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Covid-19: entenda o real tamanho do déficit de oxigênio em Manaus

Um cargueiro da FAB leva 6 mil m³. E balsas já levaram 50 mil m³ e 70 mil m³. Mas a cidade exige 76,5 mil m³ por dia.

Por Guilherme Eler
Atualizado em 18 jan 2021, 10h08 - Publicado em 15 jan 2021, 20h37

A alta no número de casos de covid-19 registrada no Amazonas nas últimas semanas conduziu a um colapso da saúde no estado. Hospitais estão superlotados, leitos de UTI vagos são raridade (a ocupação média supera os 90%) e pacientes morreram asfixiados.

A demanda por cilindros de oxigênio no Amazonas aumentou cinco vezes nos últimos 15 dias. Para abastecer todos os hospitais públicos e privados do estado seriam necessários, atualmente, cerca de 76,5 mil metros cúbicos (m³) diários do gás.

O volume necessário atualmente esbarra na capacidade limite da produção de empresas responsáveis pelo abastecimento da região. As três companhias que produzem oxigênio hospitalar no Amazonas (chamadas White Martins, Carbox e Nitron) têm capacidade de entregar, juntas, 28,2 mil m³ por dia – nem metade do solicitado. Ou seja: atualmente há um déficit diário de, no mínimo, 48,3 mil m³.

“Para simplesmente repor o oxigênio em um sujeito internado com um caso moderado, o consumo varia entre 1 e 5 litros [0,001 e 0,005 m³] por minuto”, disse Alberto Cukier, diretor de Serviço da Divisão de Pneumologia do Incor (Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da FMUSP), em entrevista à Super. Casos mais graves podem facilmente ultrapassar 60 litros por minuto.

Um paciente consumindo 5 litros por minuto usa 7,2 m³ do gás a cada 24 horas. Com 60 litros por minuto, o consumo alcança 86 m³ diários.

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O número de novas internações por Covid-19 em Manaus dobrou nas duas últimas semanas. Segundo dados atualizados na última quarta-feira (14), Manaus tem 1.126 pacientes com suspeita ou confirmação de Covid-19 na UTI pelo menos 427 pessoas aguardem vagas na UTI da rede pública e privada. Outros 2.567 estão em leitos de enfermaria, onde o oxigênio, por vezes, também é necessário. 

Para fins de comparação, a demanda por O2 durante no pico primeira onda da pandemia de Covid-19, entre abril e maio de 2020, foi de 30 mil m³ por dia. Em tempos normais, sem pico de internações, a média é de 17 mil m³ por dia.

Em nota, a White Martin disse ter informado ao governo do Amazonas, no dia 7 de janeiro, que não conseguiria suprir a demanda interna de oxigênio. E, segundo um procurador do Amazonas, o Ministério da Saúde também havia sido alertado quatro dias antes sobre a falta do recurso. 

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A resposta para a situação, no entanto, foi lenta. Como destacado pela BBC, a Secretaria Estadual de Saúde do Amazonas emitiu apenas na quinta-feira (14), uma notificação a 17 empresas, entre montadoras e produtoras de eletrodomésticos do Polo Industrial de Manaus, requerindo ajuda.

O pedido era para que as empresas cedessem um “eventual estoque” ou contribuíssem com a produção de oxigênio do estado. 43 mil m² já tinham sido doados por companhias até a terça-feira (12). Bom, mas ainda é menos que o déficit de um único dia. 

A falta de recursos é agravada pela dificuldade de acesso à Manaus, que centraliza todos os leitos de UTI do estado e, por isso, tem que absorver também a demanda do interior.

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A logística envolve transporte aéreo e fluvial. 50 mil m³ chegaram de balsa na última segunda-feira (11). 70 mil ³ estão chegando de Bélem, também de barco, neste sábado (16). Mas a maior parte da ajuda tem chegado em aviões que são mais rápidos, mas têm menor capacidade de carga. 

Entre a sexta-feira (8) e domingo (10), cargueiros da FAB transportaram 350 cilindros, que totalizam 27 mil m³ de oxigênio, entre Belém e Manaus. A capacidade máxima do Hércules C-130, cargueiro usado pelas forças armadas, equivale a 6 mil m³. Um carregamento assim chegou a Manaus na manhã desta sexta (15). 

Um Boeing comum leva, por viagem, cerca de 3 mil m³ de oxigênio. Aviões civis também estão fornecendo ajuda: “Os insumos estão sendo transportados ao longo da semana a partir da cidade de Guarulhos (SP) e chegarão a 22 mil m³ de oxigênio”, disse o governo do Amazonas, via assessoria de imprensa, nesta sexta-feira (15).

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A opção pelo oxigênio líquido costuma ser mais vantajosa em grandes quantidades, já que, nessa forma, o insumo ocupa um espaço menor nos aviões. Como destaca a Folha de S.Paulo, ao chegar aos hospitais, o líquido fica armazenado em cilindros. Quando é necessário, ele é vaporizado e vai para rede de distribuição do hospital.


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