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Há 5 vezes mais pesquisas sobre impotência do que sobre TPM

Detalhe: 9 a cada 10 mulheres sofrem de TPM - mas só 1 em 5 dos homens têm disfunção erétil.

Por Helô D'Angelo Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 7 mar 2017, 15h12 - Publicado em 19 ago 2016, 15h30

Impotência sexual é o equivalente da TPM para os homens… Certo? Não exatamente. Enquanto 90% das mulheres sofrem de algum dos 150 sintomas relacionados ao ciclo menstrual, só 19% dos caras têm – ou dizem ter – disfunção erétil. Mas, mesmo com números como esses, os estudos científicos focam muito mais no problema dos homens, deixando a TPM de lado.

Em uma pesquisa rápida no ResearchGate – uma rede de compartilhamento de artigos científicos -, dá para notar que os títulos sobre disfunção erétil são cinco vezes mais comuns que os que falam de tensão pré menstrual. Isso é preocupante, porque a TPM é um problema que atrapalha grande parte da vida das mulheres: alguns sintomas incluem enxaquecas, quadros depressivos, ansiedade, dores físicas fortes e indisposição.

Geralmente, os estudos científicos sobre saúde ajudam a melhorar tratamento. Só que, como não há pesquisas sobre a tensão pré menstrual, não há avanços nesse sentido – para dar uma ideia, hoje, 40% das mulheres não respondem aos tratamentos que existem para a TPM. Entre elas, algo entre 5% e 8% experimentam uma coisa chamada Transtorno Disfórico Pré Menstrual (TDPM), uma tensão pré menstrual fortíssima que leva 15% de suas portadoras a tentar suicídio – e que frequentemente é confundida com doenças mentais, como o transtorno bipolar.

O silêncio da comunidade científica é preocupante. Faz tempo que sabemos da existência da TPM – ela foi descrita pela primeira vez em 1931, pelo ginecologista Robert Frank. Antes desse cara, os dias de terror na vida das mulheres eram vistos como sintomas do que se entendia como a histeria (uma doença que, supostamente, se originava no útero e deixava as mulheres emocionalmente instáveis e irracionais). Mesmo depois dos estudos de Frank, a coisa não melhorou muito: o conselho do ginecologista para as mulheres que sofriam de TPM extrema era remover os ovários ou o útero.

Parece uma prática medieval, né? Mas, de lá pra cá, pouca coisa foi descoberta sobre a TPM – e até hoje, ninguém sabe exatamente o que causa a tensão. Por isso, a remoção do útero continua sendo feita em casos extremos, tudo por causa da falta de estudos sobre o assunto. Sem pesquisas, fica difícil para os médicos compreenderem mais sobre o transtorno – tanto é que, em alguns casos, a ciência chega a negar a existência da TPM, simplesmente porque há pouca investigação sobre ela.

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Foi o que aconteceu com a psicóloga Kathleen Lustyk, da Universidade de Washington. Em entrevista publicada no ResearchGate, ela conta que teve problemas para estudar a TPM porque seus revisores sugeriram que o transtorno era “apenas um produto da nossa sociedade, que acabou transformando um processo natural em uma coisa negativa e, por causa de sua previsibilidade mensal, leva ao sofrimento antecipado”. A disfunção erétil, aponta ela, também pode estar ligada a fatores culturais, psicológicos e emocionais – mas, mesmo assim, as pesquisas sobre isso são cinco vezes mais frequentes, e as “curas milagrosas” para a impotência aparecem até em comerciais de TV.

Mas não é só o descaso científico que dificulta a compreensão da TPM. Mesmo para os cientistas que se interessam pelo tema existe um obstáculo grande: a tensão pré menstrual não é igual em todas as mulheres. Na verdade, os sintomas podem mudar de mês para mês na mesma mulher, e variam entre dores físicas, baixa imunidade, alterações de humor, variações do apetite e dezenas de outros males. Algumas TPMs são mais fortes, outras mais fracas; algumas mais longas, outras mais curtas – não há um padrão.

Só muito recentemente, em julho de 2016, a Sociedade Internacional de Distúrbios Pré Menstruais (um grupo de pesquisadores e médicos que estudam o problema) estabeleceu um padrão para o diagnóstico da TPM. Se a gente lembrar que a TPM foi “descoberta” há mais de oito décadas, surpreende muito que só agora esse tipo de atitude esteja sendo tomada.

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