Este site mostra como os principais vírus do mundo se espalham
A plataforma Nextstrain reúne sequenciamentos genéticos para rastrear os vírus da dengue, zika ou o novo coronavírus, por exemplo.
Enquanto o novo coronavírus se espalha rapidamente pelo planeta, pesquisadores de todo o mundo correm contra o tempo para sequenciar os genomas das diferentes linhagens do SARS-cov-2 – incluindo no Brasil, onde uma equipe publicou as análises da versão nacional do vírus em apenas 48 horas. Entender o código genético de um vírus é importante porque ajuda na busca pelas tão desejadas vacinas, e também para detectar mutações que eventualmente surjam.
Mas essas mutações também têm uma utilidade muito importante: elas permitem que tracemos a rota do vírus pelo mundo. Funciona assim: depois que um novo vírus surge entre humanos, ele começa a se espalhar e se mutar, formando “sub-grupos” do mesmo vírus. Quanto mais diferenças um representante do vírus tem de outro, mais distantes eles estão na árvore genealógica. Se forem parecidos, provavelmente surgiram no mesmo local – e assim sabemos de onde as infecções vêm.
No caso do vírus brasileiro, por exemplo, os pesquisadores encontraram um código genético muito parecido com o do coronavírus sequenciado na Alemanha, confirmando sua origem europeia (o paciente brasileiro foi infectado na Itália). Mas os genomas dos coronavírus dos dois pacientes brasileiros são diferentes, como provou este novo estudo.
É com essa premissa que a plataforma NextStrain funciona. Criado por jovens cientistas americanos, o site reúne uma grande base de dados de sequenciamentos genéticos de vários vírus, como os causadores da gripe, dengue, zika, ebola e o da COVID-19, atualizados em tempo real. Os estudos permitem identificar quais estirpes são mais próximas umas das outras, representadas em árvores genealógicas. E os dados são traduzidos geograficamente, mostrando como os vírus se espalham pelo mundo.
O objetivo é ajudar epidemiologistas, agentes de saúde e pesquisadores a entender melhor como as epidemias se espalham – e como contê-las. Não à toa, a plataforma recebeu, em 2017, o prêmio Open Science, que financia e apoia as melhores iniciativas científicas abertas e sem fins lucrativos dos Estados Unidos.