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Geladeira liberada

Características da antidieta, uma idéia de alimentação que vira os regimes tradicionais pelo avesso.

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 19h01 - Publicado em 29 fev 1992, 22h00

Gordinhos e gordinhas: joguem fora suas tabelas de calorias, suas balanças de banheiro e todos os livros de dieta. Cerquem-se de doces, chocolates, sorvetes, lasanha, e certifiquem-se de que nunca faltarão guloseimas na hora da fome. E acreditem: fazer dieta engorda. Esse aparente absurdo é a filosofia da antidieta, uma idéia em alimentação que vira os regimes tradicionais pelo avesso. Aplicada no Brasil desde 1987 pela psicóloga e psicanalista Elisabeth Wajnryt, a antidieta vai buscar no processo de seleção natural das espécies a justificativa para liberar a comilança.

“Durante a história da humanidade na Terra, a seleção natural preservou aqueles indivíduos que tinham mais condições de sobreviver a longos períodos de fome”, explica Elisabeth. “Esses eram justamente os que possuíam depósitos de gordura armazenada, e que durante a privação alimentar ficavam com o metabolismo mais lento, garantindo a subsistência por mais tempo.” Quando alguém resolve fazer uma dieta rigorosa, esse mecanismo desperta, e o corpo começa a reagir como se a inanição tivesse se instalado — ele não sabe se o sujeito não come porque não quer ou se está perdido no meio do deserto.

O resultado é uma faminta bola de neve. Como a comida é pouca, a queima de gordura é cada vez menor; o apetite então aumenta, e o organismo, instigado pela fome, vai aumentar ainda mais suas reservas calóricas. “É isso que faz com que as dietas engordem: armazenar gordura é um mecanismo de defesa da espécie humana”, ressalta Elisabeth. Quando o regime acaba, é como se uma mola comprimida fosse subitamente liberada, e vem então a gula. Por isso, segundo uma pesquisa da Associação Médica Americana, 98% dos fiéis seguidores de regime voltam depois a engordar todos os quilos perdidos, e alguns chegam a ganhar uns quilinhos extras.

A teoria da antidieta começou a nascer nos centros de pesquisa de dois institutos dedicados à mulher, o The Woman’s Therapy Center, em Londres, e o The Woman’s Therapy Center Institute, em Nova York. Foram eles as fontes do trabalho de Elisabeth Wajnryt, professora do Instituto Sedes Sapientiae, em São Paulo, que mantém contato também com pesquisadores da Escola paulista de Medicina. Entre eles está a bióloga Ana Lydia Sawaya, professora adjunta de Neurofisiologia e Fisiologia endócrina da Escola. Citando pesquisas científicas recentes, Ana Lydia acredita que a obesidade é um problema fundamentalmente genético, que não se resume a uma tendência à desregulagem de hormônios herdada dos pais. “A maioria dos estudos científicos recentes mostra que a incapacidade de manter um peso estável é defeito genético do sistema nervoso central”, conta Ana Lydia.

A solução proposta pela antidieta para o impasse entre a gula e a silhueta é simples, e ao mesmo tempo inovadora. Basta comer quando se tem fome, comer o que se tem vontade e parar de comer quando estiver satisfeito. A questão é saber separar a fome do estômago daquela originada da simples gula ou do excesso de ansiedade. “Se você tem vontade de comer um pudim de leite”, exemplifica Elisabeth, “isso significa que os sensores do seu cérebro estão dizendo ‘o nível de açúcar está caindo’ e ‘você precisa de proteína de leite”. Como pudim engorda, a consciência da balança manda comer bife com salada. O organismo recebe o alimento mas não entende, e continua a pedir açúcar e leite. Cedo ou tarde o sujeito que passou a noite sonhando com o pudim de leite vai atacar um chocolate branco como se fosse o último alimento da Terra, e comer muito mais do que se tivesse atendido ao primeiro pedido do organismo e comido algumas colheradas de pudim. “Nosso corpo tem uma inteligência própria e uma profunda capacidade de entrar em equilíbrio”, defende Elisabeth. “Só precisamos dar-lhe uma chance.”

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