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Estudo associa perda de estatura em mulheres de meia-idade a maior risco de morte

De acordo com os pesquisadores, mulheres que perderam entre dois ou mais centímetros ao longo dos anos podem ter até 74% mais chances de falecer precocemente.

Por Carolina Fioratti
11 ago 2021, 16h49

Você já deve ter reparado, ao olhar álbuns de família, que os seus avós (ou mesmo os seus pais) pareciam mais altos quando eram jovens. Não é apenas uma impressão. A partir dos 40 anos de idade, é comum que os humanos comecem a perder estatura, seja pelo achatamento dos discos intervertebrais, que ligam as vértebras da coluna, por fraturas de compressão, em que os ossos da coluna enfraquecem e sofrem deformação (um fenômeno mais comum em idosos), ou mesmo por mudanças na postura. 

A perda de alguns centímetros pode até parecer inofensiva, mas pesquisadores da Universidade de Gotemburgo, na Suécia, mostraram que a história não é bem essa. Em um artigo publicado no jornal acadêmico BMJ Open, os cientistas constataram que a perda de estatura em mulheres de meia-idade pode estar associada a maior risco de morte.

Os pesquisadores utilizaram dados pré-existentes do Estudo Sueco de População Prospectiva de Mulheres em Gotemburgo (PPSW) e do projeto Monica (“monitoramento de tendências e determinantes de doenças cardiovasculares”), da Dinamarca. Com esses dados, foi possível comparar a mudança de estatura e a taxa de mortalidade de 2.406 suecas e dinamarquesas nascidas entre 1908 e 1952. 

As voluntárias passaram por duas medições de altura: uma no início dos estudos, quando as suecas e dinamarquesas tinham idade média de 47 e 44 anos, respectivamente; e outra rodada 10 a 13 anos depois. Após essa segunda medição, os cientistas continuaram monitorando as mulheres por mais duas décadas, e registraram detalhes sobre aquelas que vieram a falecer, como data e causa da morte. 

A equipe da Universidade de Gotemburgo concluiu que, no geral, as mulheres perderam em média 0,8 cm de altura entre a primeira e a segunda avaliação. Durante o período de acompanhamento, ocorreram 625 mortes, das quais 157 foram causadas por doenças cardiovasculares e 37 por Acidente Vascular Cerebral (AVC).

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Os pesquisadores constataram que a perda de 1 centímetro de estatura entre as mulheres estava associada a um risco de morte entre 14% e 21% maior, sendo consideradas todas as possíveis causas para o falecimento. O número subiu significativamente para aquelas voluntárias que perderam dois ou mais centímetros de estatura, chegando a 74%. 

Os cientistas também relacionaram o risco a problemas específicos, como doenças cardiovasculares e AVC. Um centímetro perdido equivale a um risco de morte por doenças cardiovasculares 21% maior. Quando a perda era igual ou superior a dois centímetros de altura, o valor mais que dobrava. A equipe explica que o aumento de risco de morte por derrame foi ainda mais expressivo, mas que a informação deve ser tratada com cautela, já que foram poucas as participantes acompanhadas nos estudos que faleceram devido ao AVC.

Os dados foram combinados a fatores como peso, tabagismo, ingestão de álcool, nível de escolaridade, estilo de vida, entre outros, e permaneceram constantes. Um ponto extra identificado pelos cientistas foi que mulheres que praticavam atividade física de alta intensidade com frequência eram menos propensas a ter perdas significativas de estatura – provavelmente devido ao aumento de força muscular, redução da perda óssea e postura mais ereta proporcionados pelos exercícios. 

O estudo é observacional, ou seja, a equipe não pôde estabelecer uma causa para as mortes e nem relacionar os problemas. De toda forma, os pesquisadores consideram que a perda de estatura pode funcionar como um alerta para outras doenças. Ao observar a diminuição da altura em suas pacientes, os médicos podem solicitar exames gerais e realizar acompanhamentos próximos para evitar o surgimento de maiores complicações maiores no futuro.

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