle. “Talvez as mulheres já comecem com essa diferença e ela seja perpetuada a longo da vida.”

Quanto aos efeitos disso, ainda é preciso investigar mais a fundo se uma menor atividade metabólica em determinadas regiões da massa cinzenta aumentaria o risco de desenvolver perda de memória, problemas cognitivos ou doenças degenerativas, como Alzheimer. “Mas se a glicólise aeróbica for de alguma maneira protetora, e o cérebro perder algum elemento dela, isso poderia representar um problema”, destaca o pesquisador.

Mesmo que as causas, as consequências e o significado da constatação permaneçam um mistério, esses achados são um indício do motivo de vermos muito mais idosos homens com algum grau de déficit na cognição. “Pode ser a razão pela qual as mulheres não experimentam tanto declínio cognitivo em idades mais avançadas: seus cérebros são efetivamente mais jovens”, disse a radiologista Mani Goyal, autora principal do artigo.

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